Entrevista com

Camilla Viana

Psicóloga e mestra em orientação e mediação familiar

Como falar de saúde mental para as novas gerações?

18 de Janeiro de 2021



Saúde mental não é um tema novo - seja para a sociedade, seja aqui no Plenae. Muito se fala sobre o assunto, e é possível perceber alguns avanços, mas ainda há um longo caminho a se trilhar. Isso porque o tema ainda é rodeado de estigmas, tabus e até uma falta de autopercepção genuína por parte dos indivíduos.

Em 2014, criou-se a campanha Janeiro Branco aqui no Brasil, com o intuito de aproveitar as festas do início de ano para trazer à luz a temática. Pensando em tudo isso, entrevistamos a psicóloga e mestra em orientação e mediação familiar, Camilla Viana Gonçalves Pereira, para debater sobre essa questão tão importante e cada dia mais atual. Confira!

Muito se ouve falar em saúde mental. Pela sua percepção, o quanto avançamos no assunto?

A psicologia sofreu um grande preconceito ao longo dos anos, sendo tida como “coisa de louco” etc. Mas acredito que esse ano de 2020, especificamente, conseguimos falar da saúde mental de uma forma muito mais aberta e próxima. A OMS quando fala da saúde mental, coloca que o tema trata-se de um bem-estar físico e social, vai muito além de uma ausência de doença. Com o isolamento, conseguimos perceber que a saúde mental vai muito além de somente uma doença, visto que todo mundo foi afetado de alguma forma. Então a percepção sobre tudo aumentou, o que a gente consome no mundo das redes, no mundo externo. Conseguimos romper com bastante preconceito em relação a profissionais da saúde mental, explorando essas ferramentas de cuidado. Mas é importante frisar que o preconceito em torno da clínica ainda está sendo rompido, é preciso explorar mesmo outras plataformas, ir pra televisão, ocupar canais de entretenimento. Além disso, ela ainda é muito restrita a determinados recortes socioeconômicos, a clínica ainda é muito elitista e bastante restrita. Mas a gente vem rompendo com isso, com vários movimentos de trabalho social, muitas ONGs oferecendo tratamento psicológico gratuito ou preço social, ainda é tudo mais recente.

Estamos mais doentes ou estamos somente falando mais sobre isso?

Responder isso pode ser irresponsável, pois pode ser um julgamento da minha parte. Mas vejo que é um pouco dos dois. Estamos mesmo falando mais disso, dos anos 70 pra cá já começou a se falar. E também tem a questão das redes sociais, a disformia com o uso dos filtros, o burnout, eu vejo que são questões que contribuem para as questões de ordem emocional, ou pelo menos evidenciam-nas. Mas isso não quer dizer que as pessoas já não sofriam por solidão, falta de pertencimento, isso sempre existiu, mas não se podia falar.

Em relação às novas gerações: como criar conteúdo a respeito, baseado na sua experiência? Qual tem sido o retorno?

As pessoas estão muito mais abertas a receber esse tipo de conteúdo, elas sentem que precisam, procuram. De uns anos pra cá, essa noção de saúde mental como loucura tem se rompido muito bem, muito positivamente. Mas, minha percepção nas redes sociais, é que as pessoas gostam de entender qual é o padrão delas, não tanto sobre o tema em geral, mas sim, buscar uma identificação com seus próprios problemas. Elas querem uma solução para romper com o que um dia foi geracional, com o que ela herdou de sua família ou de sua criança interior, melhorar seus relacionamentos, sempre no âmbito do individual. Recebo muito feedback positivo por apresentar a vida real, sem filtro, sendo o que eu sou. As pessoas são carentes de receber essa identificação. Ela chega onde a psicologia paga não pode chegar.

Acredita que campanhas como Janeiro Branco e Setembro Amarelo sejam efetivas?

Tenho medo de fazer algum julgamento, novamente. O Janeiro Branco é um movimento brasileiro, foi criado recentemente (2014) e, desse tempo pra cá, acredito que conseguimos levar isso pro campo mais social, percebo uma grande efetividade. Muitas empresas, inclusive, fazem ações nesse mês, justamente para romper com essa bolha. E o motivo de ser feito em janeiro é porque estamos naquela frustração de não ter cumprido metas anteriores, estamos em momento de fazer novas metas, então ele é muito efetivo quando feito neste início do ano.

Em relação ao Setembro Amarelo, acho que todo movimento é válido e precisa ser feito com responsabilidade, informações adequadas e de forma que possa ser introduzido nas estruturas sociais, não só naquele mês específico. A causa dele é importantíssima, mas já vemos alguns dados não muito positivos, porque o fato de se falar em suicidio de uma forma tão abrangente, pode gerar gatilho em algumas pessoas.

Como buscar o equilíbrio nas pequenas coisas do cotidiano?

Eu vejo que o principal equilíbrio a ser estabelecido é balancear os momentos da vida online e a vida offline, principalmente estabelecendo um limite físico dentro de casa, para conseguir lidar com essa pressão de ser 100% produtivo, porque produtividade é também parar e não fazer nada. Na vida offline, buscar mais qualidade em suas relações com a família e amigos, ter uma alimentação saudável, praticar atividade física, boas noites de sono, buscar ajuda de profissionais - tudo isso que já sabemos. Já na vida online, a palavra é: atenção. O Instagram é a plataforma mais relevante hoje, mas é preciso estar atento às suas atividades por lá. Busque perfis de influência positiva, busque se informar sobre as consequências dos procedimentos estéticos - por conta do fenômeno da disformia que os filtros podem causar -, não busque ser aquela blogueira que é cheia de procedimento estético e ainda manipula fotos, porque isso mexe diretamente com a autoimagem de qualquer pessoa. Pratique o “unfollow terapêutico”: pare de seguir páginas que ferem a autoestima e autoimagem.

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#PlenaeApresenta: Pai Denisson e Mãe Kelly e a força dos caminhos

O Plenae Apresenta a história de Pai Denisson e Mãe Kelly, que cruzaram seus caminhos pela força do amor e da fé

12 de Agosto de 2024



Há muito nessa vida que não escolhemos de forma arbitrária, apesar de achar que sim. A espiritualidade, muitas vezes, é parte desses caminhos que somos levados sem entender direito o porquê, apenas sentindo uma pulsação muito intensa dentro de nós.

Foi assim que aconteceu para Pai Denisson e Mãe Kelly, os representantes do pilar Espírito e que abrem a décima sexta temporada do Podcast Plenae. Ele, filho de pais completamente afastados da religião, mas que toparam o levar a um centro espírita respeitando o pedido de um Denisson ainda pequeno. Ela, filha de uma católica tão fervorosa que quase se tornou freira, decisão que faria com que Kelly sequer tivesse nascido, e que seguiu por muito tempo os caminhos do cristianismo.

Ambos chegaram a um terreiro umbanda por motivações diferentes, mas sentiram o mesmo acolhimento e fagulha interna ao primeiro contato. “Eu sentei num banquinho de madeira e senti a espiritualidade à minha volta. Senti uma explosão de paz e alegria dentro de mim. Pela primeira vez, todas aquelas manifestações que aconteciam comigo desde criança fizeram sentido. E a umbanda me completou naquele momento e me completa até hoje” conta Kelly.

Para Denisson, é sobre tudo que a umbanda representou de cara para ele, que já vinha trabalhando a sua mediunidade. “A umbanda me encantou pela maneira como eu fui acolhido pelo terreiro. Nunca me perguntaram qual era a minha profissão, quanto eu ganhava. Nunca pediram nenhuma contribuição. Eram pessoas muito simples, que me colocaram debaixo da asa, sem querer nada em troca. Era um altruísmo puro. Eu me senti visto como um ser humano, e esses valores me preencheram”, pontua ele.

Desde então, ambos dedicam sua vida a explorar também outras formas de espiritualidade, viajando o mundo em busca de conhecimento em templos e com sacerdotes do budismo, islamismo, xintoísmo, catolicismo, judaísmo, espiritismo e povos originários. Para eles, essa vivência trouxe o senso de que as religiões tinham sinergia com a umbanda, e em vários lugares eles relatam terem recebido sinais de que havia um caminho espiritual para ser trilhado.

O resultado de toda essa pesquisa é o Instituto CEU Estrela Guia, fundado pelo casal em 2015. “Desde o primeiro dia, em nosso espaço sagrado, conhecido como terreiro, buscamos o equilíbrio entre mente e coração, entre razão e emoção e entre pensar e sentir, com o compromisso de buscar e compartilhar conhecimento. (...) O trabalho social faz parte de todas as atividades do Instituto através da distribuição de alimentação de pessoas em vulnerabilidade alimentar e social. Hoje a gente doa diariamente comida para cerca de mil pessoas em situação de rua e comunidades carentes. Já chegamos a distribuir 3 mil marmitas em um dia”, conta Kelly.

Outros trabalhos ainda são desenvolvidos por lá, como cursos de culinária e de reaproveitamento de alimentos para pessoas em vulnerabilidade social e alimentar; desenvolvimento do corpo mental por meio dos cursos de Teologia da Umbanda; desenvolvimento do corpo espiritual, através dos ritos das Giras; vivências com ervas e cristais; ritual para realização de trabalhos espirituais por meio de médiuns incorporando entidades. defumação do ambiente, saudações aos Orixás e as Entidades; Sacramentos da Umbanda, como o batismo, casamento e rito fúnebre e outros rituais.

Os caminhos futuros dessa dupla tão grandiosa em influência e generosidade você confere ouvindo o episódio completo, disponível aqui ou no Spotify. Abra seu coração e receba esse relato sem julgamentos, somente com amor. Aperte o play e inspire-se!

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