#PlenaeApresenta: Marília Costa e a releitura de seu corpo

O Plenae Apresenta a história de cura e amor de Marília Costa, representante do pilar Corpo.

6 de Dezembro de 2024



Como ressignificar suas próprias feridas? Cada processo será individual, é claro, e hoje mergulhamos no processo de Marilia Costa, a representante do pilar Corpo na décima oitava temporada do Podcast Plenae. Mais do que superar o câncer de mama precoce, ela ressignificou uma cicatriz que antes representava morte e hoje representa vida. 

Foi aos 28 anos, no auge de sua carreira como bailarina, que ela sentiu algo incomum em seus peitos. Por ser jovem, saudável e sem histórico familiar, ela não pensou que de fato pudesse ser algo, mas resolveu investigar depois de uma colega sentir um nódulo rígido na região das mamas. E o laudo do exame não mentia: carcinoma ductal invasivo.

“A gente chegou no consultório e eu lembro que a médica ficou com lágrimas nos olhos quando viu o laudo. Ela disse: “Olha, dar essa notícia pra uma mulher tão jovem é difícil, mas eu preciso te dizer: você está com câncer.” A minha mãe e minha amiga estavam ao meu lado e colocaram a mão em meus ombros. Eu não sei explicar, mas eu não fiquei tão abalada na hora. Eu falei: “Tá bom. O que que eu tenho que fazer agora?”. Eu tive uma força tão grande, que até eu fiquei surpresa, porque não era o meu padrão. Eu era uma pessoa frágil. Eu sou muito magra, a imunidade sempre baixa. E emocionalmente também eu me sentia frágil. Mas naquele momento essa fragilidade desapareceu. E nunca mais voltou”, relembra.

Na cirurgia de remoção, a parte central da mama esquerda, incluindo o mamilo, foi removida. Depois, uma bateria de tratamentos que resultaram em 10 meses de montanha russa “física e emocional”, como a mesma classifica. “Quando eu estava bem, eu estava muito bem. É curioso, mas talvez nesse período eu tenha vivido os dias mais felizes da minha vida. A consciência da finitude me mostrava que aqueles momentos eram muito preciosos”, conta.

Seu medo maior não era nem exatamente de morrer, mas de nunca mais voltar a dançar. Ela lembra que chegou a tentar retornar para um ensaio durante o tratamento e, ainda no aquecimento, já se sentiu muito cansada. Mesmo após o final de todas as sessões de quimioterapia e radioterapia, ela ainda se manteve tomando medicações fortes - e com potencial abortivos - por sete anos e em uma menopausa induzida. 

Foi aos 36 anos que, já em um relacionamento, seus sentimentos maternos começaram a aflorar e a possibilidade de engravidar entrou em seu horizonte. Por tudo que tinha passado e submetido o seu organismo, ela sabia que seria difícil gestar, mas isso não era necessariamente um problema - em seus horizontes e leques de possibilidades, a adoção era um caminho possível e bem-vindo. 

“Quando o médico me liberou pra começar as tentativas, eu engravidei no primeiro mês! Foi uma surpresa imensa, era um indício que meu organismo estava saudável e pronto para gerar um bebê, parecia inacreditável. E só então eu senti no meu coração o desejo forte de gestar. Pela primeira vez, eu me imaginei com um bebê nos braços”, diz. O que ela não imaginava era que o sonho seria interrompido. 

Na oitava semana, Marília soube que a sua gestação era anembrionária, ou seja, quando um óvulo fertilizado se implanta no útero, mas o embrião não se desenvolve. Sem falar que os exames de imagem mostravam a possibilidade de uma gestação molar, que é quando o saco gestacional se transforma em um tumor maligno. O risco de um novo câncer era real - e assustador. 

Seis meses depois, uma nova gravidez, um novo aborto, dessa vez uma gravidez química, uma condição em que o óvulo é fecundado, mas o embrião não se implanta no útero. “Eu estava fazendo tudo que estava ao meu alcance. Acompanhamento nutricional pra melhorar a qualidade dos óvulos, meditação, corrida, ioga... E o que estava acontecendo? Era a vida, mais uma vez, me mostrando que eu não tinha controle de nada”, diz. 

No mesmo dia em que recebeu a notícia desse aborto, ela se apresentaria como bailarina em seu novo espetáculo solo, chamado “Inquieta Razão”. Nele, ela narrava de forma poética toda sua história com a doença. "Eu estava a caminho do teatro quando eu decidi que aquela seria a última apresentação do solo. Eu não queria mais me envolver emocionalmente e fisicamente com aquela memória. E eu acho que essa foi uma das minhas melhores performances, expressei tudo que estava sentindo, raiva, frustração, medo, angústia e também concebi em cena que o câncer era um capítulo encerrado em minha vida”.

A fertilização in vitro começou a ser sugerida, caminho que para ela, entusiasta da adoção, não fazia sentido. Em um treino de corrida, sentindo um cansaço extremo, ela começou a mentalizar “estou gestando o meu bebê”. E estava. Uma semana depois, mais um teste positivo, mas dessa vez com a sensação diferente, de que era pra valer.

Tainã nasceu saudável e a surpresa maior viria na sequência: mesmo com tudo que tinha enfrentado, ela era capaz de amamentar, não só o seu filho como doar para outras mães também. Suas mamas, que antes representava morte, hoje jorrava vida. Para se emocionar com o resto dessa história, ouça o episódio completo, disponível aqui no site ou no seu Spotify. Aperte o play e inspire-se!

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Entrevista com

Adriana Coelho Silva

Fundadora do Canal Viva a Coroa

Como encontrar inspiração em si mesmo?

2 de Fevereiro de 2020



Como Adriana Coelho Silva, de 54 anos, fez da sua própria experiência do envelhecer uma inspiração para outros milhares de seguidores? Conheça um pouco mais sobre a voz por trás do canal Viva a Coroa.

Conte um pouco para a gente sobre o seu canal. Sou quem idealizou e quem escreve até hoje no portal Viva a Coroa, que hoje já conta com 34 mil seguidores no Instagram e 130 mil seguidores no Facebook. A marca Viva a Coroa também deve ganhar site em breve, e se tornou uma coluna da revista Vogue. 

Como nasceu a ideia do Viva a Coroa? Sou designer de interiores, atuei bastante na área até que me aposentei. Quando essa fase chegou, decidi fazer um curso de fotografia no exterior, morei 3 meses sozinha na Califórnia nesse meio tempo. Foi quando senti os primeiros sintomas da menopausa e todas as questões da idade batendo. Minha ideia era criar um canal para fotografar mulheres da minha idade, dar visibilidade a elas. Ainda tenho esse plano, mas comecei a desenvolver alguns conteúdos, pautados no que eu estava sentido no momento. Percebi, principalmente que há uma tendência em falar mais na estética, mas não existe muita gente falando sobre assuntos necessários e até mais desagradáveis, mas bem importantes. Acabou que o resultado foi rápido e super positivo. Decidi ir adiante. 

Como você acredita que o seu conteúdo influencia seu público? O conteúdo do Viva Coroa é bem denso, então além das colunas da Vogue que são replicadas no Viva Coroa, também tem pelo menos duas vezes por semana algum conteúdo de densidade maior no próprio negócio. Acredito o humor e a leveza são muito importantes para essa idade, não gosto de deixar tudo pesado, mas também não gosto de deixar só bobagenzinha. Escrevo desde incontinência urinária e secura vaginal até perda de energia, flacidez e saúde mental. Não inventei a roda, é claro, mas às vezes a pessoa escreve “era exatamente o que eu precisava ler hoje”, seja em um quote de incentivo ou em uma sugestão de filme, São diversos os temas que afetam as pessoas. 

Saúde mental é uma pauta bem importante. Como você lida com a sua própria e como passa isso para os seus leitores? Faço terapia há mais de 20 anos, acho importantíssimo, o melhor investimento que se pode fazer é cuidar da cabeça, porque às vezes algumas pessoas se perdem tentando mudar na estética uma coisa que elas nem percebem que está errada dentro, mas não conseguem identificar o que ou como mudar. Começam a se mudar por fora, tudo de forma inconsciente, mas numa expectativa de mudar o interno. É fundamental cuidar da saúde mental para lidar com questões inevitáveis. 

Quais questões, por exemplo? Do auto reconhecimento ao se olhar no espelho, das mudanças de ciclos, ver um filho saindo de casa, por exemplo. Ou ver seus pais envelhecerem, que é bem difícil. É importante falar sobre isso, mas todas essas questões começam na nossa cabeça. 

Como lida hoje, depois do portal, com a própria longevidade? O portal me trouxe novas descobertas, mas tenho muito a caminhar. Estou tranquila no sentido de estar segura com as coisas que eu consigo passar adiante, talvez elas sejam outras amanhã. Você precisa estar atento, às vezes você fica dentro de um rotina que acelere o envelhecimento, de uma maneira geral. Se você não diversifica seu grupo de amigos, ter conversa diferente, sempre assiste o mesmo gênero de filmes ou livros de alguns autores, enfim, acho que tudo que der para ampliar, ajuda. Me ajudou, pelo menos. 

O seu conteúdo foi intencionalmente focado em mulheres? Acredita que elas sejam mais afetadas com as questões do envelhecimento? Foquei de forma espontânea em mulheres, porque quando comecei a escrever, eu estava falando sobre mim. Foi bem natural. Mas acho que a questão da menopausa mexe muito com a parte hormonal e causa um desequilíbrio inclusive psicológico a mulher, de estado de humor e até químico mesmo. Então não sei dizer se as mulheres são mais afetadas, penso que sim por experiência própria, mas não tenho informações técnicas. Sendo assim, como fica a questão da diversidade de gênero do seu público? Acredita que os homens se interessem pelos assuntos e procuram envelhecer melhor? Elas representam a grande maioria do meu público, de fato. Mas tem alguns homens que frequentam o Viva a Coroa e até me mandam mensagens. Alguns deles ficam envergonhados de comentar no post e me mandam direct ,, falando coisas diferentes. As queixas masculinas talvez estejam um pouco mais voltadas para questões da virilidade, e da perda dessa agressividade que a testosterona que vai sendo perdida traz. 

Qual pauta acredita ser mais importante para que a mídia trate sobre o envelhecimento? Além da saúde mental, que eu já mencionei, acredito que o preconceito é uma pauta muito importante para essa faixa etária. Assisti um vídeo recentemente que mostrava justamente uma mulher de 60 anos sendo forçada pelas pessoas em um lugar público a ir para a fila dos idosos. Mas ela se sentia plenamente capaz de estar na fila normal e se sentiu muito mal por isso. É preciso ter mais empatia, que é a palavra chave do Viva a Coroa. Essa crença errada de achar que as pessoas de uma determinada idade em diante não estão disponíveis para aprender coisas novas ou estarem ativas precisa acabar. 

Dicas práticas para manter o bem-estar na longevidade:

  • Faça terapia, seja ela o tipo que for, mas que faça o sentido pra você.
  • Tenha amigos, isso é muito importante, e marque de se encontrar com eles pessoalmente, porque o contato virtual não substitui os encontros.
  • Viaje, porque viajar amplia muito os horizontes, mais do que se imagina.
  • Esteja disposta a aprender coisas novas, principalmente no que diz respeito a diversificar sua cultura, ou aprender coisas novas com os outros, com os filhos, por exemplo.
  • Tenha sua própria fé e a exercite sempre que puder, com certeza faz muita diferença não só para mim, mas vejo pelos meus seguidores também.
  • Exercite-se! Não só o corpo, mas a sua mente também, com meditação, por exemplo.

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