Entrevista com

Alana Menezes

Médica Geriatra

A eficácia do prevenir: a relação entre hábitos e longevidade

28 de Fevereiro de 2020



“O Brasil está envelhecendo mais rápido do que os outros países quando o assunto é envelhecimento. No futuro, a cada 10 pessoas, 4 serão idosos. Para nos prepararmos para isso, é necessário mudar toda a estrutura” conta Alana Menezes, a entrevistada dessa edição de #PlenaeEntrevista. Para ela, enquanto gestora de um plano de saúde, a melhor forma de economizar é tratando a saúde como um todo, e não só a falta dela. Confira nossa entrevista: 

Porque se interessou pelo trabalho com operadoras de saúde?    Eu estava indo para uma área mais acadêmica, fazendo mestrado. Optei por estudar uma linha do idoso não muito estudada, que é a sexualidade. Mas em paralelo, também montei um serviço específico que explorasse ainda mais o estudo e atendimento em pacientes com osteoporose. Com isso, acabei ganhando mais espaço dentro da gestão onde trabalho atualmente, que é a Prevent Sênior. 

Na sua visão, porque as operadoras de saúde do Brasil se dedicam mais a atender a população jovem? Se a gente foi ver, grande parte delas são vinculadas à empresas, e quem faz parte desse grupo que ocupa esses postos de trabalho são os jovens, que estão trabalhando. A própria lei CLT recomenda o oferecimento de uma assistência médica, é tudo feito em conjunto entre operadoras e empresas. Já o idoso, que é talvez quem mais precise de assistência, fica descoberto. É por isso também que se cobra muito mais em planos de saúde para o idoso, porque não há o subsídio de uma empresa por trás. O paciente tem de arcar com tudo. Além disso, parte-se do princípio que o paciente mais maduro irá apresentar mais doenças que demandam internação, como as doenças crônicas e as fraturas, mas o jovem também apresenta outros tipos de doenças crônicas, principalmente as de cunho psicológicos. 

Qual é a saída para, na teoria, adoecer menos? Priorizar a atenção primária, o diagnóstico e a prevenção. Assim como o Plenae, a nossa visão também é muito voltada para saúde, e não só a falta dela. Temos que fazer outros tipos de atividades que possam evitar doenças. Onde eu trabalho, temos parceria com parques e clubes, mesmo não sendo obrigatoriedade do plano, porque isso além de melhorar a relação com o cliente e fidelizá-lo, também faz bem pra saúde. Assim eu diminuo a mortalidade, eles vão viver mais, e reduzo o meu custo também. Não tem segredo, a fórmula é pensar neles em primeiro lugar. 

“Apesar de estarmos vivendo mais, estamos mais doentes do que antes.” Concorda com a frase? Concordo. Hoje vivemos muito mais, a expectativa de vida do brasileiro ao nascer já é bem próxima ao de países desenvolvidos, o número de centenários vai aumentar cada vez mais. Mas existe um termo na geriatria que chama “compressão da morbidade”, porque não adianta viver mais sem viver bem. Precisamos mudar nossa forma de cuidar da saúde, fazer atividade física, controlar melhor a alimentação, fazer outras coisas que tragam qualidade a esse viver estendido. Estamos estudando cada vez mais o adiamento de doenças crônicas, que acabam trazendo sequelas e morbidade a vida de um idoso que sim, vive mais, mas não vive bem. A gente aprendeu muito, a assistência de saúde melhorou muito, mas não é ampla também, fora das capitais a realidade é outra. Avançamos muito nos remédios, mas não no estilo de vida, essa é a principal luta. Ele vive mais, mas não teve dentista, mulheres que não sabem o que é uma mamografia, não tinham academia ou prevenção ao HIV, o cigarro é mais abolido atualmente. Hoje essa geração com 30, 40 anos, vai vivenciar os 70 anos de forma diferente, mais consciente. 

Qual foi o grande divisor de águas que nos fez atingir idades tão avançadas? Enquanto médica, tenho para mim que o saneamento básico foi o grande divisor de águas para que se diminuísse principalmente a mortalidade infantil, por exemplo. Antes as pessoas não chegavam a velhice não só porque morriam aos 40, mas porque morriam ainda criança. A mortalidade infantil era imensa, e era um fato corriqueiro. Hoje em dia uma criança morrer é uma tragédia, uma calamidade mesmo, não existe naturalidade alguma nisso. O flúor na água, o surgimento do antibióticos e medicamentos para o coração, a vacinação, todas essas medidas também foram responsáveis. A assistência da saúde como um todo melhorou, mas o diferencial foi essa atenção primária. A educação em saúde hoje em dia também é muito mais difundida, temos programa de televisão que falam sobre isso, a internet, o acesso a informação é mais fácil. Antes era mais a Igreja, o médico da família, e haviam muitas crenças populares. Então a conscientização de que a saúde é importante também faz parte dessa evolução da idade. Hoje a gente sabe o que faz mal ou bem, cabe à escolha pessoal do ser humano. 

O que podemos fazer no nosso dia a dia para garantir ainda mais essa longevidade com qualidade? É preciso que os hábitos sejam revistos desde a juventude, não adianta pensar nisso só aos 70, 80, isso tem que ser revisto desde já. A grande chave é mudar essa conscientização ainda nos jovens. A alimentação, o estudo e difusão da saúde, exercícios físicos, ter zelo com o próprio corpo, ter bons relacionamentos, dormir bem. Não é mais não fumar, não beber e caminhar. Mas abrange a saúde mental, estar bem com suas decisões. Envelhecer pode ser considerado uma perda? Sim, geralmente você não lembra tão bem das coisas, não enxerga tão bem. Mas é um processo natural, que demanda uma adaptação igualmente natural e que não precisa ser traumático. Claro que tragédias e acidentes acontecem, descobrir um câncer mais relacionado a genética do que aos hábitos, mas isso não é regra. Hoje ainda se morre muito mais por doenças cardiovasculares, AVC, infarto, hipertensão e diabetes, que estão relacionados principalmente ao nosso estilo de vida. Por isso mesmo conseguem ser evitáveis ou retardáveis com mudanças simples no nosso dia a dia.

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Entrevista com

Fábio Gallo

Colunista do Estadão e professor da FGV-SP

Como conquistar a tão sonhada aposentadoria tranquila?

7 de Fevereiro de 2020



Conversamos com o colunista do Estadão e professor da FGV, Fábio Gallo, para entender melhor sobre as mais variadas formas de poupar e investir o seu dinheiro – e poder usufruir de uma aposentadoria tranquila financeiramente.

Como faço para começar a poupar? Para qualquer idade, poupar é um hábito, e como todo hábito, demanda um sacrifício inicial até que ele se torne automático. O primeiro passo para isso consiste em estabelecer objetivos claros para a sua vida. Aqui, vale de tudo: sonhos, valores, vontades. Como eu quero estar aos 60 anos? Onde? Qual a renda que eu precisaria ter para concretizar isso? Tendo essas respostas claras, você consegue avançar para o segundo passo, que é o planejamento financeiro. Quanto eu ganho? Quanto eu gasto? Quanto eu consigo guardar todo mês? E o terceiro e último passo é buscar um conhecimento básico sobre as mais variadas formas de se investir esse dinheiro, agora que você já sabe o valor dele e seu objetivo. 

Eu consigo guardar dinheiro para a aposentadoria já em uma idade avançada? O ideal é que essa preocupação com o futuro surja ainda quando se é jovem, mas existem opções de investimento para toda a vida. Isso entra, novamente, na questão de objetivos e sacrifícios. É preciso que os dois estejam alinhados, suas vontades futuras e sua capacidade de sacrificar parte de sua renda todo mês para isso. Outro fator que entra novamente nessa jogada é a educação financeira. O brasileiro infelizmente possui um analfabetismo financeiro muito grande, pois não praticamos isso. Acreditamos demais em alternativas propostas pela mídia ou pelo banco, sem buscar conhecimentos mais aprofundados. Não adianta só guardar dinheiro de forma equivocada, porque você vai descobrir na aposentadoria que isso pode não ter sido o mais adequado. 

O que é melhor: investir ou poupar? Há uma confusão entre investimento e poupança, que é guardar dinheiro ou fazer ele render. Qualquer forma de investimento é boa em si, até mesmo para a criação do hábito já mencionado, mas não para todos os bolsos e a qualquer momento. As formas de poupar e investir no Brasil são as mais variadas possíveis. Você pode guardar dinheiro na caderneta de poupança? Sim, mas o indicado é que ele seja apenas para as surpresas do dia a dia, e não a longo prazo. Já os investimentos são o movimento contrário: é preciso colocar o seu dinheiro lá e esquecer que ele existe. Até por isso demanda um planejamento maior. 

Quais são então as melhores formas de se investir esse dinheiro? Varia muito de pessoa para pessoa. Os planos de previdência privada são boas alternativas a longo prazo, por exemplo, mas é um produto bastante caro no Brasil, porque há muitas taxas. Ao mesmo tempo que ele posterga pagamentos tributários e é fácil de comprar - já que todos os bancos te oferecem - ele é mais caro e mais limitado, oferece poucas opções, sendo mais difícil de encontrar um ideal para você. Pensando em demais investimentos, você tem o tesouro direto que permite investimentos baixíssimos, podendo começar com 30 reais, por exemplo. Existe ainda o CDB, os mais diferentes créditos imobiliários, fundos de renda fixa, fundo de multimercado, e até uma pequena parcela num fundo de ações ou mesmo numa carteira de ações. É estudar e entender qual está mais alinhado com seus objetivos e sua renda. Por fim, ainda há os investimentos exóticos, mais indicados para quem já é expert na arte de investir. Eles envolvem obras de arte, compra de ouro e até alimentos como escargot. Outras dicas importantes: saber a liquidez de cada um, para o caso de um saque de emergência, além de suas respectivas taxas de administração - alguns exigem uma taxa mais alta. 

A compra de imóveis já foi moda um dia. Ela ainda vale a pena? Imóvel é um risco pois, apesar da segurança em ser seu sem risco de perdê-lo (uma vez quitado, é claro), ele não possui liquidez. Você não consegue o dinheiro de um dia para o outro, caso precise, por exemplo. Colocá-lo para aluguel tem se provado um mal negócio nos últimos 5 anos, pois a demanda estava baixa, e o imóvel gera custos mensais mesmo sem ninguém o habitando. A menos que você tenha muitos imóveis para alugar, é claro. O ideal, para uma pessoa leiga e mais conservadora que queria investir em imóveis, é aplicar o dinheiro que seria da sua compra em um fundo imobiliário de baixo risco. 

Qual foi a principal mudança que a Reforma da Previdência trouxe? A mudança na mentalidade que o brasileiro vai ter de assumir, de agora em diante. Isso porque, com as novas entraves, é necessário que a preocupação com investir o seu dinheiro comece desde cedo, para que a aposentadoria pública vire um complemento, e não mais sua única fonte de renda nessa fase da vida. 

DICAS DE OURO

Pegue sua caneta e comece a anotar!

  • Não colocar todos os mesmos ovos na mesma cesta. Qualquer pessoa consegue fazer um pouco essa distribuição para, no futuro, poder colher de diferentes fontes.
  • Pensar na liquidez. O aposentado deve ter essa preocupação de forma duplicada, pois emergências podem ser comuns em idade mais avançada.
  • Cursos que te ensinem os diferentes tipos de investimento.
  • Traçar metas e objetivos claros do que e quanto você quer para seu futuro.

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