Entrevista com
Professor de Finanças da FGV
16 de Abril de 2019
Seis em cada dez brasileiros não se preparam para a aposentadoria , revelou uma pesquisa realizada pela Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas (CNDL) e pelo Serviço de Proteção ao Crédito (SPC Brasil), em parceria com o Banco Central do Brasil (BCB). As principais justificativas para não poupar são falta de dinheiro (36%) e ausência de planejamento causada pelo desemprego (18%). Em um cenário de aumento dalongevidade e mudanças nas regras previdenciárias , quem não se planejar terá problemas no futuro. Para Cesar Caselani, professor de finanças da Fundação Getúlio Vargas, cada pessoa precisa assumir a responsabilidade pela sua aposentadoria.
Desde quando a pessoa deve se preocupar com a aposentadoria? O mais cedo possível. As mudanças nas regras previdenciárias são um caminho sem volta no mundo inteiro. É preciso trabalhar com a seguinte lógica: o governo não vai me ajudar, e, se eu não formar a minha reserva financeira, terei problemas no futuro. Sempre digo às pessoas que não gastem dinheiro à toa, porque lá na frente elas vão precisar dele. Se a pessoa chegar a uma idade próxima da aposentadoria sem nenhuma reserva, terá de fazer um corte absurdo no consumo para poupar muito em pouco tempo. Não tem mágica.
A principal opção para a maioria dos brasileiros que se preocupam com a aposentadoria é a poupança. É uma boa escolha? Como investimento, a poupança não resolve a vida de ninguém. Em alguns momentos, ela rende até menos do que a inflação. Alternativas possíveis para investidores conservadores são títulos do tesouro, letras imobiliárias e de agronegócio. Em algum momento, é bom arriscar em outros produtos, para tentar uma rentabilidade maior nas aplicações.
Para fazer isso, é preciso ter conhecimento de finanças… Sim, educação financeira é fundamental. Recomendo que as pessoas façam buscas em sites confiáveis na internet para que adquiram uma educação financeira de qualidade. Sites de bancos tradicionais e portais de conglomerados de mídia são alterativas. Algumas pessoas se preocupam muito com a escolha de aplicações e os rendimentos sinalizados pelas mesmas. No entanto, não podemos esquecer que deixar de consumir produtos e serviços desnecessários é fundamental na hora de acumular dinheiro. É preciso se disciplinar para gastar menos. Viagens, restaurantes, roupas de grife são prazeres que consomem recursos preciosos.
Quais são os passos para ter uma boa reserva financeira na velhice? Sugiro alocar cerca de 10% da renda em investimentos que possam gerar remuneração ao longo do tempo, e, em períodos de renda maior, evitar gastos supérfluos. A conta também pode ser feita de trás para a frente: quanto dinheiro quero ter à disposição em determinada idade. A partir daí, calculo quanto devo investir por mês. Para uma pessoa conservadora, que é a média da população, usa-se como parâmetro a taxa básica da economia, a Selic (próxima da taxa DI). Como hoje ela está baixa, é preciso fazer depósitos maiores. Dificilmente ganha-se 100% da Selic, porque os investimentos também envolvem tributação. Por exemplo, trabalhando-se com uma Selic de 6,5% ao ano, uma alíquota de imposto de renda de 22,5% (para aplicações com prazo de até 6 meses) e um rendimento bruto de 95% da Selic, o rendimento líquido dessa aplicação seria de aproximadamente 4,79% ao ano ou 0,39% ao mês.
Previdência privada é uma boa ideia? Depende, porque é um produto oferecido por um banco e envolve taxas, além de imposto de renda. É preciso perguntar qual é a taxa de administração cobrada pela instituição e comparar o rendimento do fundo de previdência com outros produtos. Às vezes, pode valer mais a pena investir no tesouro direto.
Nos últimos anos, surgiram outras propostas para poupar dinheiro, como clube de fidelidade, programas de pontos e cashback. O que acha dessas iniciativas? São iniciativas que fazem sentido caso a pessoa vá mesmo gastar aquele dinheiro. Nesse caso, compensa usar esses programas. O consumidor precisa ter cuidado para não cair na armadilha de comprar algo que não precisa, só para ter um benefício. Também deve ficar atento às regras de cada programa, que podem ser interessantes no momento da adesão, mas mudarem no meio do caminho.
De arquitetura e engenharia para a neurociência: como a pesquisadora revolucionou sua própria vida e seguiu os caminhos do coração para os caminhos do cérebro
13 de Agosto de 2022
A nona temporada do Podcast Plenae está para começar! Com ela, você já sabe, novas possibilidades de mergulhar para o que há de mais profundo em cada um de nós. Para somar ainda mais, as reflexões dessa temporada serão conduzidas pela neurocientista Claudia Feitosa-Santana. Apesar de amplamente conhecida pelo público, poucos conhecem os caminhos prévios da pesquisadora antes de entrar de cabeça no mundo da neurociência. Antes de se dedicar aos estudos das estruturas cerebrais, Claudia se dedicava a outras estruturas: as de concreto. Arquiteta e engenheira de formação, foi em um momento de depressão que ela resolveu radicalizar sua vida e mudar de carreira - que como sabemos, é tarefa difícil, mas não impossível. Foi em 2003 que Claudia resolveu fazer um mestrado em Psicologia na Universidade de São Paulo, emendando na sequência um doutorado em Neurociências e Comportamento na mesma instituição. Um passo levou ao outro e depois a outro e, lentamente, ela foi construindo essa carreira consolidada e reconhecida de hoje. “Foram tantos pontos altos na minha trajetória, mas eu destacaria a minha experiência em Chicago, que durou 7 anos e 7 dias. Começou com o convite para o pós-doutoramento na University of Chicago e depois para ser professora na The School of The Art Institute of Chicago”, comenta. Projetos Com tanta dedicação a sua nova jornada, era de se esperar que não faltassem projetos em sua conta. Claudia tem em seu lattes diversas publicações científicas internacionais e passagens pelo Hospital Israelita Albert Einstein como pesquisadora e professora em diversas instituições como Fundação Dom Cabral, Casa do Saber e Universidade Federal do ABC. Ainda como docente, além de sua passagem pela The School of The Art Institute of Chicago, ela também foi professora na Roosevelt University e Chicago State University, ambas nos Estados Unidos, e na Università Degli Studi di Firenze, na Itália. Mas, quando questionada sobre qual projeto ela se orgulha mais, a resposta é imediata: são dois, seu programa na CBN e seu novo livro.
“O programa semanal na CBN, chamado 'Com Ciência no Cotidiano' que iniciei recentemente. Mas também tenho carinho especial pelos meus projetos em neuroestética e neuroeconomia, sendo o primeiro com cores e o segundo sobre a (des)honestidade brasileira que ainda estou em fase de análise de dados”, diz.
Um destaque importante sobre Claudia é sua acessibilidade. Mais do que mergulhar em temas complexos e, muitas vezes, distantes do internauta, ela se lança a temas modernos sem abdicar da mesma profundidade. “Viralizei algumas vezes com explicações científicas sobre o viral do #thedress, a famosa foto de um vestido cuja cor variava conforme a percepção de cada um. Fui a única brasileira com estudo científico a respeito. Também me orgulho de ser uma das primeiras cientistas a explicar sobre o impacto do coronavírus em um vídeo que viralizou e elucidou a questão a milhões de pessoas ainda no início de tudo”, enumera. Novo livro Em novembro de 2021, aos 51 anos, Claudia alçou mais um novo voo e publicou “Eu Controlo como me Sinto”, pela editora Planeta. Seu objetivo com a obra é ensinar como você pode construir uma vida melhor por meio da ciência - mais uma vez democratizando saberes que antes eram tidos como inacessíveis. A neurocientista defende que “não há ninguém responsável pelo emaranhado de sentimentos que carregamos além de nós mesmos, ainda que outra pessoa tenha provocado situações negativas”, como pontuou em entrevista ao jornal gaúcho Zero Hora. No livro, você encontrará explicações detalhadas e didáticas sobre o funcionamento da nossa mente, desde o surgimento de uma emoção até sua transformação em sentimento. É por meio desse verdadeiro “manual” que ela instiga o leitor a se apropriar de seus sentimentos, unindo o que nós mesmos separamos, a emoção e a razão. “Emoção e sentimento correspondem a dois estágios do nosso processamento emocional. A emoção é o que vem primeiro e se refere ao que acontece no corpo, ao nosso estado físico (...) E o que é o sentimento? É a junção dessas emoções com a razão. Ou seja, você precisa de razão e emoção para entender como se sente. É por meio da razão que você interpreta suas emoções, ou seja, o que acontece no nosso corpo. O sentimento é o que você vai nomear de tristeza, raiva, indignação, incômodo, felicidade, esperança”, diz ela. Segundo Claudia, precisamos da razão para interpretar nossas emoções, e dos sentimentos e das emoções para fazer boas escolhas “racionais”. “No fundo, está tudo ligado. Nós é que temos mania de separar”, diz. O livro serve como um guia para que você aprenda não só a nomear melhor o que está sentindo, mas dar um destino mais honesto e assertivo também para suas percepções, conversas, relacionamentos, decisões. Podcast Essa é a primeira vez de Claudia Feitosa-Santana aqui no Plenae, mas sua estreia é logo em posição de destaque, como condutora das reflexões da nona temporada. Para ela, que ainda não conhecia o projeto, “cada reflexão foi um desafio gigantesco e ao mesmo tempo extremamente prazeroso”. Prepare-se para esse mergulho! Fique ligado, a nona temporada está mais perto do que nunca.
Conteúdos
Vale o mergulho Crônicas Plenae Começe Hoje Plenae Indica Entrevistas Parcerias Drops Aprova EventosGrau Plenae
Para empresas