#PlenaeApresenta: Daniel Munduruku e a arte de ser um contador de histórias

O Plenae Apresenta a história de Daniel Munduruku, que encontrou na força das palavras uma forma de manter sua cultura viva

19 de Agosto de 2024



Contar histórias é uma das práticas mais antigas da nossa espécie e que já nos garantiu até mesmo a sobrevivência. No caso dos povos originários ou de minorias oprimidas, compartilhar narrativas é uma forma de manter a sua cultura viva e atravessando gerações, diante de todas as tentativas diárias de apagamento cultural que sofrem.

Daniel Munduruku, representante do pilar Contexto na décima sexta temporada do Podcast Plenae, é parte fundamental dessa dinâmica. Ele elevou a outras potências a velha roda de histórias ao redor de uma fogueira e publicou livros, ministrou palestras e segue rodando o mundo garantindo que seus ideais e pensamentos estejam vivos e caminhantes por aí.

Mas, como você que nos lê pode imaginar, nem sempre foi fácil – e ainda não é. “Eu sofri muito preconceito na escola por causa da minha origem. Mas eu acho que, de certa maneira, ser escritor me libertou um pouco dessas memórias ruins. Eu consigo escrever sobre a minha infância e adolescência sem nenhum ranço daquele período”, relembra.

Originário de um povo cujo significado é “formiga vermelha”, a mais temida das formigas, ele relata em seu episódio que os Mundurukus eram os mais temidos na região Amazônica, e hoje estão espalhados em três estados: Amazonas, Mato Grosso e Pará.

Dentre os ensinamentos que aprendeu em sua aldeia, ainda na infância, o silêncio é o mais valioso. “Não tinha energia elétrica, e aprender a ficar em silêncio era parte da nossa educação. O silêncio era necessário pra gente não despertar a fúria dos outros seres da natureza, sejam eles animais, sejam eles espirituais”, conta.

Além do silêncio, ter os sentidos apurados também foi uma lição ensinada e não pela figura de um professor, já que em sua cultura não há um único detentor do saber, mas sim os saberes coletivos. Sobreviver, para as crianças, era quase uma atividade lúdica e sem o peso que lhe cabe, entendimento que só chegou muito tempo depois.

A obrigação imposta pelo Regime Militar no Brasil de que os indígenas em idade escolar se integrassem aos trechos urbanos e estudassem ao lado de crianças brancas foi um divisor de águas na vida de Daniel, que relembra da época como um período de angústia e confusão.

“Aos 15 anos, eu já tinha completado o Ensino Fundamental II e recebido um diploma de gráfico off-set. Pros militares, era hora de começar a trabalhar. Pros indígenas, eu já era considerado adulto. Se eu voltasse pra aldeia, seria a hora de me casar e ter filhos. Mas eu não queria nem uma coisa nem outra. Eu tinha o desejo de ajudar e fazer com que a sociedade brasileira entendesse melhor a realidade dos povos indígenas. E pra isso eu precisava estudar mais”, diz.

Para conseguir subverter ambas as lógicas, Daniel fingiu ser interessado em seguir a vida religiosa. “Os padres disseram que eu era muito jovem pra tomar essa decisão, mas me permitiram continuar estudando. Aos 18 anos, eu entrei no Seminário Diocesano de Belém. Terminei o Ensino Médio, estudei filosofia e saí da ordem, porque o que eu queria mesmo era ser professor”.

Foi quando ele se mudou para São Paulo, no início dos anos 90, começou a dar aulas no Ensino Médio e se deparou com a possibilidade de fazer um mestrado em antropologia na USP - o começo do resgate de suas minhas origens, vale dizer, já que seu objeto de pesquisa era, justamente, o povo Munduruku.

“Eu cheguei na aldeia com uma consciência crítica muito elaborada sobre a realidade dos indígenas. Os Mundurukus estavam sendo muito assediados por garimpeiros e eu me vi num conflito: estudar ou me envolver mais diretamente na luta pela sobrevivência do meu povo. Eu acabei perdendo o prazo para defender a dissertação e fui jubilado. Eu não tinha cabeça para fazer pesquisa naquele momento”, desabafa.

Apesar de terem chegado a uma solução pacífica nesse conflito em questão, a chama tinha sido acesa de vez dentro do militante e professor. Foi no poder da contação de histórias e inspirado por um aluno de 9 anos de idade que Daniel concluiu que escrever livros e passar adiante suas ideias seriam sua principal e mais potente arma.

Para saber mais sobre a encantadora história de força e resistência dos Mundurukus e de Daniel especificamente, você terá que ouvir todo o episódio, disponível aqui e no também no Spotify. E acredite: é uma viagem sem volta. Aperte o play e inspire-se!

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#PlenaeApresenta: Chitãozinho e Xororó e a força das relações

Mais do que irmãos, a dupla sempre teve que lidar com o laço familiar e a carreira junto, sem perder a parceria fraternal e alçando voos cada vez mais altos

21 de Dezembro de 2020



O quinto episódio da terceira temporada do Podcast Plenae - Histórias Para Refletir traz a história de uma dupla de irmãos aclamada por todo o brasil.

Representando o pilar Relações, Chitãozinho e Xororó emocionam ao contar desde quando ainda moravam em Rondon, no Paraná, ainda muito longe dos olhares nacionais, mas já sob o olhar de seu pai, figura constantemente homenageada por eles. "Seu Mário não só colocou a gente no caminho da música, como ensinou cada um a fazer a sua parte” como conta Chitão.

Quem vê o estrondoso sucesso que da dupla hoje, nem imagina as dificuldades que eles trilharam, sendo os irmãos mais velhos de outros 6 e cantando em circos e botecos para ganhar dinheiro.

“A minha adolescência não foi de ir pra boate, ficar até de madrugada na rua. A gente tava sempre correndo pra fazer show, pagar as contas de casa e ajudar a criar os seis irmãos mais novos” conta Chitãozinho.

“Fio de Cabelo foi a primeira música sertaneja que tocou na rádio FM. A partir dela, o ritmo começou a ser notado por outros públicos. Antes disso, as pessoas tinham vergonha de falar que gostavam de sertanejo” complementa ele.

Outra coisa que poucos sabem é a diferença entre os dois. “O Chitão é muito coração. Alegre, extrovertido, feliz, gosta de viver a vida em todos os sentidos. Eu já sou contido, penso mais, gosto de tudo certinho. Mas eu acho que essa diferença nos completa e traz o equilíbrio da dupla. No palco, a nossa parceria deu tão certo, que já tem 50 anos” diz Xororó.

Essas diferenças foram, com o tempo, tendo de ser podadas. “No início eu queria fazer as coisas sempre do meu jeito. Eu meio que fui ficando autoritário. Na medida que o meu irmão foi crescendo, ele começou a dar opinião. Nós começamos a brigar muito, até eu ir entendendo que o Xororó tinha os direitos dele. A gente aprendeu a respeitar” conta Chitão.

Esse respeito mútuo e a parceria tão sólida de um sonho construído juntos é o segredo do sucesso da dupla, que hoje já encantou corações por todo o Brasil, por mais de 5 décadas. “O principal fator para longevidade da nossa carreira é o respeito que a gente entre nós e, mais ainda, pelo nosso público. Eu acredito que a gente tem como missão usar o nosso dom para tocar corações” complementa Xororó.

Conheça mais da dupla nesse lindo relato, na terceira temporada do Podcast Plenae - Histórias Para Refletir.

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