Entrevista com

Leonardo Blagevitch

Estudante

O que um adolescente pode nos ensinar sobre relações familiares?

5 de Maio de 2021



O que você fazia aos 14 anos de idade? Viajar, estudar, sair com os amigos e se apaixonar provavelmente serão algumas das opções. O estudante Leonardo Blagevitch faz tudo isso e um pouco mais. Colecionador de cursos, o adolescente já estudou de robótica a bolsa de valores, passando por empreendedorismo e até mesmo curso em Harvard. Hoje, seu foco é falar sobre relação.

Prestes a debutar, Leonardo agora pretende reunir todo o conteúdo que aprendeu em ambientes acadêmicos e com a vida e espalhar por aí. Seu objetivo? Melhorar a convivência de pais e filhos adolescentes para então melhorar o mundo. Veja como a compaixão dos pais pode ser realmente positiva, como explicamos nesta matéria , bem como outros incentivos cotidianos e pequenas mudanças na rotina. Você confere a conversa completa a seguir!

O que é melhorar o mundo?

Eu acho que, hoje em dia, meu propósito de vida, principalmente para 2021, é basicamente melhorar a relação entre pais e filhos. Eu acho que quando você melhora essa relação, você se torna um ser humano melhor tanto para a sociedade quanto para você mesmo. Uma das melhores sensações do mundo é estar em paz na sua casa e em harmonia com seus pais. E com isso você pode desenvolver vários mecanismos e qualidade pessoais como empatia , generosidade, criatividade, autoconfiança - que é uma das coisas que você tem que ter, porque isso reflete em sua autoestima e pode te ajudar em vários aspectos da sua vida.

O que te motivou a começar a querer dar essas palestras?

O que me motivou foi que sempre tive pais muito motivadores em vários aspectos da minha vida. E um dia, eu estava na casa de um amigo meu, e vi que a relação dele com seus pais não era muito boa, havia muito atrito e a energia era um pouco pesada. Quando comecei a reparar um pouco nas famílias de amigos que eu tenho, comecei a perceber que a minha relação com meus pais era muito boa, e que talvez eu pudesse ajudar outros amigos a terem isso também. A primeira coisa que os pais pensam é em seus filhos, e muitas vezes meus amigos não percebem isso, e vice versa, os adultos podem não perceber as qualidades de seus filhos. Se no meu rol de amigos está acontecendo isso, imagina o que não está acontecendo com todo o Brasil?

Qual é o valor dos cursos para sua formação?

Na minha opinião, fazer um curso de qualquer tema pode te ajudar no âmbito profissional e pessoal. O primeiro curso que fiz fora eu tinha 8 anos de idade, foi de robótica. Um dia antes passei mal, estava muito nervoso porque era o único brasileiro do curso. Quando isso aconteceu, abriu minha mente, eu comecei a perder a vergonha porque eu tinha que fazer novas amizades. Isso começou a me dar vislumbres de várias possibilidades de futuro. Hoje percebo melhoras a cada novo curso, seja em agilidade mental, planejamento, autoconfiança, mentalidade global, produtividade e criatividade. Você conhece pessoas que cruzam seu caminho e te ensinam não só teoria.

Quais as dicas que você daria aos pais que pretendem melhorar sua relação com o filho?

É fato que a relação perfeita não existe, mas existem alguns aspectos que podem te ajudar muito a melhorá-la. Aos pais, acredito que deixar algumas crenças positivas para seus filhos, como as que recebi dos meus: dizer você consegue, tenha fé, compare você somente com você mesmo, a vida é um espelho - o que você faz é o que você terá de volta, a importância de ter gratidão, se esforce e dê o máximo em tudo que você faz. Acho que o excesso de “nãos” também é prejudicial, tanto para a autoestima deles quanto tirando um pouco do seu livre arbítrio e a vontade de vencer na vida. Também acho que incluir os filhos na conversa da família, tanto no âmbito profissional quanto pessoal, é positivo, pois prepara seu seu filho para o futuro desde já, coloca ele para pensar um pouco, e ele se torna um adolescente melhor e de mais valor.

E aos filhos, quais seriam as dicas?

Eu acho que ser verdadeiro com seus pais e eles serem verdadeiros com você é crucial. Manter a conversa sempre aberta, em parceria, e expor o que você pensa e acredita. Abrir sua mente e seu foco - hoje com o celular, recebemos muitas novas informações, mas ficar focado somente nele ou num videogame, acaba tirando tempo em que você poderia estar conversando e trocando ideias com eles, que moram na sua casa. Por fim, vibrar em uma espiral positiva de achar que vai conseguir ter uma relação boa com seu pai e sua mãe e isso vai se perpetuar. Quando você sorri pro mundo, ele sorri de volta pra você.

Como você encara a compaixão e aceitação dos erros nas relações?

Ter uma relação verdadeira com seus pais é parte dessa compaixão. Você pode melhorar a relação com seus pais, mas também ter algumas responsabilidades que te fazem pensar e cumprir. É parte do acordo das regras de dentro de casa que você tem que respeitar, por exemplo, como eles também tem que entender o seu lado em todos os aspectos. Isso tudo é parte da compaixão, do respeito e da aceitação de erros. Aqui em casa eu recebo muito o exemplo dos meus pais, é uma relação muito de exemplos. Quando você dá o exemplo pros seus filhos, eles vão ficar pensando que na maioria das vezes você quer ser igual ou até melhor que seus pais, esse é o maior legado que se pode deixar.

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#PlenaeApresenta: Rene Silva e o poder da comunicação

O Plenae Apresenta a história de Rene Silva, que fez da comunicação o seu ofício, o seu propósito e uma plataforma para tantos outros.

26 de Agosto de 2024



Você deve ter crescido acostumado a ver noticiários na TV, jornais, revistas e, na última década, redes sociais – tudo isso sem grandes problemas ou dificuldades para acessá-los ou se ver ali representado, certo? Mas essa não é a realidade de todas as pessoas do mundo, sequer do Brasil.

No quarto episódio do Podcast Plenae, conhecemos a história de Rene Silva, representante do pilar Propósito, mas também representante de toda uma comunidade. Isso porque, graças à sua iniciativa “Voz das comunidades”, moradores de diferentes complexos cariocas hoje podem contar com uma plataforma que amplie suas reclamações, seu cotidiano e, por que não, suas conquistas.

Mas, para entender essa história, é preciso conhecer um pouco mais do passado de Rene que, assim como muitas crianças carentes, viram na escola um refúgio. “A minha família morava bem no alto do morro, e dava para ver os rastros dos tiros atravessando de um lado pro outro. A gente tinha que chegar em casa cedo e fechar tudo para diminuir o risco de morrer. Mesmo assim, de vez em quando, alguma bala perdida entrava em casa. (...) O melhor refúgio pros meus sonhos era a escola pública que eu frequentava. A diretora e os professores conseguiram criar um ambiente acolhedor pros alunos, apesar do entorno violento”, relembra.

Nessa mesma escola, os alunos do Ensino Médio eram encarregados de cuidar da rádio e do jornal, ambos comunitários. Rene, de tanto insistir e por demonstrar um interesse tão espontâneo, se tornou o colaborador mais jovem, aos 11 anos de idade. Foi ali que a primeira sementinha da comunicação começava a ser plantada.

“Aquela atividade me fez começar a enxergar várias coisas que eu não notava antes. Eu passei a perceber os problemas sociais no caminho de casa pra escola e da escola pra casa. Tinha esgoto a céu aberto, rua sem asfalto, poste sem iluminação, campo de futebol que precisava de reforma, pracinha em mau estado… não faltava assunto. Era o tipo de coisa que, se acontecesse no Leblon, ia aparecer na TV e nos jornais. Mas, numa favela, a grande mídia não dava a menor bola, e o poder público, menos ainda”, pontua. 

Depois de apenas três meses contribuindo pro jornal da escola, veio o jornal comunitário. A primeira versão do que seria todo o seu futuro foi uma folha de papel A4 dobrada. Cada edição tinha quatro páginas e foi feita graças a ajuda da diretora, que conseguiu um computador usado, uma impressora e uma máquina fotográfica.
 
“Eu escrevia os textos, tirava as fotos, diagramava as páginas, imprimia o jornal e distribuía os exemplares pelo bairro”, diz. E assim nasceu o Voz da Comunidade, ainda tímido e no singular, mas com um longo caminho pela frente e que já apresentava retorno, acelerando melhorias que antes levavam 3 meses e passaram a levar 3 semanas.

A virada de chave partiu, infelizmente, de um acontecimento intenso: em 28 de novembro de 2010, 3.500 homens da Polícia Civil, da Polícia Militar, da Marinha e da Polícia Federal ocuparam o Complexo do Alemão em cenas que marcaram o noticiário nacional e rodaram o mundo todo. Mas, novamente, ninguém olhava para o entorno daquele acontecimento, ou seja, a população que assistia de perto o acontecimento e temia pela sua própria vida.

“As pessoas no Brasil inteiro queriam saber como estava a vida dentro da comunidade, e eu comecei a postar as notícias no Twitter, na conta do Voz. Eu escrevia coisas do tipo: ‘Nesse momento, as escolas e as creches da comunidade pararam de funcionar; o ônibus parou de circular; o comércio fechou’. A cobertura da mídia estava muito focada nas apreensões de drogas, nas mortes, essas informações que as autoridades passam. Mas eu estava reportando o impacto daquela operação no cotidiano de milhares de pessoas que moravam ali e não conseguiam sair para trabalhar ou voltar pra casa. A situação estava cada vez mais tensa dentro da comunidade. E eu tinha acesso a informações exclusivas, que a grande mídia não tinha”, diz.

De uma hora para outra, Rene ganhou milhares de seguidores por ter virado narrador em tempo real daquela megaoperação. Quando os jornalistas descobriram que ele tinha apenas 16 anos e tinha um jornal, eles começaram a chamar Rene a todo o tempo, e ele virou uma espécie de correspondente de guerra. 

Depois disso, as barreiras da comunidade foram rompidas e a grande mídia se tornou parceira do jornal Voz das Comunidades, agora já no plural. As redações dos jornais, das rádios e das TVs começaram a abrir espaço para assuntos que aconteciam dentro das favelas, não focando só nos problemas, mas para as notícias boas também.

“O Voz cresceu e construiu uma credibilidade nesses anos. Se a gente der uma notícia sobre o Complexo do Alemão, os portais vão publicar imediatamente, porque confiam no que a gente fala. As pessoas sabem que a gente apura as notícias e faz um trabalho muito sério. Com o tempo, a gente construiu uma equipe de jornalismo que apura o que tá acontecendo e descobre se uma informação é verdadeira ou não”, explica.

O resto da história você conhece não só no nosso episódio completo, mas também acompanhando o trabalho que ele e outros tantos fazem e contribuem para dar visibilidade aos que menos tiveram e que mais merecem nos tempos atuais. Aperte o play e inspire-se!

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