Entrevista com

Adriana Coelho Silva

Fundadora do Canal Viva a Coroa

Como encontrar inspiração em si mesmo?

2 de Fevereiro de 2020



Como Adriana Coelho Silva, de 54 anos, fez da sua própria experiência do envelhecer uma inspiração para outros milhares de seguidores? Conheça um pouco mais sobre a voz por trás do canal Viva a Coroa.

Conte um pouco para a gente sobre o seu canal. Sou quem idealizou e quem escreve até hoje no portal Viva a Coroa, que hoje já conta com 34 mil seguidores no Instagram e 130 mil seguidores no Facebook. A marca Viva a Coroa também deve ganhar site em breve, e se tornou uma coluna da revista Vogue. 

Como nasceu a ideia do Viva a Coroa? Sou designer de interiores, atuei bastante na área até que me aposentei. Quando essa fase chegou, decidi fazer um curso de fotografia no exterior, morei 3 meses sozinha na Califórnia nesse meio tempo. Foi quando senti os primeiros sintomas da menopausa e todas as questões da idade batendo. Minha ideia era criar um canal para fotografar mulheres da minha idade, dar visibilidade a elas. Ainda tenho esse plano, mas comecei a desenvolver alguns conteúdos, pautados no que eu estava sentido no momento. Percebi, principalmente que há uma tendência em falar mais na estética, mas não existe muita gente falando sobre assuntos necessários e até mais desagradáveis, mas bem importantes. Acabou que o resultado foi rápido e super positivo. Decidi ir adiante. 

Como você acredita que o seu conteúdo influencia seu público? O conteúdo do Viva Coroa é bem denso, então além das colunas da Vogue que são replicadas no Viva Coroa, também tem pelo menos duas vezes por semana algum conteúdo de densidade maior no próprio negócio. Acredito o humor e a leveza são muito importantes para essa idade, não gosto de deixar tudo pesado, mas também não gosto de deixar só bobagenzinha. Escrevo desde incontinência urinária e secura vaginal até perda de energia, flacidez e saúde mental. Não inventei a roda, é claro, mas às vezes a pessoa escreve “era exatamente o que eu precisava ler hoje”, seja em um quote de incentivo ou em uma sugestão de filme, São diversos os temas que afetam as pessoas. 

Saúde mental é uma pauta bem importante. Como você lida com a sua própria e como passa isso para os seus leitores? Faço terapia há mais de 20 anos, acho importantíssimo, o melhor investimento que se pode fazer é cuidar da cabeça, porque às vezes algumas pessoas se perdem tentando mudar na estética uma coisa que elas nem percebem que está errada dentro, mas não conseguem identificar o que ou como mudar. Começam a se mudar por fora, tudo de forma inconsciente, mas numa expectativa de mudar o interno. É fundamental cuidar da saúde mental para lidar com questões inevitáveis. 

Quais questões, por exemplo? Do auto reconhecimento ao se olhar no espelho, das mudanças de ciclos, ver um filho saindo de casa, por exemplo. Ou ver seus pais envelhecerem, que é bem difícil. É importante falar sobre isso, mas todas essas questões começam na nossa cabeça. 

Como lida hoje, depois do portal, com a própria longevidade? O portal me trouxe novas descobertas, mas tenho muito a caminhar. Estou tranquila no sentido de estar segura com as coisas que eu consigo passar adiante, talvez elas sejam outras amanhã. Você precisa estar atento, às vezes você fica dentro de um rotina que acelere o envelhecimento, de uma maneira geral. Se você não diversifica seu grupo de amigos, ter conversa diferente, sempre assiste o mesmo gênero de filmes ou livros de alguns autores, enfim, acho que tudo que der para ampliar, ajuda. Me ajudou, pelo menos. 

O seu conteúdo foi intencionalmente focado em mulheres? Acredita que elas sejam mais afetadas com as questões do envelhecimento? Foquei de forma espontânea em mulheres, porque quando comecei a escrever, eu estava falando sobre mim. Foi bem natural. Mas acho que a questão da menopausa mexe muito com a parte hormonal e causa um desequilíbrio inclusive psicológico a mulher, de estado de humor e até químico mesmo. Então não sei dizer se as mulheres são mais afetadas, penso que sim por experiência própria, mas não tenho informações técnicas. Sendo assim, como fica a questão da diversidade de gênero do seu público? Acredita que os homens se interessem pelos assuntos e procuram envelhecer melhor? Elas representam a grande maioria do meu público, de fato. Mas tem alguns homens que frequentam o Viva a Coroa e até me mandam mensagens. Alguns deles ficam envergonhados de comentar no post e me mandam direct ,, falando coisas diferentes. As queixas masculinas talvez estejam um pouco mais voltadas para questões da virilidade, e da perda dessa agressividade que a testosterona que vai sendo perdida traz. 

Qual pauta acredita ser mais importante para que a mídia trate sobre o envelhecimento? Além da saúde mental, que eu já mencionei, acredito que o preconceito é uma pauta muito importante para essa faixa etária. Assisti um vídeo recentemente que mostrava justamente uma mulher de 60 anos sendo forçada pelas pessoas em um lugar público a ir para a fila dos idosos. Mas ela se sentia plenamente capaz de estar na fila normal e se sentiu muito mal por isso. É preciso ter mais empatia, que é a palavra chave do Viva a Coroa. Essa crença errada de achar que as pessoas de uma determinada idade em diante não estão disponíveis para aprender coisas novas ou estarem ativas precisa acabar. 

Dicas práticas para manter o bem-estar na longevidade:

  • Faça terapia, seja ela o tipo que for, mas que faça o sentido pra você.
  • Tenha amigos, isso é muito importante, e marque de se encontrar com eles pessoalmente, porque o contato virtual não substitui os encontros.
  • Viaje, porque viajar amplia muito os horizontes, mais do que se imagina.
  • Esteja disposta a aprender coisas novas, principalmente no que diz respeito a diversificar sua cultura, ou aprender coisas novas com os outros, com os filhos, por exemplo.
  • Tenha sua própria fé e a exercite sempre que puder, com certeza faz muita diferença não só para mim, mas vejo pelos meus seguidores também.
  • Exercite-se! Não só o corpo, mas a sua mente também, com meditação, por exemplo.

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Entrevista com

Deusivania Vieira da Silva Falcão

Psicóloga e professora da Universidade de São Paulo

Os efeitos das relações sociais para a nossa saúde e personalidade

10 de Novembro de 2020



Quais são os efeitos das relações familiares para a nossa saúde e a formação da nossa personalidade? Por meio de explicações de conceitos, desde doenças degenerativas, passando por estilos de apego, a psicóloga e professora da Universidade de São Paulo, Deusivania Vieira da Silva Falcão, conversou com o Plenae para explicar melhor as nuances das relações humanas.

Sabemos que as doenças degenerativas afetam muito os idosos. Mas, para a ciência, como ela se caracteriza?

Uma doença degenerativa relaciona-se a alteração do funcionamento de uma célula, um tecido ou um órgão. Elas provocam a degeneração de todo o organismo, envolvendo vasos sanguíneos, ossos, visão, órgãos internos e cérebro. No caso das doenças neurodegenerativas, envolve a destruição progressiva e irreversível de neurônios e, consequentemente, o nosso comportamento, a nossa fala, a nossa maneira de atuar no mundo. Essas enfermidades causam danos não apenas para quem sofre com ela, mas principalmente para quem está convivendo com a pessoa que tem a doença. E nós temos vários tipos de comorbidades degenerativas, até mesmo as mais comuns, como diabetes, hipertensão, doença da coluna vertebral, o câncer.A que eu costumo trabalhar é a doença de Alzheimer, o tipo de demência mais comum. E a gente observa que, de alguma forma, as doenças degenerativas levam à deterioração progressiva da saúde como um todo. É preciso levar em consideração que há uma interação entre o comportamento, o meio ambiente que vivemos e o próprio perfil genético da pessoa. Alguém que tem algum membro da família com a doença de Alzheimer, tem mais chance de desenvolvê-la do que quem não tem, mas isso não é uma obrigatoriedade. E esse processo degenerativo, como eu falei, necessariamente destrói características originais do que éramos, em algum nível. Por exemplo, o Parkinson é uma doença que tem efeito degenerativo no sistema nervoso central. O Alzheimer já afeta mais a fala, a memória, o comportamento. E isso, naturalmente, acaba gerando danos não só para a pessoa, mas também para os familiares e para os cuidadores de uma maneira geral. oso central. O Alzheimer já afeta mais a fala, a memória, o comportamento. E isso, naturalmente, acaba gerando danos não só para a pessoa, mas também pros familiares e pros cuidadores de uma maneira geral.

Qual é o poder das relações familiares sobre elas - como elas podem auxiliar?

O papel das relações sociais e familiares pode ser preventivo, como também um papel que vai auxiliar no tratamento. Mas, antes disso tudo, vale destacar que as relações sociais e familiares podem ser tanto um fator de risco, quanto um fator de proteção para a saúde e bem-estar. Porque vai depender muito da qualidade das nossas relações. Nas relações saudáveis, há presença de coesão, educação, um bom nível desse vínculo. Mas a gente sabe que tem relacionamentos que são tóxicos, que trazem mais prejuízo do que benefícios. Focando na prevenção e no fortalecimento como promotor de saúde: as relações sociais podem promover o bem-estar na medida que elas promoverem suporte pras pessoas, não só o suporte, mas também uma qualidade de vida. A família é um tipo de relação social, mas nem toda relação social é familiar. A própria OMS preconiza que nossos amigos são sinalizadores da nossa saúde. Por exemplo, se sou sua amiga e converso com você, eu observo que você está mais alegre do que antes, e vice-versa. Então as pesquisas científicas destacam o poder da amizade entre as relações sociais para a vida idosa que, muitas vezes, podem ser melhores até do que o vínculo que você tem com a sua própria família. E isso tá muito ligado aos estilos de apego, que falaremos mais para frente. Em períodos de crises que todos nós vivenciamos pelo menos uma vez na vida, ou quando estamos em tratamento, na adesão ao exercício físico, tudo isso as relações podem oferecer auxílio - e também o contrário. O papel das relações sociais e familiares pode ser preventivo, como também auxiliar no tratamento. Mas, antes disso tudo, vale destacar que as relações sociais e familiares podem ser tanto um fator de risco, quanto um fator de proteção para a saúde e bem-estar. Vai depender de uma série de fatores, tais como, a qualidade das nossas relações. Nas relações saudáveis, há presença de coesão, educação, boa comunicação, reciprocidade e fortes vínculos afetivos. Mas a gente sabe que tem relacionamentos que são tóxicos, que trazem mais prejuízos do que benefícios. Focando na prevenção e no fortalecimento como promotor de saúde: as relações sociais podem promover o bem-estar na medida que elas promoverem suporte para as pessoas e favorecem a qualidade de vida. Alguns estudos indicaram que as relações sociais eletivas, ou seja, as amizades, têm mais potencial de proteção para o bem-estar subjetivo e a saúde dos idosos. A própria OMS preconiza que nossos amigos são sinalizadores da nossa saúde. Por exemplo, se sou sua amiga e converso com você, posso lhe fornecer parâmetros acerca dos seus aspectos físico e emocional, além de também lhe ajudar a refletir sobre as suas escolhas, hábitos e estilo de vida. Então as pesquisas científicas destacam o poder da amizade entre as relações sociais para a vida da pessoa idosa que, muitas vezes, podem ser melhores até do que o vínculo que a pessoa tem com a sua própria família. E isso está muito ligado aos estilos de apego, que falaremos mais para frente. Em períodos de crises que todos nós vivenciamos pelo menos uma vez na vida, ou quando estamos em tratamento, na adesão ao exercício físico, tudo isso as relações podem oferecer auxílio – e também o contrário. O papel das relações sociais e familiares pode ser preventivo, como também um papel que vai auxiliar no tratamento. Mas, antes disso tudo, vale destacar que as relações sociais e familiares podem ser tanto um fator de risco, quanto um fator de proteção para a saúde e bem-estar. Porque vai depender muito da qualidade das nossas relações. Nas relações saudáveis, há presença de coesão, educação, um bom nível desse vínculo. Mas a gente sabe que tem relacionamentos que são tóxicos, que trazem mais prejuízo do que benefícios. Focando na prevenção e no fortalecimento como promotor de saúde: as relações sociais podem promover o bem-estar na medida que elas promoverem suporte pras pessoas, não só o suporte, mas também uma qualidade de vida. A família é um tipo de relação social, mas nem toda relação social é familiar. A própria OMS preconiza que nossos amigos são sinalizadores da nossa saúde. Por exemplo, se sou sua amiga e converso com você, eu observo que você está mais alegre do que antes, e vice-versa. Então as pesquisas científicas destacam o poder da amizade entre as relações sociais para a vida idosa que, muitas vezes, podem ser melhores até do que o vínculo que você tem com a sua própria família. E isso tá muito ligado aos estilos de apego, que falaremos mais para frente. Em períodos de crises que todos nós vivenciamos pelo menos uma vez na vida, ou quando estamos em tratamento, na adesão ao exercício físico, tudo isso as relações podem oferecer auxílio - e também o contrário.

Há uma interdependência entre os membros de uma mesma família?

Sim. A família é um espaço atuante de comunicações, no qual os membros são interdependentes, influenciam e são influenciados entre eles. No caso de situações que envolvem o cuidado com pessoas acometidas por alguma enfermidade, observamos que essa interdependência será bastante influenciada pelo tipo vínculo e pela qualidade do relacionamento que existia entre os membros anterior a doença. Tem pessoas que antes da doença já tinham um péssimo relacionamento familiar e, após a doença, só piora – e o contrário também. A compaixão e a generosidade podem surgir durante esse período, e funcionarem como uma oportunidade de se relacionar com o passado, fazer as pazes com ele, mas isso envolve autoconhecimento, inteligência emocional e espiritual.

O que significa o termo familismo?

No meu pós-doutorado, um dos temas que eu trabalhei é relativamente novo no Brasil, que é essa perspectiva do familismo. Ele é um valor cultural dos povos latinos e hispânicos, principalmente. Nas culturas individualistas, como no Canadá e nos Estados Unidos, o ser está acima de todos os grupos em todos os aspectos - incluindo a família. Quando você está acima de tudo, há uma certa ruptura com seus ancestrais, você dá ênfase ao presente e não ao passado. Eles não são melhores ou piores que os familistas, são só diferentes. A nossa cultura é muito de ir pelo senso de obrigação filial, a questão da piedade, a visão coletivista da vida, a obrigatoriedade de estar ali. A questão do familismo é que os filhos acabam tendendo para uma depressão quando os vínculos familiares não são tão sólidos ou quando eles não têm nenhum apoio, cuidam sozinho dos pais e se torna um fardo. Mas o contrário também, se ele possui um suporte, se ele teve vínculos afetivos muito bem construídos, ele sente uma felicidade de estar ali, podendo devolver tudo isso.. O familismo é um valor cultural dos povos latinos e hispânicos que revela a importância da família e reflete aspectos, tais como, apego, forte identificação com os membros da família, lealdade, reciprocidade, sentimentos de obrigação familiar, apoio e solidariedade entre os parentes. Este é um dos temas que trabalhei no meu pós-doutorado. Nas culturas individualistas, como no Canadá e nos Estados Unidos, o indivíduo está acima de todos os grupos em todos os aspectos – incluindo a família. Quando a pessoa está acima de tudo, há uma certa ruptura com os ancestrais, dá ênfase ao presente e não ao passado. Eles não são melhores ou piores que os familistas, apenas possuem crenças e valores diferentes. Comumente, a nossa cultura destaca a ideia de que a família deve estar em primeiro lugar nas nossas vidas. Somos ensinados a proteger e honrar o nome da nossa família, a perpetuar os costumes, os legados e a história dos antepassados. Somos levados a refletir sobre o senso de obrigação filial, a questão da piedade, a visão coletivista da vida, a obrigatoriedade de estar ali. O familismo pode ser um fator de risco e proteção a saúde e bem-estar ao indivíduo. É considerado um mecanismo protetor, quando a família oferece suporte emocional, estimula-o a ter um estilo de vida saudável e auxilia no enfrentamento de experiências negativas ou traumáticas. Por outro lado, pode ser um fator de risco. Muitos filhos, por exemplo, acabam vivenciando mais conflitos, tendendo a desenvolver sintomas depressivos quando os vínculos familiares não são tão sólidos ou quando eles não têm nenhum apoio, cuidam sozinho dos pais e isso se torna um fardo. Mas o contrário também, se ele possui um suporte, se ele teve vínculos afetivos muito bem construídos, provavelmente, sentirá uma felicidade de estar ali. É uma oportunidade de agir com reciprocidade, de devolver aos pais todo o investimento e cuidado que receberam deles ao longo da vida. No meu pós-doutorado, um dos temas que eu trabalhei é relativamente novo no Brasil, que é essa perspectiva do familismo. Ele é um valor cultural dos povos latinos e hispânicos, principalmente. Nas culturas individualistas, como no Canadá e nos Estados Unidos, o ser está acima de todos os grupos em todos os aspectos - incluindo a família. Quando você está acima de tudo, há uma certa ruptura com seus ancestrais, você dá ênfase ao presente e não ao passado. Eles não são melhores ou piores que os familistas, são só diferentes. A nossa cultura é muito de ir pelo senso de obrigação filial, a questão da piedade, a visão coletivista da vida, a obrigatoriedade de estar ali. A questão do familismo é que os filhos acabam tendendo para uma depressão quando os vínculos familiares não são tão sólidos ou quando eles não têm nenhum apoio, cuidam sozinho dos pais e se torna um fardo. Mas o contrário também, se ele possui um suporte, se ele teve vínculos afetivos muito bem construídos, ele sente uma felicidade de estar ali, podendo devolver tudo isso..

Quais são os cuidados que os afetados pelas doenças degenerativas - ou seja, a família e os amigos - têm que ter com a saúde mental?

É importante cuidar, cuidando-se, ou seja, investir no autocuidado, numa boa alimentação, na prática de exercícios físicos e no cultivo de bons relacionamentos. É preciso que a pessoa esteja presente, mas conheça seus limites. Também, se houver necessidade, é fundamental que se busque ajuda de profissionais de saúde e grupos de apoio.

E o que são, afinal, esses estilos de apego?

Quando nascemos, nós vamos ser cuidados por alguém, essa figura de cuidador que pode ser o pai, a mãe, a avó, tanto faz. Então essa pessoa vai estar te ensinando o que é o amor e o que é o amar. Por isso que os 3 primeiros anos de vida de um bebê são tão importantes. Essa teoria foi desenvolvida por um psiquiatra inglês, John Bowlby, depois da Segunda Guerra Mundial, com as crianças órfãs de pais que morreram na guerra. Essas crianças foram institucionalizadas, ou seja, foram para a creche e apresentavam alto índice de depressão. A partir do momento que ela cresce, ela vai desenvolver uma base segura ou insegura de apego. Se ela estiver envolvida em uma base segura de apego, ela vai ter mais confiança em explorar o mundo, mais amor próprio, que é uma mola propulsora da autoestima. Daí que nascem as as nomeações estilo de apego seguro e inseguro, sendo que o inseguro ainda apresenta três tipos: ansioso/ambivalente, evitador/desapegado e desorganizado/desorientado. As relações de apego desenvolvidas na infância são as bases das formas de apego emocional de adultos em suas relações sociais e românticas ao longo da vida.

Qual é a vantagem de ter um estilo de apego seguro?

As pessoas que possuem um estilo de apego seguro têm mais facilidade de se relacionar, de confiar, de se entregar, de investir nos relacionamentos. As que possuem um estilo de apego inseguro, no geral, são pessoas que não consegue se relacionar de forma mais fácil e espontânea, há sempre uma desconfiança, um medo. O índice de divórcio é bem maior no estilo de apego inseguro, e são pessoas com autoestima geralmente mais baixa, pois não houve esse olhar sobre elas com carinho e cuidado. Se a pessoa não teve uma relação de confiança, de afeto e de amor com seus pais ou cuidadores, provavelmente, não vai se sentir suficientemente aberta e segura para ser amada e isso dificulta muito em suas relações futuras.  Pessoas com estilo de apego seguro, ao se depararem com uma variedade de eventos estressantes advindos com as doenças neurodegenerativas, tais como, a doença de Alzheimer, os veem como menos ameaçadores e são mais capazes de lidar com o estresse. O estilo de apego seguro também tem sido relacionado aos baixos níveis de sobrecarga em filhos adultos que prestam cuidados aos pais idosos. Eles percebem o papel de cuidar como sendo mais positivo e menos oneroso do que aqueles que possuem estilo de apego inseguro.

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