Entrevista com

Elca Rubinstein

Autora do filme Branco & Prata

Assumir o cabelo branco é libertador

25 de Abril de 2019



“Me irrita ver mulher de cabelo branco”, disse-me uma senhora com os fios pintados de castanho avermelhado antes de uma exibição do documentário Branco & Prata , finalizado em dezembro de 2017, sobre mulheres que não tingem o cabelo. Ela não era a única indignada na plateia, formada quase na totalidade por idosas, metade delas com a cabeleira assumidamente branca. A reação acalorada condiz com a narrativa do filme: o sexo feminino enfrenta críticas por não tingir o cabelo, inclusive das mulheres. Para a autora do média-metragem, Elca Rubinstein, que fez carreira como economista no Banco Mundial, a maioria das pessoas esconde a cor natural dos fios para disfarçar a idade, não ficar mais bonita. 

Por que tantas mulheres escondem os fios brancos, enquanto os homens raramente fazem isso? No paradigma social, o homem de cabelo branco está associado à sabedoria, não à velhice. Aos 45 anos, sem perda de testosterona, o homem está a mil, se sentindo bem e sendo cortejado por mulheres mais jovens, para quem ele representa a figura paterna, que protege e provém. Já as mulheres da mesma idade estão deparando com os sinais da menopausa, como queda na libido e ressecamento vaginal. O orgasmo, que já era difícil atingir aos 30, ficará ainda mais distante a partir da queda do estrógeno. Junto com a menopausa chegam os fios brancos, associados a morte e velhice. A mulher talvez pinte o cabelo para não enxergar as mudanças causadas pelos hormônios. Se ela não está informada e preparada para essa transição, fica insuportável carregar o sinal da menopausa na sua cabeça. 

O que a levou a parar de pintar os cabelos? Depois de me aposentar no Banco Mundial, comecei a fazer cursos ligados ao envelhecimento e à espiritualidade. Um deles, nos Estados Unidos, se chamava From Aging to Saging , que significa envelhecer para ficar sábio. Em um dos módulos, debatíamos a chegada da morte. Não existe maneira de adquirir a sabedoria do envelhecimento se não disser para morte: entre e venha conversar comigo. Durante o curso, olhei no espelho e me perguntei: está enganando quem? Não fazia sentido abrir as portas para a morte vir conversar e, ao mesmo tempo, querer aparentar dez anos a menos. Então, disse para mim mesma: acabou, não vou mais pintar o cabelo. Assumir meu envelhecimento aos 65 anos foi libertador. Meu cabelo já estava todo branco desde os 45 anos. Se eu soubesse naquele tempo o que sei hoje, teria parado de tingir muito antes. Eu teria outra envergadura nas reuniões do Banco Mundial com homens grisalhos da minha idade. O cabelo branco teria me dado um selo de sabedoria.  

Qual foi a reação das pessoas quando parou de pintar o cabelo? Comecei a receber muitos elogios, principalmente de homens. As mulheres não diziam nada. Fui me sentindo empoderada. Me olhava no espelho e, no dia seguinte, saía de casa um pouco mais empinada. Nas ruas, comecei a reparar nas mulheres de cabelo branco, até mais jovens do que eu. E percebi: não é que elas são bonitas mesmo? Elas têm um brilho no olhar e transmitem autoconfiança. Os homens não estavam só sendo gentis comigo: a transformação realmente estava acontecendo! 

Foi aí que nasceu o documentárioBranco & PrataSim. Pouco depois que parei de tingir, ingressei em um curso de extensão em gerontologia no SEDES-SP. Decidi que meu trabalho de conclusão de curso seria estudar o que acontece com as mulheres quando elas deixam de pintar o cabelo por vontade própria. A princípio, seria um artigo. Por incentivo dos colegas, resolvi registrar as imagens em vídeo. Fiquei tão motivada que topei o desafio de transformar o trabalho em um filme. 

O documentário revela que, quando uma mulher decide assumir os fios brancos, recebe críticas de pessoas ao redor. Por que o cabelo branco de uma mulher incomoda os outros? Por alguns motivos. Uma mãe que tinge o cabelo, por exemplo, não aguenta quando a filha assume os fios brancos, porque sua idade é dedurada. No caso das amigas é a mesma coisa. Já os empregadores criticam por achar que o branco está associado com velhice, feiura e desleixo, que não cabem na empresa deles. O mercado de trabalho prefere pessoas jovens. 

Toda mulher deveria assumir os fios brancos? De jeito nenhum! Isso seria a ditadura do cabelo branco, igualmente ruim à do cabelo pintado. Quer tingir o cabelo? Por favor, tinja, desde que seja para se sentir mais bonita, não para parecer mais jovem. A maioria das mulheres pinta os fios para esconder os sinais que estão, nessa sociedade, associados à velhice. Essas pessoas estão se enganando e deixando de viver o presente e o futuro, de olho no passado. Se assumissem o branco, elas talvez fossem mais felizes e lidassem de forma mais hábil com o seu momento de vida. A questão não é ter que parar de pintar, mas poder parar de pintar se quiser, sem ter enfrentar admoestação da mãe, que diz que ela vai ficar feia, nem do empregador, que proíbe o cabelo branco no ambiente de trabalho. Eu entendo que o empregador tenha um código para o funcionário se vestir, mas esse código não pode punir a cor natural do cabelo. https://vimeo.com/97154037

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Parada obrigatória

Novos ciclos e seus recomeços

O que rolou em janeiro no Plenae!

27 de Janeiro de 2022


2022 começou com toda a força e alegria que precisávamos! Depois de tempos invariavelmente difíceis, seja para o mundo ou para os indivíduos de forma individual, o que paira no ar hoje é a vontade de recomeçar, o restart que nossas energias precisavam. 

E, tendo tudo isso em vista, o Plenae não poderia deixar de estar atento aos novos movimentos refletidos, é claro, em nossos conteúdos. Iniciamos o novo ciclo dedicando a primeira semana do mês à campanha Janeiro Branco, que tem como objetivo trazer a pauta da saúde mental ainda mais para a mesa. 

Para celebrá-la, investigamos quando é o melhor momento para iniciar o processo terapêutico, e quais são os caminhos possíveis dentro dele. Na sequência, como de praxe, comemoramos o Dia da Gratidão e, em sua homenagem, fizemos um Plenae Apresenta dedicado ao Ted Talks do monge e estudioso ecumênico David Steindl-Rast. Para ele, a fórmula é simples: quer ser feliz? Seja grato! 

 
E se o ano é novo, talvez o propósito também seja. Mas se você ainda não encontrou qual é o seu, calma, nós te ajudamos! Com dicas fáceis e mastigadas, como você já conhece, fizemos um post no Instagram inspirado em uma matéria antiga aqui no portal, que tinha como intuito te fazer refletir e encontrar a sua missão de vida.

Também falamos sobre como manter um hábito mesmo sem se sentir motivado, afinal, o primeiro mês do ano é a temporada oficial das promessas que, infelizmente, vamos deixando pelo caminho, muitas vezes pela falta das três regrinhas principais: foco, força e fé!

E, se suas férias já acabaram e você voltou para a correria da rotina, pode estar sofrendo da Síndrome do Domingo. Apesar de bastante comum, ela pode ser nociva se for muito frequente ou muito intensa. Mas fique tranquilo: separamos alguns passos simples que podem te ajudar a combatê-la. 

 
Apesar de serem parecidas e até rimarem, empatia e simpatia são diferentes em seus significados e funções sociais. Mas você saberia dizer quais são essas diferenças? Te explicamos tudinho aqui, nesta matéria. Alerta spoiler: é possível sentir empatia sem sentir simpatia! Ficou confuso? Corre lá para entender melhor.

Uma má noite de sono pode afetar sua empatia, sua simpatia e todos os seus outros sentidos e sentimentos. Isso porque o sono, como já é amplamente sabido, afeta todo o nosso corpo e mente. Mas há o que se fazer para combater esse pouco descanso, contanto que ele não vire regra, é claro. 

Um desses passos é, justamente, a meditação - também antiga por aqui. Mas você sabia que meditar pode alterar a forma do seu cérebro? Apesar de parecer assustador, essa é na verdade uma notícia boa. Transcender para outro estado de consciência com frequência pode aumentar sua massa cinzenta em campos importantes do órgão, como a memória e a concentração.

 

Entre seus benefícios está, por exemplo, a redução do estresse e a melhora da saúde mental. E se o assunto é saúde mental, é hora de se perguntar: estamos falando o suficiente sobre o tema com as nossas crianças? Engana-se quem pensa que a infância é só alegria! Ela pode ser palco para sentimentos confusos e reprimidos se não houver a devida atenção e compaixão. Esteja atento aos sinais!

E ah: não se esqueça de se manter sempre hidratado. Beba líquidos e leia os conteúdos do Plenae: essa receita vai te levar longe! Nos vemos mês que vem com mais surpresas e inspirações para uma vida repleta de qualidade e saúde!

Matérias que você não pode deixar de conferir
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Nossa frase do mês para você refletir

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