Para Inspirar
Conheça a história de como o foco venceu as drogas, na décima quarta temporada do Podcast Plenae.
10 de Dezembro de 2023
Leia a transcrição completa do episódio abaixo:
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Regis Adriano: Eu morei cinco anos na Cracolândia. O morador de rua sofre muitas violências gratuitas. A gente, como ser humano, olha o mundo com base no nosso umbigo e acha que a pessoa tá na rua porque quer. Esse é um olhar simplista. A gente não sabe nada sobre o outro, mas sabe julgar. Eu conheci gente que começou a usar crack porque foi abusada sexualmente, porque perdeu a casa e até porque ouviu dizer que era bom pra emagrecer.
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Geyze Diniz: Regis Adriano foi usuário de drogas por quase metade dos seus 49 anos. No auge da dependência química, fugiu de casa pra morar na Cracolândia, no centro de São Paulo. Ele se internou sete vezes pra se livrar do crack. Mas, a ferramenta que funcionou mesmo pro Regis abandonar as drogas foi o resgate do amor próprio, com a ajuda de uma antiga paixão: o skate. Eu sou Geyze Diniz e esse é o Podcast Plenae. Ouça e reconecte-se.
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Regis Adriano: Eu comecei a furtar com uns 8 anos de idade. Os primeiros furtos eram uns brinquedinhos que eu pegava na casa dos meus primos. Depois, eu passei a pegar dinheiro das crianças na escola. Quando a minha mãe descobria, ela me batia. Era assim que os pais educavam os filhos naquele tempo. Só que, quanto mais eu sofria agressões, mais danado eu ficava.
Não tinha nenhum criminoso na família. Eu que sou rebelde por natureza. Quando eu fiz 14 anos, o meu pai, que era metalúrgico, me colocou pra estudar no SENAI. Ele me arrumou também um emprego onde ele trabalhava. Era um programa parecido com o Jovem Aprendiz de hoje. Aí, eu comecei furtar dentro dessa empresa.
Um dia, eu cheguei pra trabalhar e vi uma viatura da polícia parada na frente da firma. Achei que tivessem descoberto os meus furtos, e eu mesmo me entreguei. Só que os policiais estavam lá por outro motivo. Ninguém sabia dos meus crimes. O meu contrato, lógico, foi encerrado. Em consideração ao meu pai, que trabalhou 36 anos nessa empresa, eu não fui demitido por justa causa.
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Foi mais ou menos nessa época que eu comecei a andar de skate. Não falei que eu era rebelde? Nos anos 80, o skate era pura rebeldia. Hoje é esporte olímpico, mas naquele tempo era uma parada marginalizada, sem regra. O skate era tão mal visto, que chegou até a ser proibido em São Paulo.
Quando eu vi aqueles caras com cabelo diferente e roupa colorida, eu quis ser um deles. A galera do skate pichava e eu comecei a pichar também. A minha mãe, claro, não gostou. Não gostou nada disso, nem das minhas novas amizades. Mas, se a minha mãe não gostava, aí é que eu gostava mais ainda.
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Um dia, a minha mãe desconfiou que eu estava usando droga. Ela falou brava: “Seu olho tá vermelho! Vem aqui, deixa eu cheirar a sua mão!”. Mas, eu nunca tinha usado nada. Só porque ela me desafiou, aí que eu quis usar mesmo. Quando eu encontrei um amigo do skate fumando um baseado, eu pedi um trago.
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O que eu não sabia é que eu tenho a predisposição genética pra ser adicto.
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Várias pessoas na minha família são alcoólatras. Eu gostei de maconha. Um ano depois, comecei usar a cocaína. Dois anos depois, já estava no crack. No terceiro ano, me envolvi com o tráfico.
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Eu achava que a vida dos traficantes era mais glamourosa que a minha. Eu pegava trem e entrava no trabalho às 7 da manhã. Enquanto isso, os traficantes andavam de carro e sempre tinham umas minas do lado. A minha mente de otário pensou assim: “Ah, eu já gosto de usar droga e lá tem um monte. E ainda vou ganhar dinheiro e andar com as minas”. No primeiro ano de tráfico, eu fui preso e condenado a 4 anos e seis meses de prisão. Eu fiquei 2 anos, 9 meses e 22 dias na cadeia.
O período na prisão foi tenebroso, porque, além de tudo, eu era usuário de crack. Na rua, eu fazia os meus corres e conseguia comprar droga. Na cadeia, era a minha família que tinha que pagar. O dependente químico põe a droga acima do risco de vida. Eu manipulava o medo da minha mãe e ela acabava pagando as dívidas que eu contraía dentro da prisão.
Eu sempre fui bagunceiro mas, depois da droga, a minha vida se desgovernou totalmente. Depois que eu saí da cadeia, a minha mãe tentou evitar que eu voltasse pro tráfico. Ela pediu pro dono de uma empresa de usinagem do meu bairro, em Caieiras, na Grande São Paulo, pra me dar um emprego. Ele me deu uma oportunidade e eu comecei a reconstruir a vida.
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Esse empresário decidiu terceirizar a firma e propôs que os funcionários comprassem as máquinas, num esquema de cooperativa. Eu topei. O problema é: eu ainda usava droga. Eu trabalhava de dia e usava crack à noite. A droga tomou conta da minha vida e eu perdi a empresa. Ah, eu perdi o skate também. Quando eu não tinha mais dinheiro, eu trocava um skate que valia mil reais por uma pedra de 5.
Mas, o pior foi perder a minha família. Nessa época, eu era casado e tinha três filhos. O ano em que eu fumei o primeiro baseado foi o ano que a minha primeira filha nasceu. Eu fui um pai totalmente ausente. Eu cheguei a trocar a bicicleta do meu sobrinho por droga. As crianças dormiam no escuro, porque eu gastei o dinheiro da luz em crack. A família do dependente sofre demais. Meus filhos hoje nem falam comigo.
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Eu decidi me internar pela primeira vez por vergonha dos meus erros. Quando eu saí da clínica, tive uma recaída. Me internei de novo e recaí de novo. Foram sete internações em oito anos. Em uma delas, eu fiquei dois anos morando na clínica. Não adiantou. Até que eu perdi a confiança em mim e desisti. E decidi morar na rua, comendo resto de comida que eu achava no lixo. Foram cinco anos vivendo na Cracolândia.
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Eu me virava com furtos, como de torneiras das casas, e trocando lixo reciclável por dinheiro. Um dia, passou por mim um cara fortão tentando me hostilizar. Era um careca, desses adeptos do movimento “white power”. Eu tive a ingenuidade de falar “bom dia”. Esse cara começou a me bater. Já fazia alguns dias que eu não comia. Eu não tive nem força pra correr. Fiquei ali apanhando.
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No centro de São Paulo, muita gente anda de skate. Teve um dia que eu tava pegando papelão e vi umas mil pessoas descendo a Rua da Consolação. Era um encontro em comemoração ao Dia Mundial do Skate. Eu chorei demais. Eu pensava: “Meu Deus do céu. O que que eu tô fazendo na minha vida?”.
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De vez em quando, eu pedia pra dar uma voltinha numa pista. Aí os moleques falavam: “Tiozão, você não anda de skate nada”. Aí, eu respondia: “Deixa eu andar pra você ver”. Aí eu dava um rolê e eles ficavam impressionados. Um deles me falou: “Ê tiozão, volta para casa, mano, você faz mó falta pro skate”. O outro me disse: “E parça, você tem uma energia daora”.
E frases assim me faziam chorar. O skate me lembrava da minha humanidade. Quando eu estava na rua, eu não me sentia mais um ser humano. Eu me sentia um bicho. Eu carregava muita culpa, muito trauma. Eu não conseguia ver o que eu tinha de bom. Só enxergava as partes ruins.
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A minha vida começou a mudar quando um prefeito de São Paulo implementou uma política pública para redução de danos. Era o programa “De braços abertos” do CAPS, Centros de Atenção Psicossocial, que acolhia moradores de rua e oferecia terapias. No SUS, eu fui recebido por um psicólogo muito amoroso e dedicado. Com a ajuda dele que eu comecei a sair do buraco. Comecei a ressignificar a minha vida.
O primeiro passo foi enxergar a minha responsabilidade por aquela situação de vida. Várias vezes eu falava: “Ah, o cara que me ofereceu a droga”. Eu punha a culpa no outro, não em mim. Aí o psicólogo me falou: “O que acontecer aqui é culpa sua”. Eu entendi que as drogas sempre vão existir no mundo. Depende de mim estender o braço pra pegar ou não.
Na terapia, eu passei a refletir sobre a minha relação com o crack. As pessoas usam drogas pra escapar de alguma dor. Comigo não foi diferente. Eu me lembrei que, na minha infância, eu me sentia rejeitado. Eu não tive contato com o meu pai biológico. Eu achava que o meu padrasto, que me criou e foi um bom pai pra mim, me rejeitava. Achava que a minha mãe gostava mais do meu irmão mais velho. Eu me sentia o patinho feio da família.
Eu era um cara cheio de complexos. O psicólogo me ajudou a resgatar o meu amor próprio. Ele dizia que eu não tinha que me importar com a opinião do outro sobre mim. O importante é como cada um se vê. Eu falava: “Eu sou feio, as pessoas não gostam de mim”. Ele dizia: “Essa não é uma situação permanente. Aprende a se cuidar, Regis. Eu sei que é difícil, mas se você aprender a se cuidar, sua vida vai ser uma outra. Olha pro seu passado e encontra onde você se perdeu”. Por causa de um ato de rebeldia contra a minha mãe, eu me perdi. Mas, isso não quer dizer que eu estou perdido para sempre.
Na terapia, eu entendi que eu sou um cara bom e comecei a me apropriar disso. Um dia, a polícia foi dispersar o fluxo na Cracolândia. Já tinha tido várias incursões da polícia lá, só que eu nunca tinha visto com os meus próprios olhos. Eu vi um monte de gente machucada, mas comigo não aconteceu nada. Eu lembrei do Salmo 91, da Bíblia, que diz: “Mil poderão cair ao seu lado; dez mil, à sua direita, mas nada o atingirá”. Deus estava me dando mais uma chance, das muitas que ele me deu e eu não aceitei. Aquele dia, pra mim, foi a gota d’água e voltei pra casa.
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Eu continuei com a terapia e o psicólogo disse que eu precisava de alguma fonte de prazer pra substituir a droga. Não na mesma intensidade, mas algo que me deixasse alegre. Muitas pessoas param de usar drogas e não buscam preencher o dia a dia com nada. Aí, a vida parece vazia. O psicólogo me explicou sobre a importância da atividade física. O nosso cérebro libera serotonina e dopamina. São neurotransmissores responsáveis pelo bem-estar e pelo prazer. Era a justificativa que eu precisava pra voltar ao skate.
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Já fazia uns quatro meses que eu não usava crack, quando chegou o Dia Mundial do Skate, 21 de junho, a minha mãe, que já estava começando a acreditar em mim, viu o esporte com outros olhos. Ela me deu o dinheiro para eu levar meus sobrinhos, que são crianças, no encontro. Foi um dia muito emocionante pra mim. Quantas vezes eu saí de casa de skate e voltei a pé… Dessa vez, eu voltei de trem, com o skate debaixo do braço e na companhia dos meus sobrinhos.
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Quando eu era novo, eu andava de skate pensando nas manobras. Agora, ele é muito mais do que uma tábua de madeira com quatro rodinhas. Ele virou a minha ferramenta de resgate. Uma, duas ou três vezes por semana, eu pego meu skate e, só de sair por aí remando, o meu estresse e a minha ansiedade já vão diminuindo. Consequentemente, a minha fissura também.
Depois que eu parei de usar droga, eu voltei a estudar, me formei no Ensino Médio e quero prestar vestibular pra jornalismo. Eu escrevi um livro sobre a minha história, ele se chama "Skate no caminho das pedras". Pretendo publicar outro, de poemas. A escrita virou a minha terapia. Eu publico os meus textos em uma página do Facebook que se chama “Usuários”. A minha história ajuda dependentes químicos e familiares de pessoas que passam por esse problema. A minha dopamina hoje é ajudar os outros.
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Eu tenho 49 anos. Fui usuário de drogas por 25 anos. Faz 4 anos e 8 meses que eu tô limpo. Eu não preciso mais da droga pra ter o prazer. Eu tenho o skate, que é uma fonte de prazer saudável. O esporte me ajudou a resgatar a autoestima, a sensação de superação e o senso de coletividade. De certa forma, é uma ferramenta de resgate, porque o crack tirou o skate de mim.
Quando eu sinto o vento no rosto, eu me conecto com aquele Regis, o adolescente que nunca usou droga. Eu me lembro que a minha vida pode ser outra. Eu não me abandono mais. Sou obstinado pela minha recuperação. E é isso que eu tento inspirar em outras pessoas: que elas sejam obstinadas pelas próprias vidas e pelos próprios sonhos.
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Geyze Diniz: Nossas histórias não acabam por aqui. Confira mais dos nossos conteúdos em plenae.com e em nosso perfil no Instagram @portalplenae.
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Para Inspirar
Na quarta temporada do Podcast Plenae - Histórias para Refletir, conheça o propósito e a perseverança do empresário Geraldo Rufino
18 de Abril de 2021
Leia a transcrição completa do episódio abaixo:
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Geyze Diniz: O empreendedor Geraldo Rufino é o que se pode chamar de self-made men. Ele teve uma infância pobre, perdeu a mãe aos 7 anos, aprendeu a ler aos 12, mas venceu todas as adversidades da vida e construiu uma carreira de sucesso. Hoje, além de empresário, ele é palestrante e influenciador nas redes sociais. Nessa temporada, o Geraldo conta porque a motivação de ajudar os outros sempre o levou a um degrau mais alto na sua história. Ouça no final do episódio as reflexões da especialista em desenvolvimento humano, Ana Raia, para te ajudar a se conectar com a história e com você mesmo. Eu sou Geyze Diniz e esse é o Podcast Plenae. Ouça e reconecte-se. [trilha sonora]
Geraldo Rufino: Eu nasci em Minas Gerais. Mãe, pai, mais 8 irmãos. Aí perdemos a roça, morávamos numa causa de pau a pique e precisávamos ir pra algum lugar. Viemos para São Paulo, porque se imaginava que era a cidade da oportunidade. Aqui, eu descobri que a oportunidade estava dentro de cada um de nós. Nos instalamos numa casa de uma tia, ficamos lá por dois dias. Viemos pra cá porque tinha uma tia, nos instalamos lá por dois dias. No terceiro dia, ela não tinha condição de dar estrutura para tanta gente, agradecemos e fomos morar em uma favela. Nessa favela, nós percebemos que era um ambiente de oportunidades e lá nós começamos a lidar com o que tinha pra hoje, aprender a acompanhar as coisas boas e estava tudo lindo, eu era muito feliz. Tinha uma família unida, minhas irmãs foram trabalhar de domésticas, minha mãe era diarista, cuidava muito bem da gente. E ali eu aprendi uma coisa que minha mãe passou pra gente muito forte, que é o que me conduziu até aqui. Minha mãe me passou valores, muito forte nos valores. Mesmo morando num barraco de chão batido, não era problema, mas a minha vida era linda até os 7 anos e meio quando eu perdi a minha mãe. [trilha sonora] Meu pai, do nada, veio com a notícia de que minha mãe havia falecido. Eu demorei um pouquinho para entender essa coisa da morte, como se perde a mãe, essa coisa de perder a mãe, a mãe morreu. Como assim? Ela era minha guia, minha bússola, minha direção, a deusa da minha vida. Eu decidi que, em homenagem a minha mãe, eu ia ser realmente importante e para consolidar essa importância eu fui arrumar um trabalho pra fazer a diferença, pra ajudar a minha família.
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Arrumei um trabalho para ensacar carvão. Eu tinha 8 anos de idade, mas o espírito era de empreendedor. Eu queria ser importante, eu queria levar alguma coisa interessante para casa, meio salário, o que eu conseguisse ganhar. Então eu trabalhava de forma, que não era exaustiva, muito forte não, porque eu tinha paixão pelo que eu fazia. Então eu acabava não cansando e eu consegui ajudar meu pai e meus irmãos. Ali, foi meu primeiro trabalho. Trabalhando no CNPJ de alguém, mas com espírito de empreendedor. Como eu costumo dizer, Deus não sacaneia ninguém. Ali, eu achei uma oportunidade pra ir para um trabalho melhor. Eu fui catar latinha, catar latinha no aterro sanitário, e lá se achava tudo além das latinhas. E ali, eu gerei uma oportunidade de começar a empreender pra mim. Eu fiquei fazendo isso dois anos. Ali eu cresci, ali eu comia, dormia e ali eu consegui ganhar dinheiro. E aí, estava tudo indo muito bem, quando novamente eu perdi o dinheiro porque eu enterrava o dinheiro, alguém desenterrou, passou uma máquina no terreno que eu enterrava o dinheiro e eu tive que começar de novo. Comecei pedindo, comecei trabalhando na feira, vendendo limão. Aprendi a vender, aprendi a lidar que todo lugar tem oportunidade para ganhar alguma coisa. Continuei usando os ensinamentos da minha mãe, continuei blindado nos meus valores, entendendo que se você trabalhar 14 horas por dia, não tinha pobreza que resistisse a isso. E eu fui fazer isso. Eu continuei fazendo isso exaustivamente durante um bom tempo, até que eu consegui uma oportunidade de, novamente no CNPJ de alguém, empreender.
Eu fui trabalhar de office boy numa multinacional. Olha, lá eu entrei como office boy, mas com espirito empreendedor. Ali, eu comecei criar oportunidades, as portas foram sendo destrancadas, eu fui abrindo, empurrando e, com 15 anos, eu consegui ser líder de um departamento indicado pelo meus líderes, pelos meus patrões que passaram a ser meus mentores. Me deram direção.
Eu olhava meu chefe e meu mentor e eu conseguia enxergar neles uma extensão da minha família, dos meus professores. Aprendi a ouvir e eu prossegui nesse endereço, nesse lugar, por quase 20 anos. Tempo suficiente de eu ir de office boy a diretor de uma multinacional, mas sem deixar a referência dos meus valores, sem deixar de ser solidário, de ajudar os outros. Assim eu comecei a ajudar minha família.
[trilha sonora]
Família. Família pra mim é a base de tudo. Ali começa tudo. Irmãos, os meus, extensão dos irmãos, o lugar que trabalha, as pessoas que você convive. Ali eu sempre lidei facilmente com os diferentes. Decidi ir descobrir muito cedo que as pessoas eram boas, só eram diferentes. Então pra minha vida ficou muito fácil e eu comecei a entender que os tempos não eram difíceis, os tempos eram diferentes. E eu me ajustava a cada tempo que chegava e começava a entender que o problema que acontece é menor que você. Eu nunca tive um problema maior que eu.
[trilha sonora] E aí, eu consegui com isso ajudar meus irmãos. Meus irmãos se fortaleceram. Nós somos em 150, todos nós somos empreendedores. Nós ajudamos uns aos outros. E, junto com essa ajuda emocional, a sensação de segurança que você pode contar com mais alguém, eu fui constituindo e fortalecendo a base. A base é a família. Ali começou meu empreendedorismo, começo meu networking, a minha relação. Abri um negócio pra ajudar meus irmãos, os meus irmãos partiram pra outra e aí eu fui cuidar do negócio pra proteger o emprego das pessoas que estavam lá. E ali, eu comecei a desenvolver o que eu já vinha fazendo lá atrás: me dedicando, focando com o mesmo propósito. Todos os dias querendo sair de casa de manhã pra fazer a diferença pra mais alguém. Todos os dias entendendo que eu podia contribuir, que eu podia fazer a diferença pra mim, pra minha família, pra extensão da minha família - que era o lugar que eu trabalhava - e, por consequência, pro meu país. A cada crise que aparecia eu aprendia. E na próxima, eu subia um degrau a mais. Quando eu tinha problema financeiro, aquilo eu usava como vivência, experiência, aprendizado. Eu colocava no retrovisor, e aí eu conseguia olhar no retrovisor e ao mesmo tempo eu percebia que é no para-brisa que está a vida. Então, todas as crises, tudo que aconteceu comigo durante todo este período, inclusive o que acontece na nossa atualidade, eu olho no retrovisor e eu vejo que tudo cabe no retrovisor. Eu passei a olhar para o para-brisa. Eu comecei a entender que eu só precisava estar aqui pra recomeçar. Eu só precisava que começasse ter oportunidade de mais um dia, que foi o que eu aprendi com a minha mãe quando lá atrás, que quando o sol iniciava de manhã a luz entrava no barraco e a mamãe dizia que eu tinha que ter gratidão pelo privilégio de mais um dia. [trilha sonora] O tempo passou, eu mudei de endereço, a luz entra na minha veneziana e eu agradeço o privilégio de mais um dia. E graças a isso eu consigo todos os dias sair de manhã com o máximo da gratidão. Eu consigo levantar e servir um café pra mulher na cama. Você sabe como chama isso? Network. Meu network começa dentro de casa. O meu empreendedorismo começa dentro de casa, meu relacionamento, a conquista do outro. Ninguém faz nada sozinho, nós precisamos do outro e o outro você conquista com quem tá a sua volta. Eu tenho muita fé. Eu entendo que Deus está dentro de cada um de nós. E a hora que você encontra seu semelhante - precisou vir uma pandemia para as pessoas perceberem que nós somos semelhantes - e a hora que você encontra seu semelhante, você percebe que Deus tá nele também. Então eu gosto de tocar, de falar, de dar um abraço, de conviver com os diferentes, entender que o Deus que bate aqui, bate lá. Isso vai melhorando, vai deixando a minha vida leve e cada dia eu vou assumindo mais a responsabilidade e fortalecendo meu propósito que é ter resistência, resiliência natural que tem dentro de cada um de nós. Então todos os dias eu me reforço e começo de novo. Volto pra casa, carrego as baterias no colo, na base, onde tá minha melhor energia, na família. Essa energia tá dentro de cada um de nós. [trilha sonora] E eu ganhei um presente, gente, quando você fala de valores. Eu tenho um pedaço da minha história que faz parte dos meus diamantes. Eu sou casado, muito bem casado, tenho a mesma namorada faz 40 anos. Eu tenho dois filhos homens e eu queria ter um terceiro filho e não podia mais. Mas olha que interessante quando você exerce seus valores, tem solidariedade, olha todo mundo com positividade e olha para o para-brisa. Eu quis ser solidário e ajudar uma criança num determinado período da minha da minha vida. Eu tinha tudo, já tinha dinheiro, já estava tudo certo, mas parecia que estava faltando uma coisa e eu tentei ajudar uma pessoa que estava numa situação muito difícil. Nasceu debaixo de uma ponte, estava com problema de saúde, internada, uma criança, um recém-nascido, prematuro. Eu quis ajuda e por tentar ajudar, usei todos os métodos, todos os relacionamentos que eu tive até conseguir ajudar. Quando eu fui tentar resolver, eu queria aquilo pra mim. E disseram: "Olha, pra você conseguir resolver, você precisa ser candidato a adoção". Ali eu ganhei meu terceiro diamante, minha filha. Um dos meus melhores presentes. Eu não fiz com essa intenção, mas eu ganhei um presente divino que completou o meu propósito que é: ser feliz e fazer diferença para que o outro possa ser também. Que é ser feliz e impactar o maior número de pessoas a olhar para dentro e perceber a quantidade de ferramentas que cada um de nós temos com sobra pra ser feliz, ser forte, ser flexível e ainda fazer diferença pra impactar e melhorar a vida de mais alguém. Ser locomotiva e assim nós vamos fazendo diferença e transformando nós, a família, a nossa sociedade, o lugar que nós vivemos, o nosso país, a humanidade à medida que cada um de nós tira de dentro pra fora. Atitude, iniciativa, determinação, propósito de fazer diferença pra impactar a vida dos nossos semelhantes. [trilha sonora] Ana Raia: Estamos na era do propósito. Mais do que nunca, as pessoas buscam vidas com significado, tempo de qualidade com seus próximos, saúde, fazer a diferença na vida das pessoas e deixar um legado. A métrica de sucesso mudou. Apenas segurança, status e poder não dão conta de preencher os corações de quem tem a consciência expandida. E Geraldo é assim, ele é uma dessas pessoas que tem uma visão do mundo que transcende a realização pessoal. Ele é fiel ao propósito de ajudar as pessoas e fazer a diferença em suas vidas. Leva uma vida coerente, íntegra, com total conexão entre seu mundo interior e o mundo exterior. Suas ações seguem seus valores, ele é fiel a sua essência. Frente a grandes perdas, emocionais e financeiras, ele nunca se permitiu parar. Geraldo fez e faz a sua travessia sem se intimidar com os obstáculos que a vida lhe traz. Prevalece o esforço aos talentos e usa o pensamento positivo e a fé como aliadas. E agora eu te pergunto: você sabe quais são os seus valores? Você tem coragem de honrá-los e segui-los? Quais são os valores que você vivencia em seu dia a dia? Quais são os valores que você negligencia? Que possamos usar a história de Geraldo para nos inspirar em nossa travessia. Que haja mais gratidão, mais solidariedade e mais vidas comprometidas com os seus propósitos. [trilha sonora] Geyze Diniz: Nossas histórias não acabam por aqui. Confira mais dos nossos conteúdos em plenae.com e em nosso perfil no Instagram @portalplenae. [trilha sonora]
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