O Plenae Apresenta a história de Pai Denisson e Mãe Kelly, que cruzaram seus caminhos pela força do amor e da fé
12 de Agosto de 2024
Há muito
nessa vida que não escolhemos de forma arbitrária, apesar de achar que sim. A
espiritualidade, muitas vezes, é parte desses caminhos que somos levados sem
entender direito o porquê, apenas sentindo uma pulsação muito intensa dentro de
nós.
Foi assim
que aconteceu para Pai Denisson e Mãe Kelly, os representantes do pilar
Espírito e que abrem a décima sexta temporada do Podcast Plenae. Ele, filho de
pais completamente afastados da religião, mas que toparam o levar a um centro
espírita respeitando o pedido de um Denisson ainda pequeno. Ela, filha de uma
católica tão fervorosa que quase se tornou freira, decisão que faria com que
Kelly sequer tivesse nascido, e que seguiu por muito tempo os caminhos do
cristianismo.
Ambos
chegaram a um terreiro umbanda por motivações diferentes, mas sentiram o mesmo
acolhimento e fagulha interna ao primeiro contato. “Eu sentei num banquinho de madeira e senti a
espiritualidade à minha volta. Senti uma explosão de paz e alegria dentro de
mim. Pela primeira vez, todas aquelas manifestações que aconteciam comigo desde
criança fizeram sentido. E a umbanda me completou naquele momento e me completa
até hoje” conta Kelly.
Para
Denisson, é sobre tudo que a umbanda representou de cara para ele, que já vinha
trabalhando a sua mediunidade. “A umbanda me encantou pela maneira como eu fui
acolhido pelo terreiro. Nunca me perguntaram qual era a minha profissão, quanto
eu ganhava. Nunca pediram nenhuma contribuição. Eram pessoas muito simples, que
me colocaram debaixo da asa, sem querer nada em troca. Era um altruísmo puro.
Eu me senti visto como um ser humano, e esses valores me preencheram”, pontua
ele.
Desde então,
ambos dedicam sua vida a explorar também outras formas de espiritualidade,
viajando o mundo em busca de conhecimento em templos e com sacerdotes do
budismo, islamismo, xintoísmo, catolicismo, judaísmo, espiritismo e povos
originários. Para eles, essa vivência trouxe o senso de que as religiões tinham
sinergia com a umbanda, e em vários lugares eles relatam terem recebido sinais
de que havia um caminho espiritual para ser trilhado.
O resultado
de toda essa pesquisa é o Instituto CEU Estrela Guia, fundado pelo casal em
2015. “Desde o primeiro dia, em nosso espaço sagrado, conhecido como terreiro,
buscamos o equilíbrio entre mente e coração, entre razão e emoção e entre
pensar e sentir, com o compromisso de buscar e compartilhar conhecimento. (...)
O trabalho social faz parte de todas as atividades do Instituto através da
distribuição de alimentação de pessoas em vulnerabilidade alimentar e social.
Hoje a gente doa diariamente comida para cerca de mil pessoas em situação de
rua e comunidades carentes. Já chegamos a distribuir 3 mil marmitas em um dia”,
conta Kelly.
Outros
trabalhos ainda são desenvolvidos por lá, como cursos de culinária e de
reaproveitamento de alimentos para pessoas em vulnerabilidade social e
alimentar; desenvolvimento do corpo mental por meio dos cursos de Teologia da
Umbanda; desenvolvimento do corpo espiritual, através dos ritos das Giras;
vivências com ervas e cristais; ritual para realização de trabalhos espirituais
por meio de médiuns incorporando entidades. defumação do ambiente, saudações
aos Orixás e as Entidades; Sacramentos da Umbanda, como o batismo, casamento e
rito fúnebre e outros rituais.
Os caminhos
futuros dessa dupla tão grandiosa em influência e generosidade você confere
ouvindo o episódio completo, disponível aqui ou no Spotify. Abra seu coração e
receba esse relato sem julgamentos, somente com amor. Aperte o play e
inspire-se!
O Plenae Apresenta a história do médico Drauzio Varella, participante da nona temporada do Podcast Plenae!
19 de Setembro de 2022
Preencher seus dias com significado deveria ser regra para todos nós, mas infelizmente, o propósito ainda não encontrou seus destinatários e muitos morrem sem ter conhecido o seu. O médico nacionalmente conhecido, Drauzio Varella, encontrou o seu a tempo - para sua sorte e de todos atendidos pelo seu trabalho.
Não por acaso, ele encerra a nona temporada representando o pilar Propósito contando como seu caminho cruzou com os corredores da penitenciária. Tudo começou nos anos 80, quando o HIV ainda sofria o triste estigma de ser a “doença dos homossexuais”, o que hoje sabemos se tratar de uma compreensão equivocada e preconceituosa.
Durante a epidemia de Aids, Drauzio esteve em um congresso em Estocolmo onde viu pela primeira vez a frase de Dante Alighieri: “No inferno, os lugares mais quentes são reservados àqueles que escolheram a neutralidade em tempos de crise”. Essas palavras ficaram ecoando em sua mente e o fizeram refletir sobre seu futuro: seus netos se orgulhariam de seus passos?
Essa e outras angústias foram divididas com seu amigo, Fernando Vieira de Mello, que decidiu gravar tudo que o amigo dizia e publicar sem que ele soubesse. O que parecia seu fim, já que médicos respeitados na época não costumavam falar com o público e nem com veículos, foi na verdade seu começo.
A partir dessa entrevista publicada na Rádio Jovem Pan, ele foi convidado para o Fantástico - que seria sua casa no futuro, fato que ele ainda nem imaginava - e, por fim, para dar uma palestra sobre o tema HIV na Casa de Detenção de São Paulo, popularmente conhecida como Carandiru. “Aquele lugar era praticamente uma cidade, com vários pavilhões que chegaram a abrigar 9.000 homens presos”, recorda.
A palestra foi um sucesso, mas as próprias autoridades não queriam tomar medidas para conter o vírus nos passos seguintes. A visita à cadeia tomou tanto conta do seu ser que ele não queria mais parar, não pensava em outra coisa, e mesmo sua mulher relatou nunca ter o visto tão calado. Na época, ele tinha 47 anos e uma carreira consolidada como oncologista.
“Vem da infância a minha atração por filmes de cadeia. Eu adorava assistir aos filmes de presidiários que planejavam fugas cinematográficas, nas salas de cinema do Brás, o bairro onde eu cresci. A mesma tensão que me eletrizou no cinema tomou conta de mim quando eu entrei na Detenção. O bater das portas de ferro, os guardas com metralhadora na muralha, os presos de calça cáqui soltos nos pátios, os carcereiros, os doentes com aids em fase terminal não me saíam da cabeça nas semanas seguintes. O impacto do Carandiru em mim foi enorme”, conta.
No Carandiru, ele permaneceu até sua implosão, no triste episódio do massacre em 1992. Depois disso, foi para uma penitenciária feminina, onde contou que teve que reaprender tudo que sabia de cadeia, já que a realidade entre as mulheres era completamente diferente.
“Na cadeia, eu aprendi o que era realmente a condição feminina. Entendi o massacre que a sociedade brasileira faz com as mulheres, especialmente com as mais pobres, mas não só com elas. Entendi que algumas mulheres só têm liberdade sexual na cadeia. Olha a contradição. É que na prisão, ela pode fazer o que ela quiser. Pode namorar outra mulher, pode fazer o papel de marido e a outra faz de mulher, pode cortar o cabelo feito o homem, pode deixar os pelos do corpo crescerem. Não tem repressão”, diz.
Na penitenciária feminina ele permaneceu até 2020, quando começou a pandemia. Agora, em 2022, ele retornou aos presídios, mas dessa vez o masculino novamente: o Centro de Detenção Provisória do Belém, na zona leste de São Paulo. Ele hoje se dedica somente ao seu trabalho voluntário e como comunicador, na Rede Globo, sobre assuntos médicos. Largou de vez sua clínica particular.
“Hoje, eu agradeço a clarividência e a determinação que eu tive aos 47 anos de idade ao enveredar por esse caminho. Impossível imaginar quem eu seria agora se não fosse o contato com esse mundo que transformou a minha vida pessoal, a forma de entender a sociedade, o país e as paixões humanas”, revela.
Para ele, sua experiência com presos e presas o fez enxergar a vida de forma diferente, conviver com pessoas de realidades e crenças tão distintas da sua é na verdade algo que o enriquece diariamente como indivíduo, movimento que ele acredita que deveria ser comum para todos, entrar em contato com o diferente.
“A nossa tendência é sempre conviver com os iguais, com pessoas parecidas com a gente. Se possível da mesma faixa etária, classe social, situação financeira e candidato à presidência da república. Quando você está entre os seus semelhantes, tem segurança de que não vai acontecer nada desagradável. O que é ótimo, claro. O problema é que você começa a ver a realidade no mesmo ângulo o tempo inteiro. As pessoas vão te falar coisas com as quais você concorda e, inclusive, já sabia. Você perde espaço pro contraditório, pro desencontro, para outras formas de enxergar a realidade. As consequências são a perda da empatia, o desinteresse pelo outro, o conformismo e o medo de mudanças. A cadeia é uma experiência tão enriquecedora, que eu não consigo ficar sem ela”, pondera.
Aos 79 anos, ele nem pensa em parar, não consegue se projetar em uma situação onde ele esteja parado, sem produzir. O que a idade lhe trouxe, na verdade, é a vontade de escolher o essencial, de fazer somente o que lhe traz sentido e alegria. “A vida só vale a pena quando está preenchida de ideias e projetos. Idade não pode ser impeditivo para fazer ou deixar de fazer algo. Se você tem força física, disposição e habilidade, é só tocar pra frente”, concluiu.
E você, como enxerga seus dias e sua longevidade? Acredita que seus dias sejam preenchidos com sentido? Inspire-se nesse episódio que é a despedida da nona temporada do Podcast Plenae. Aperte play por aqui ou no seu streaming favorito. Até a próxima!
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