#PlenaeApresenta: mudar é possível, por Claudia Feitosa-Santana

De arquitetura e engenharia para a neurociência: como a pesquisadora revolucionou sua própria vida e seguiu os caminhos do coração para os caminhos do cérebro

13 de Agosto de 2022



A nona temporada do Podcast Plenae está para começar! Com ela, você já sabe, novas possibilidades de mergulhar para o que há de mais profundo em cada um de nós. Para somar ainda mais, as reflexões dessa temporada serão conduzidas pela neurocientista Claudia Feitosa-Santana. Apesar de amplamente conhecida pelo público, poucos conhecem os caminhos prévios da pesquisadora antes de entrar de cabeça no mundo da neurociência. Antes de se dedicar aos estudos das estruturas cerebrais, Claudia se dedicava a outras estruturas: as de concreto. Arquiteta e engenheira de formação, foi em um momento de depressão que ela resolveu radicalizar sua vida e mudar de carreira - que como sabemos, é tarefa difícil, mas não impossível. Foi em 2003 que Claudia resolveu fazer um mestrado em Psicologia na Universidade de São Paulo, emendando na sequência um doutorado em Neurociências e Comportamento na mesma instituição. Um passo levou ao outro e depois a outro e, lentamente, ela foi construindo essa carreira consolidada e reconhecida de hoje. “Foram tantos pontos altos na minha trajetória, mas eu destacaria a minha experiência em Chicago, que durou 7 anos e 7 dias. Começou com o convite para o pós-doutoramento na University of Chicago e depois para ser professora na The School of The Art Institute of Chicago”, comenta.  Projetos Com tanta dedicação a sua nova jornada, era de se esperar que não faltassem projetos em sua conta. Claudia tem em seu lattes diversas publicações científicas internacionais e passagens pelo Hospital Israelita Albert Einstein como pesquisadora e professora em diversas instituições como Fundação Dom Cabral, Casa do Saber e Universidade Federal do ABC. Ainda como docente, além de sua passagem pela The School of The Art Institute of Chicago, ela também foi professora na Roosevelt University e Chicago State University, ambas nos Estados Unidos, e na Università Degli Studi di Firenze, na Itália. Mas, quando questionada sobre qual projeto ela se orgulha mais, a resposta é imediata: são dois, seu programa na CBN e seu novo livro.

“O programa semanal na CBN, chamado 'Com Ciência no Cotidiano' que iniciei recentemente. Mas também tenho carinho especial pelos meus projetos em neuroestética e neuroeconomia, sendo o primeiro com cores e o segundo sobre a (des)honestidade brasileira que ainda estou em fase de análise de dados”, diz.

Um destaque importante sobre Claudia é sua acessibilidade. Mais do que mergulhar em temas complexos e, muitas vezes, distantes do internauta, ela se lança a temas modernos sem abdicar da mesma profundidade. “Viralizei algumas vezes com explicações científicas sobre o viral do #thedress, a famosa foto de um vestido cuja cor variava conforme a percepção de cada um. Fui a única brasileira com estudo científico a respeito. Também me orgulho de ser uma das primeiras cientistas a explicar sobre o impacto do coronavírus em um vídeo que viralizou e elucidou a questão a milhões de pessoas ainda no início de tudo”, enumera.  Novo livro Em novembro de 2021, aos 51 anos, Claudia alçou mais um novo voo e publicou “Eu Controlo como me Sinto”, pela editora Planeta. Seu objetivo com a obra é ensinar como você pode construir uma vida melhor por meio da ciência - mais uma vez democratizando saberes que antes eram tidos como inacessíveis. A neurocientista defende que “não há ninguém responsável pelo emaranhado de sentimentos que carregamos além de nós mesmos, ainda que outra pessoa tenha provocado situações negativas”, como pontuou em entrevista ao jornal gaúcho Zero Hora. No livro, você encontrará explicações detalhadas e didáticas sobre o funcionamento da nossa mente, desde o surgimento de uma emoção até sua transformação em sentimento. É por meio desse verdadeiro “manual” que ela instiga o leitor a se apropriar de seus sentimentos, unindo o que nós mesmos separamos, a emoção e a razão. “Emoção e sentimento correspondem a dois estágios do nosso processamento emocional. A emoção é o que vem primeiro e se refere ao que acontece no corpo, ao nosso estado físico (...) E o que é o sentimento? É a junção dessas emoções com a razão. Ou seja, você precisa de razão e emoção para entender como se sente. É por meio da razão que você interpreta suas emoções, ou seja, o que acontece no nosso corpo. O sentimento é o que você vai nomear de tristeza, raiva, indignação, incômodo, felicidade, esperança”, diz ela. Segundo Claudia, precisamos da razão para interpretar nossas emoções, e dos sentimentos e das emoções para fazer boas escolhas “racionais”. “No fundo, está tudo ligado. Nós é que temos mania de separar”, diz. O livro serve como um guia para que você aprenda não só a nomear melhor o que está sentindo, mas dar um destino mais honesto e assertivo também para suas percepções, conversas, relacionamentos, decisões. Podcast Essa é a primeira vez de Claudia Feitosa-Santana aqui no Plenae, mas sua estreia é logo em posição de destaque, como condutora das reflexões da nona temporada. Para ela, que ainda não conhecia o projeto, “cada reflexão foi um desafio gigantesco e ao mesmo tempo extremamente prazeroso”. Prepare-se para esse mergulho! Fique ligado, a nona temporada está mais perto do que nunca.

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#PlenaeApresenta: Rene Silva e o poder da comunicação

O Plenae Apresenta a história de Rene Silva, que fez da comunicação o seu ofício, o seu propósito e uma plataforma para tantos outros.

26 de Agosto de 2024



Você deve ter crescido acostumado a ver noticiários na TV, jornais, revistas e, na última década, redes sociais – tudo isso sem grandes problemas ou dificuldades para acessá-los ou se ver ali representado, certo? Mas essa não é a realidade de todas as pessoas do mundo, sequer do Brasil.

No quarto episódio do Podcast Plenae, conhecemos a história de Rene Silva, representante do pilar Propósito, mas também representante de toda uma comunidade. Isso porque, graças à sua iniciativa “Voz das comunidades”, moradores de diferentes complexos cariocas hoje podem contar com uma plataforma que amplie suas reclamações, seu cotidiano e, por que não, suas conquistas.

Mas, para entender essa história, é preciso conhecer um pouco mais do passado de Rene que, assim como muitas crianças carentes, viram na escola um refúgio. “A minha família morava bem no alto do morro, e dava para ver os rastros dos tiros atravessando de um lado pro outro. A gente tinha que chegar em casa cedo e fechar tudo para diminuir o risco de morrer. Mesmo assim, de vez em quando, alguma bala perdida entrava em casa. (...) O melhor refúgio pros meus sonhos era a escola pública que eu frequentava. A diretora e os professores conseguiram criar um ambiente acolhedor pros alunos, apesar do entorno violento”, relembra.

Nessa mesma escola, os alunos do Ensino Médio eram encarregados de cuidar da rádio e do jornal, ambos comunitários. Rene, de tanto insistir e por demonstrar um interesse tão espontâneo, se tornou o colaborador mais jovem, aos 11 anos de idade. Foi ali que a primeira sementinha da comunicação começava a ser plantada.

“Aquela atividade me fez começar a enxergar várias coisas que eu não notava antes. Eu passei a perceber os problemas sociais no caminho de casa pra escola e da escola pra casa. Tinha esgoto a céu aberto, rua sem asfalto, poste sem iluminação, campo de futebol que precisava de reforma, pracinha em mau estado… não faltava assunto. Era o tipo de coisa que, se acontecesse no Leblon, ia aparecer na TV e nos jornais. Mas, numa favela, a grande mídia não dava a menor bola, e o poder público, menos ainda”, pontua. 

Depois de apenas três meses contribuindo pro jornal da escola, veio o jornal comunitário. A primeira versão do que seria todo o seu futuro foi uma folha de papel A4 dobrada. Cada edição tinha quatro páginas e foi feita graças a ajuda da diretora, que conseguiu um computador usado, uma impressora e uma máquina fotográfica.
 
“Eu escrevia os textos, tirava as fotos, diagramava as páginas, imprimia o jornal e distribuía os exemplares pelo bairro”, diz. E assim nasceu o Voz da Comunidade, ainda tímido e no singular, mas com um longo caminho pela frente e que já apresentava retorno, acelerando melhorias que antes levavam 3 meses e passaram a levar 3 semanas.

A virada de chave partiu, infelizmente, de um acontecimento intenso: em 28 de novembro de 2010, 3.500 homens da Polícia Civil, da Polícia Militar, da Marinha e da Polícia Federal ocuparam o Complexo do Alemão em cenas que marcaram o noticiário nacional e rodaram o mundo todo. Mas, novamente, ninguém olhava para o entorno daquele acontecimento, ou seja, a população que assistia de perto o acontecimento e temia pela sua própria vida.

“As pessoas no Brasil inteiro queriam saber como estava a vida dentro da comunidade, e eu comecei a postar as notícias no Twitter, na conta do Voz. Eu escrevia coisas do tipo: ‘Nesse momento, as escolas e as creches da comunidade pararam de funcionar; o ônibus parou de circular; o comércio fechou’. A cobertura da mídia estava muito focada nas apreensões de drogas, nas mortes, essas informações que as autoridades passam. Mas eu estava reportando o impacto daquela operação no cotidiano de milhares de pessoas que moravam ali e não conseguiam sair para trabalhar ou voltar pra casa. A situação estava cada vez mais tensa dentro da comunidade. E eu tinha acesso a informações exclusivas, que a grande mídia não tinha”, diz.

De uma hora para outra, Rene ganhou milhares de seguidores por ter virado narrador em tempo real daquela megaoperação. Quando os jornalistas descobriram que ele tinha apenas 16 anos e tinha um jornal, eles começaram a chamar Rene a todo o tempo, e ele virou uma espécie de correspondente de guerra. 

Depois disso, as barreiras da comunidade foram rompidas e a grande mídia se tornou parceira do jornal Voz das Comunidades, agora já no plural. As redações dos jornais, das rádios e das TVs começaram a abrir espaço para assuntos que aconteciam dentro das favelas, não focando só nos problemas, mas para as notícias boas também.

“O Voz cresceu e construiu uma credibilidade nesses anos. Se a gente der uma notícia sobre o Complexo do Alemão, os portais vão publicar imediatamente, porque confiam no que a gente fala. As pessoas sabem que a gente apura as notícias e faz um trabalho muito sério. Com o tempo, a gente construiu uma equipe de jornalismo que apura o que tá acontecendo e descobre se uma informação é verdadeira ou não”, explica.

O resto da história você conhece não só no nosso episódio completo, mas também acompanhando o trabalho que ele e outros tantos fazem e contribuem para dar visibilidade aos que menos tiveram e que mais merecem nos tempos atuais. Aperte o play e inspire-se!

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