Entrevista com
Diretora de Aprendizagem da The School of Life
26 de Março de 2019
Diversas pesquisas confirmam que ter um propósito prolonga a vida , protege a saúde e traz felicidade . Mas como uma pessoa pode encontrar o seu propósito? Para a coach Mônica Barroso, diretora de aprendizagem da The School of Life São Paulo - escola que se dedica ao desenvolvimento de inteligência emocional - a descoberta começa com a tomada de consciência.
O que é propósito de vida? Aristóteles dizia que a felicidade é uma sabedoria prática. Nessa linha, gosto de definir propósito como algo dinâmico, não um fim. Trata-se de algo que alcançamos por meio do hábito e do esforço de fazermos escolhas que nos coloquem no caminho de experiências cotidianas de qualidade. É um trabalho diário de buscar coerência entre o que pensamos e fazemos. Ter propósito é estar presente em cada momento, ciente dos aprendizados do passado e das possibilidades de futuro. A qualidade das experiências cotidianas se dá a partir do momento em que somos protagonistas de nossas escolhas e ações.
Podemos descobrir o nosso propósito intuitivamente? Durante a nossa infância e adolescência, a depender da educação, desvendamos nossas paixões, interesses e talentos. Na fase em que mais nos dedicamos ao trabalho, da juventude até a aposentadoria, colocamos nossos talentos a serviço do mundo. Quando as pessoas fazem escolham profissionais que casam com suas paixões e talentos, elas têm mais facilidade de se conectar com seu propósito. Porém, muitas vezes, somos levados a seguir carreiras diferentes daquelas que gostaríamos, e nos distanciamos do nosso propósito.
Propósito e objetivo são a mesma coisa? Os objetivos são as intenções que nos colocam em movimento para onde queremos ir. Quando alguém me procura para um trabalho de coaching, primeiro defino junto com a pessoa o seu objetivo. Suponhamos que seja transição de carreira. Dentro disso, vamos construir o caminho para alcançar o propósito, que pode ser a satisfação com o trabalho. Logo, a mudança de carreira seria a ferramenta para alcançar algo mais amplo, o propósito. Imagine que os talentos, paixões e interesses sejam “o que”. O trabalho seria o “como”, e o propósito, o “para que”.
O que podemos fazer para descobrir o nosso propósito? O primeiro passo é a tomada de consciência. Quando sentimos que nossa vida anda em círculo, pode ser o momento de parar e olhar para si. O autoconhecimento ajudará a pessoa a adquirir uma percepção mais refinada de que um ciclo se fechou. Talvez não seja o caso de pedir demissão, mas de se reposicionar dentro da empresa, por exemplo. Também é preciso ter coragem. Muitas vezes a pessoa sabe e sente o que quer, mas não consegue agir. Nas ações, estamos sujeitos a julgamentos e expectativas.
O propósito está sempre atrelado ao trabalho? A vida profissional e pessoal do ser humano não era tão separada antes da revolução industrial. De lá para cá, homem foi transformado na figura do trabalhador. Passamos a ter uma dedicação grande ao trabalho, que nos leva a colocar uma expectativa alta nessa área. No entanto, às vezes não é na profissão que nos realizamos. Talvez nosso momento de recarregar as energias esteja em algum hobbie, lazer ou relações. Eu, por exemplo, retomei dois hobbies que havia abandonado: nadar e tocar violoncelo. Senti um preenchimento tão grande que até no meu trabalho o impacto foi positivo.
Existe algum exercício para uma pessoa descobrir qual é o seu propósito? Existem duas grandes perguntas na vida: qual é a minha missão e quem sou eu. Costumo praticar e ensinar um exercício que indiretamente ajuda a responder essas duas questões e nos traz para o presente. No fim de cada dia, imagine uma estrela de cinco pontas. Cada ponta representa uma esfera da vida: espiritualidade, relacionamentos, lazer, trabalho e saúde (física e mental). Reflita como foi seu dia nesses cincos pontos e se faça duas perguntas: o que foi essencial e acessório? Ao fim dessa pequena avaliação, pergunte-se: amanhã, qual é o maior menor passo que posso dar para evoluir na minha estrela? O maior menor passo o estimulará a fazer algo pequeno o suficiente para caber na sua vida, mas grande a ponto de fazer diferença. Quando a gente se propõe um objetivo pequeno demais, sente que não evolui, enquanto um grande demais pode causar frustração. Esse exercício ajuda muita gente a trazer qualidade para as experiências cotidianas.
O propósito em geral está associado ao trabalho. Como encontrar propósito depois da aposentadoria? O propósito é o nosso lugar do mundo, algo íntimo e construído ao longo da vida. Quem conhece seu propósito e o cultiva, não sente um vazio ao se aposentar, pois o propósito não se encerra com a vida profissional. A aposentadoria apenas abre espaço para o indivíduo ressignificar suas ações.
Na décima quarta temporada do Podcast Plenae, conhecemos o que veio depois da tempestade em Mente.
13 de Novembro de 2023
O que de pior pode
acontecer para uma mãe? A maioria das pessoas pensará imediatamente “a morte de
um filho”. De fato, esse é um dos medos mais antigos e avassaladores da
parentalidade. E é um medo que, para Luciane Zaimoski, infelizmente se
concretizou.
Mãe de três filhos, ela sempre viu em seu filho do meio, Samuel, um talento
nato a ser desenvolvido. Suas habilidades e inteligência eram notados também na
escola, ainda muito novinho. “No primeiro ano dele na creche, ele desenhava tão
bem e aprendia tão rápido, que as professoras falavam assim: “Nossa, quando ele
for pra educação infantil, vai ter que fazer uma avaliação. Ele provavelmente
vai passar na frente das outras crianças”. Elas achavam que ele era
superdotado. Dali pra frente, o Samuel sempre foi considerado o melhor aluno da
sala”, conta Luciane.
Suas habilidades sociais, porém, eram mais tímidas. Não era popular, mas tinha
seus amigos mais chegados. Essa característica só se tornou um problema na adolescência,
quando Samuel não parecia acompanhar o ritmo dos outros ao seu redor. “Naquela
idade em que os jovens começam a sair, namorar, festinhas, ele fez o movimento
inverso. Ficou mais caseiro do que já era. Eu estranhei, mas achei que fosse
pelo jeito tímido dele. O Samuel era doce, sensível… e fechado”, relembra a
mãe.
Ali era o começo do que viria a ser uma longa
jornada. Luciane parecia ver o que ninguém mais via. Além da queda drástica das
notas de um aluno que sempre fora destaque, havia algo a mais: as expressões
artísticas de Samuel – seus desenhos – se tornaram sombrios e o menino tímido
deu lugar a um menino inacessível, algo que fugia da vergonha habitual. Em
todas as suas tentativas de acessá-lo ou contar com a ajuda da escola, ela enfrentava
mais negativas e isolamento.
Apesar da terapia e das visitas ao psiquiatra, o que já não estava bom piorou
com a pandemia. Tema sempre rodeado de tabus, a depressão entrou para o
vocabulário da família Zaimoski, que tratou do assunto sem menosprezá-lo e com
a seriedade que merece, mas nem mesmo essas ferramentas foram capazes de conter
o que viria a seguir.
Internações, diagnósticos equivocados, melhoras e recaídas: a jornada de
Samuel e Luciane diante do mal do século, que atinge diferentes idades e não vê
credo ou cor, é uma história que fará todos os nossos ouvintes refletirem em
suas próprias vidas. Respire fundo e encare de frente o assunto - esses
próximos minutos podem ser valiosos. Aperte o play e inspire-se!
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