Para Inspirar

Regina Ramos em "De psicóloga para paciente"

Um câncer de estômago colocou em perspectiva toda sua vida e uma mudança de rota posterior foi necessária.

21 de Novembro de 2022



Leia a transcrição completa do episódio abaixo: 

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Regina Ramos: Durante uma fase da minha vida, eu entrei numa pilha de ter sucesso profissional, trabalhar demais e só correr atrás de dinheiro. Eu buscava a felicidade fora de mim e, sem perceber, fui me afastando da minha essência. Eu precisei adoecer gravemente para me reencontrar. Eu coloquei a vida nos trilhos novamente e, hoje, ajudo as pessoas a encontrarem a felicidade dentro de si mesmas.

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 Geyze Diniz: A psicóloga Regina Ramos, que sempre buscou entender porque as pessoas ficavam doentes, adoeceu gravemente sem perceber. Vivendo em piloto automático, ela depositava sua felicidade no sucesso profissional e financeiro. Mas ao descobrir um câncer de estômago, Regina colocou seus objetivos em perspectiva e desenvolveu resiliência e uma força interna que a ajudou a se reconectar com ela mesma.

Ouça no final do episódio as reflexões do historiador Leandro Karnal para te ajudar a se conectar com a história e com você mesmo. Eu sou Geyze Diniz e esse é o Podcast Plenae. Ouça e reconecte-se.

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 Regina Ramos: Por que as pessoas ficam doentes? O que acontece dentro delas a ponto de desenvolverem uma doença? Essas perguntas me intrigam desde o início da minha carreira como psicóloga. Quando eu me formei na faculdade, eu poderia ter seguido por vários caminhos profissionais. Só que eu senti um chamado para trabalhar numa instituição hospitalar. Eu passei em um concurso do Hospital das Clínicas, o HC, em São Paulo, e escolhi atuar junto a uma equipe multidisciplinar no departamento da gastroclínica. Não sei explicar o porquê, mas eu decidi atender pacientes com câncer de estômago.

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O câncer é uma doença multifatorial, ele é ligado à genética, ao ambiente e aos hábitos, por exemplo. Mas eu acredito que a doença também pode estar relacionada a dificuldades em você lidar com o estresse e com as emoções. Eu observava isso no HC. Todos os meus pacientes, ao sentirem a iminência da morte, refletiam sobre as suas vidas. Eram pessoas em estado de muito sofrimento psíquico e com histórias de vida pelas quais eu tinha muito carinho, cuidado e respeito.

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 Eu trabalhei no HC por 6 anos. Eu saí de lá porque eu senti um outro chamado. Eu queria trabalhar na área de desenvolvimento humano, com treinamentos em empresas. Mas a pergunta interna ainda me perseguia: por que que as pessoas adoecem? No mundo corporativo, ficou claro que o estresse e a corrida insana em busca do sucesso afastavam as pessoas de si mesmas. Elas buscavam a felicidade fora, não dentro de si. Sem perceber, eu fui me tornando uma dessas pessoas, vivendo totalmente longe de mim. Eu trabalhava muito, me alimentava mal, não me exercitava e focava toda a minha energia em ganhar dinheiro.

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 Um dia, uma colega da empresa perguntou se eu conhecia o trabalho biográfico. Eu nunca tinha ouvido falar, mas fui pesquisar. A metodologia biográfica é baseada na teoria dos setênios e nas leis biográficas que regem os grandes ciclos da vida humana em ritmos de 7 em 7 anos. Cada fase tem um papel no nosso desenvolvimento. O propósito do trabalho biográfico é você resgatar tudo o que aconteceu na sua vida de 0 a 7 anos, de 7 a 14, 14 a 21 e assim sucessivamente, até chegar na sua idade atual. A gente une o passado e  o presente pra que o futuro aconteça com escolhas pessoais mais conscientes. Em resumo: “Tomar a vida nas próprias mãos e decidir a direção que queremos dar a nossa vida”.

Quando eu fiz a minha retrospectiva biográfica, eu estava com 42 anos. A partir dessa idade, segundo a teoria da biografia humana, o plano espiritual começa a se tornar mais importante que o físico. E aí eu percebi que tinha alguma coisa fora do eixo. Eu estava mais materialista do que nunca. No fundo, eu sabia que eu precisava corrigir a rota. Mesmo assim, eu liguei o piloto automático e segui na minha rotina de executiva de RH. Continuei depositando a minha felicidade no sucesso profissional e financeiro.

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 Passaram-se alguns meses, até que um dia eu senti uma forte pontada no estômago. Foi durante uma partida de futebol dos meus filhos. Foi só uma pontada, mas o suficiente pra me acender um alerta. Eu telefonei pra um gastroenterologista, amigo meu desde os tempos do HC, e ele pediu uma endoscopia. Eu fiz o exame e abri o resultado numa sexta-feira à noite, sozinha, em casa. Na segunda seguinte, eu fui ao consultório do médico e falei: “André, eu estou com câncer, por favor não me esconda nada”. Após ler o laudo, ele muito emocionado, se expressou assim: “Rê, é a primeira vez que um paciente me dá o diagnóstico. Eu tenho que te operar amanhã”.

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 O câncer de estômago não tem sintomas tão claros e eu tive sorte por ter conseguido um diagnóstico precoce. Porque - como todo câncer - quanto mais cedo a gente descobrir a doença, maior a chance de cura do paciente. Só que meu caso era gravíssimo e eu entendi que precisava de uma ajuda superior, porque o sucesso da operação não dependeria só de mim e da equipe do André.

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No dia seguinte à consulta, fui à igreja Nossa Senhora de Fátima, sentei no primeiro banco e supliquei: “Nossa Senhora de Fátima, eu preciso da sua ajuda. Eu entrego a minha vida nas suas mãos”. Na véspera da operação, eu tive uma sessão com a minha psicóloga e perguntei pra ela: “Márcia, e se não der certo?”. Tipo assim: se eu morrer amanhã? Ela, muito carinhosamente, com o olhar fixo me respondeu: “Tem coisas na nossa vida que estão acima de nós!”.

Eu entendi a minha limitação e aí, eu fui aprendendo o meu lugar em relação a Deus. Na véspera da cirurgia, eu rezei com os meus filhos, de 9 e 6 anos, antes de dormir. A gente fazia aquele ritual sempre, mas aquela oração foi muito forte e especial para mim porque, ao final, eles disseram: “Papai do céu proteja a nossa mamãe amanhã”.

Neste mesmo dia, ao final da tarde, eu estava preocupada com o André, pois sabia que me operaria e que seria um desafio por eu ser sua amiga. Queria falar alguma coisa para ele e não sabia o quê. Foi então que fui a uma papelaria comprar uns cartões pois eu queria escrever alguma coisa pra minha família, pros meus filhos e pros meus amigos.

Quando cheguei no caixa para pagar, tinha um livrinho desses pequenos, e ao abrir estava escrito um diálogo entre um médico e Deus. O médico perguntava: “Deus, o que eu faço para salvar minha paciente?”. E Deus respondeu: “Você faz a parte do médico e eu faço a parte de Deus”. Foi isso que eu falei para ele no centro cirúrgico e pra minha felicidade, todo mundo fez a sua parte.

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 Eu fui submetida a uma gastrectomia total, exatamente uma semana após ter aberto o laudo do exame. O meu estômago inteiro foi retirado. Os médicos fizeram uma ligação direta entre o intestino e o esôfago. A minha prima e a minha irmã, que cuidaram de mim no hospital, colocaram uma foto dos meus filhos sorrindo, bem em frente à cama. Quando eu acordava, a primeira imagem que eu via era essa. E eu pensava: “Eu quero encomendar os santinhos da primeira comunhão, como também eu quero dançar a valsa de formatura com eles”.

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 A esperança de ver meus filhos crescerem me deu muita força pra encarar o pós-operatório, a quimio e a radioterapia. Foi um período de bastante reflexão e muitos desafios. Eu, que a vida toda busquei entender porque que as pessoas ficavam doentes, adoeci gravemente. A minha sorte foi que, quando o câncer chegou, eu já tinha começado a ter uma visão espiritualizada da saúde.

 A biografia humana e a teoria dos setênios fazem parte da antroposofia, uma ciência humanística criada pelo filósofo Rudolf Steiner. Ela tem um olhar ampliado pro ser humano, que inclui o aspecto da espiritualidade. Pros médicos antroposóficos, uma doença não vem pra nos matar. Ela vem pra nos curar quando não estamos alinhados ao nosso propósito de vida e a nossa missão.

Em nenhum momento eu me vitimizei. A minha grande pergunta interna não era “por que” isso aconteceu comigo, mas sim “para que” estou passando por isso. Qual aprendizado que eu devo tirar dessa experiência? Afinal, sem querer, eu tinha mudado de lado: eu passei de psicóloga a paciente. Comecei a perceber que, quanto mais eu buscava meu autoconhecimento, mais eu tinha clareza nas respostas. As explicações estavam dentro de mim e não fora. Eu me dei conta que tudo isto que estava acontecendo era para me ajudar a colocar em ordem tudo aquilo que estava em desordem. O que parecia o fim, foi só o começo.

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 A possibilidade de morrer me fez entender o que que era importante na minha vida. Eu aprendi rapidamente a valorizar o que eu tinha, não o que eu deixei de ter. Aprendi a ser menos verniz e a ser mais raiz. Pouco tempo depois da cirurgia, um repórter me perguntou como é não ter estômago e ouviu como resposta: “Eu não estou preocupada em não ter estômago. Pra mim, o que importa é poder ir na formatura dos meus filhos”. E não é que os dois estão formados? Dançar a valsa com um deles, ouvir o juramento na colação de grau do outro e ganhar de presente  “Obrigado, mamãe, obrigado” me fazem ter a certeza de que tudo valeu a pena!

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 A minha vida passou a fluir realmente depois desse processo. Sem estômago, eu fui obrigada a reaprender a comer e parei de me alimentar com besteiras. Comecei a me exercitar. Eu fiz pilates, caminhada, corrida e zouk. Na vida afetiva, saí de um casamento que já não estava legal havia tempo.

Eu diminuí o ritmo de trabalho e me tornei pesquisadora junto a uma equipe de médicos antroposóficos na Escola Paulista de Medicina. Há 13 anos, eu estudo a teoria da Salutogênese. “Salus” quer dizer saúde, e gênese origem, ou seja, como encontrar dentro de nós as forças que nos blindam diante do estresse para que não cheguemos a adoecer.

Essa abordagem foi criada por um sociólogo chamado Aaron Antonovsky. Ele pesquisou o que havia em comum entre os sobreviventes do Holocausto que se adaptaram às mudanças,  reconstruíram as suas vidas e não adoeceram. Ele constatou que essas pessoas não se colocavam na posição de vítima e tinham um olhar positivo para a vida, mesmo passando por adversidades. Elas tinham também internamente o que ele denominou “senso de coerência”: um equilíbrio psíquico entre o que pensavam, sentiam e como agiam. Mas, o mais importante, ele ressaltou, é que elas sempre encontravam um sentido maior no sofrimento, um significado para poder continuar adiante.

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 Eu mergulhei na Salutogênese e me tornei especialista no tema da resiliência. Resiliência tem a ver com fé, com esperança, com você olhar para o problema e pensar: eu vou passar por isso, eu já passei por outras fases difíceis, os problemas não irão durar para sempre, eu posso fazer alguma coisa e eu também posso pedir ajuda. E aí, com o impulso dessa força interna, seguimos adiante, temos uma melhor proteção diante do estresse, não deprimimos e o nosso sistema imunológico não sofre alteração e, então, não adoecemos.

O segredo é a gente ter flexibilidade e não ficar nos extremos, nem ser totalmente vulnerável nem se achar a Mulher Maravilha ou o Super-Homem, que enfrenta tudo que aparece. Com o autoconhecimento, a gente conhece os nossos limites e sabe até onde podemos ir. O conceito de resiliência que eu acho legal é passar pela situação difícil e sair mais fortalecido dela. É como um músculo que você trabalha na academia, só que um músculo emocional, que você sempre pode fortalecê-lo.

Quando eu dou uma aula, palestra ou um treinamento, eu compartilho o meu exemplo. O pessoal se espanta de saber que eu vivo bem sem um estômago. Eu sempre digo para eles uma frase de uma meditação: “Nada terá valor se a coragem nos faltar”.

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 Eu tenho gratidão por ter conseguido aprender na minha vida com os momentos de adversidade e ter me fortalecido. Meus colegas brincam que meu nome devia ser “Regiliência”. Eu uso o meu aprendizado para ensinar outras pessoas que elas não precisam chegar ao ponto de desenvolver uma doença. Tem muita coisa que a gente pode fazer antes.

Com o trabalho biográfico, eu ajudo as pessoas a encontrarem a resiliência na sua própria história de vida e a entenderem que essa força interna aparece nos momentos mais difíceis. Quando a gente se apropria dela, temos mais habilidades para enfrentar os problemas que possam surgir. Descobrir essa força interna que cada um de nós tem e muitas vezes não percebe é o caminho para viver com saúde.

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 Leandro Karnal: O caso da Regina Ramos é muito interessante. Como muitos de nós, somos estimulados a buscar na carreira um grande eixo da vida. Uma pessoa que está ganhando dinheiro, que é citada profissionalmente, que tem muitos clientes ou pacientes, é uma pessoa respeitada. Ela ganha prestígio social, vai recebendo um retorno positivo desse esforço e vai se sentindo bem. Só que às vezes este bem funciona como uma espécie de anestésico que, sim, evita a dor, mas não impede que a doença progrida.

Ela precisou ter um grave caso de câncer de estômago, fazer uma cirurgia delicadíssima que obriga a uma reeducação absoluta depois da cirurgia pra que ela pudesse acordar para outros valores que ela já tinha, mas que agora terá um outro olhar, e vai parar de pensar que a vida é feita exclusivamente do sucesso e da aplicação do sucesso profissional.

A Regina foi descobrindo como paciente o que talvez ela dissesse para seus outros pacientes: que ela de fato tinha que reinventar propósitos, tinha que reinventar na mente  seus valores, tinha que redefinir metas, que não podia ficar apenas focada em um campo. E foi redescobrir-se profissionalmente, foi revalorizar coisas da família, passou a desenvolver muito esse conceito de resiliência e conseguiu redefinir as coisas a partir de uma experiência impactante que é o câncer no estômago. Muitas vezes, a dificuldade tem esse poder de epifania, de revelação de quem nós somos de verdade, que é o que aconteceu com a Regina.

Geyze Diniz: Nossas histórias não acabam por aqui. Confira mais dos nossos conteúdos em plenae.com e em nosso perfil no Instagram @portalplenae.

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Para Inspirar

Por que os professores estão tão cansados?

A provavelmente classe mais importante do país, cuja função é educar todas as demais, se vê em um caminho de exaustão e sem previsão de melhoras

26 de Dezembro de 2024


No quinto episódio da décima oitava temporada do Podcast Plenae, conhecemos a história da professora Francilma Everton, que viu na educação uma ponte para futuros melhores para si mesmo. Hoje, ela busca fazer isso por outras crianças que, assim como ela, não contam com muitas oportunidades para mudarem suas rotas. Representando o pilar Contexto, conhecemos suas diversas e premiadas iniciativas em sua área e nos inspiramos com a possibilidade de um mundo melhor. 

Mas, por trás de todo professor engajado e que quer ver a mudança com as suas próprias mãos, há um profissional sobrecarregado e, muitas vezes, mal remunerado. As altas cargas de trabalho e o pouco retorno que o trabalho oferece em nosso país levam muitos a abandonar o barco, o que é parte do problema dos índices educacionais que nunca decolam por aqui, no máximo ficam estagnados. 

Para se ter uma ideia, oito em cada dez professores da educação básica já pensaram em desistir da carreira devido ao baixo retorno financeiro, a falta de reconhecimento profissional, a carga horária excessiva e a falta de interesse dos alunos. Os dados são da pesquisa inédita Perfil e Desafios dos Professores da Educação Básica no Brasil, divulgada nesta quarta-feira (8), pelo Instituto Semesp e pela Agência Brasil.



Os dados mostram que 79,4% dos professores entrevistados já pensaram em desistir da carreira de docente. Em relação ao futuro profissional, 67,6% se sentem inseguros, desanimados e frustrados. Entre os principais desafios citados pelos professores estão: falta de valorização e estímulo da carreira (74,8%), falta de disciplina e interesse dos alunos (62,8%), falta de apoio e reconhecimento da sociedade (61,3%) e falta de envolvimento e participação das famílias dos alunos (59%).

Ainda segundo a mesma pesquisa, mais da metade dos respondentes (52,3%) diz já ter passado por algum tipo de violência enquanto desempenhava sua atividade como professor. As violências mais relatadas são agressão verbal (46,2%), intimidação (23,1%) e assédio moral (17,1%). São citados também racismo e injúria racial, violência de gênero e até mesmo ameaças de agressão e de morte. A violência é praticada principalmente por alunos (44,3%), alunos e responsáveis (23%) e funcionários da escola (16,1%).

Além disso, a maioria do corpo docente, composto por mais de 2,3 milhões de profissionais, é feito por mulheres: 1,8 milhões (79,2%) são elas, segundo dados divulgados pelo Ministério da Educação (MEC) e pelo Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep), que naturalmente já são vítimas de jornadas duplas e até triplas no âmbito familiar.

Pensando nisso, conversamos com a professora Débora Gerbase, autora do livro “Manual de Sobrevivência para o Professor Esgotado”, para ouvir de quem entende do que está falando quais são as saídas possíveis para melhorar esse cenário. Confira abaixo os principais pontos!

Referências como motivação 


“Eu tenho referências muito fortes na minha vida de professoras: minha mãe e a minha tia. E desde pequena eu dizia que eu seria professora e elas diziam ‘não faça isso. O professor não ganha bem. O professor trabalha muito’. Mas eu dizia que tinha esse chamado dentro do meu coração e eu queria mudar o mundo, usar dos meus conhecimentos para poder ajudar outras pessoas a se tornarem melhores. Então, por isso eu me tornei professora, apesar de todos os desafios, eu continuo na luta”.

A cobrança por mais 


“O professor faz um lindo trabalho. Temos esse desafio de preparar cidadãos que farão a diferença na sociedade. E por isso nós temos esse desejo de fazer o nosso melhor. Só que nós enfrentamos muitas cobranças sem ter o preparo necessário para aquilo que é cobrado deles ou sem as condições básicas para isso”.

Os principais problemas


“Tem a questão salarial, a quantidade de trabalho para que a pessoa possa se manter, a falta do reconhecimento. Isso tudo vai além do acadêmico. Infelizmente, a nossa sociedade não reconhece o trabalho do professor como algo que seja importante. Todo mundo passou por um professor na vida para chegar até aqui e poder alcançar os objetivos que ele alcançou”.

A linha tênue 


“Sem contar o tanto que o professor se envolve com os problemas particulares dos alunos, que deixa essa linha ainda mais tênue e só sobrecarrega mais. São questões que vão desde negligência familiar, aluno que não dorme, que chega atrasado na escola, até questões alimentares ou de ordem psicológica, que vão além do que o professor pode resolver”.

Alunos atípicos 


“Somado a tudo isso, existem ainda os alunos que são atípicos, que apresentam um nível de divergência. Esse é um trabalho que precisa ser feito de uma maneira multidisciplinar para garantir qualidade verdadeira a ele e não é só o professor que tem que resolver essa questão. Isso é um trabalho que precisa ser feito também com psicopedagogos, médicos, psicólogos e principalmente a família. É um trabalho em conjunto, mas que infelizmente, muitas vezes recai para o professor essa questão de fazer com que o aluno aprenda, mesmo que ele esteja enfrentando desafios que vão além do acadêmico.”

O que fazer enquanto indivíduo


“É preciso uma mudança no sistema, mas há também o papel do indivíduo. Em primeiro lugar, ele precisa reconhecer que ele está passando por um Burnout. E ele acontece em fases, não é de uma hora para outra, é preciso estar atento aos sinais. Desânimo, falta de vontade de estar perto dos alunos, falta de paciência, muito cansaço, tristeza, são todos indícios de alerta. O trabalho do professor é sempre movido por muita paixão, e quando ele perde essa paixão, perde o sentido. Mas a gente não pode fazer um auto diagnóstico, é preciso buscar ajuda com um profissional capacitado para que haja uma orientação."

Se colocar em primeiro lugar 


“Uma vez reconhecido o problema, a pessoa precisa se colocar em primeiro lugar, porque isso pode até parecer egoísta, né? Vou cuidar de mim primeiro. Principalmente as mulheres que têm essa questão de sempre cuidar de todos, mas quem cuida dela? A gente não pode dar aquilo que a gente não tem. Então, se eu não tenho forças, se eu não estou me sentindo bem, se a minha mente está confusa, como é que eu posso ajudar quem quer que seja, que esteja ao meu redor? A saúde física, como cuidar da voz e até da postura, e a mental também, tudo isso é muito importante.”

Compartilhar é preciso - e se organizar também


“Não guarde para si esse momento ruim que está enfrentando. Compartilhe os seus sentimentos com alguém que você confia, um cônjuge, melhor amigo, parente, alguém que não vai te julgar. E que não necessariamente vão te dar a solução, mas que vão te ouvir de coração aberto e trazer uma nova perspectiva. Isso também irá te ajudar a estabelecer melhor suas metas e próximos passos, organizar seu dia, quanto tempo você vai gastar em cada coisa e aprender a dizer não. E entender que há coisas que podemos controlar e outras não. Esteja com os olhos, mente e coração abertos”. 

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