Para Inspirar

Quantos dias. Quantas noites: como somar vida aos anos que temos pela frente?

Em termos simples, a longevidade humana poderia ser definida basicamente como a duração da existência de uma pessoa, entretanto, não é apenas isso. É preciso se preparar para chegar lá com saúde e energia para aproveitar esta fase da vida

6 de Outubro de 2023


Longevidade, sem dúvida, é um de nossos temas favoritos aqui no portal. Já refletimos sobre novos modelos de moradias nessa fase, os medos que rodeiam nosso imaginário quanto a velhice e mostramos quão diversa e ativa esta geração vive nos dias de hoje. Ainda, falamos sobre o poder do estudo na maturidade e demos dicas de como entrar nessa fase com o  pé direito

Que vamos viver mais é um fato, mas em que condições? Longevidade, afinal, não diz respeito somente a ter muitos anos de vida, mas a viver estes anos com qualidade, podendo desfrutar deste tempo estendido por aqui. E que tempo! Um estudo de 2021, publicado na revista Nature Communications, buscou entender o limite físico para a longevidade e revelou que poderíamos alcançar os 150 anos. 

Os pesquisadores levaram em consideração a capacidade de regeneração natural do nosso organismo em um ambiente sem estressores e, ainda que a probabilidade de alguém atingir esta idade seja quase nula em tempos atuais, cresce exponencialmente o número de centenários, o que indica que é bem provável que ultrapassemos os 3 dígitos nessa vida. 

Mulheres envelhecem antes, homens envelhecem mais rápido

E nesta busca por compreender como se dá o processo do envelhecer, e criar estratégias para desacelera-lo, estudos recentes analisaram diversos marcadores de senescência dos órgãos, mostrando que nem todos os tecidos do corpo envelhecem ao mesmo tempo. E ainda, que homens e mulheres envelhecem em ritmos bastante diferentes

Segundo pesquisadores do Centro de Envelhecimento Saudável da Universidade de Copenhague, na Dinamarca, as mulheres começam a apresentar os primeiros sinais do envelhecimento por volta dos 19 anos de idade, enquanto nos homens as mudanças surgem por volta dos 40. Por outro lado, ainda que este declínio comece precocemente no público feminino, ele se dá de forma lenta e gradual. Já no grupo masculino, apesar da velhice começar tardiamente, ela se desenvolve de forma mais acelerada. 

A pesquisa sugere que o maior diferencial está nos hormônios. Mulheres passam por grandes mudanças hormonais ao longo da vida, além de uma interrupção drástica da secreção de hormônios ovarianos na menopausa, impactando seu envelhecimento a curto, médio e longo prazo. No caso dos homens, a diminuição nos níveis de hormônios andrógenos ocorre gradualmente e explicaria o porquê deles demorarem mais para mostrar sinais de envelhecimento. 

Para viver mais e melhor 

Mas, independente de gênero, se tem algo que impacta o processo de envelhecimento do nosso corpo são nossas escolhas alimentares. A comida é a matéria-prima que nosso corpo tem acesso para construir, manter e regenerar nossa saúde e, a cada dia, novas pesquisas confirmam como determinados alimentos podem acelerar ou frear o envelhecimento. 

Um exemplo é o recente estudo da Universidade de Harvard, no Estados Unidos, que olhou para quatro padrões alimentares saudáveis para entender se, de fato, aumentavam a longevidade. Foram elas: o Índice de Alimentação Saudável, desenvolvido pelo governo dos Estados Unidos, o Índice Alternativo de Alimentação Saudável, desenvolvido pela própria universidade, a dieta mediterrânea e a vegana.

O resultado, publicado na
revista JAMA International Medicine, mostrou que sim, é possível reduzir o risco de morte prematura em até 20%, assim como o de desenvolver doenças cardiovasculares, respiratórias e neurodegenerativas a partir da adoção de qualquer uma das dietas alimentares citadas. 

Apesar de algumas diferenças entre elas, todas têm como foco um consumo maior de alimentos à base de plantas, porções reduzidas de carne vermelha e carnes processadas, assim como a redução drástica de produtos com açúcar adicionado, gorduras não saudáveis e sódio. 

Porém, ainda que a diretriz “coma de forma saudável” soe como uma obviedade, vivemos um momento em que nossas vidas estão inundadas de produtos comestíveis estrategicamente formulados para serem práticos, deliciosos e com rótulos repletos de alegações sobre seus benefícios para a saúde, mas que estão longe de serem comida de verdade.

Isso tem feito com que gradualmente
dietas tradicionais, baseadas em alimentos in natura e minimamente processados, sejam substituídas por padrões alimentares com predominância de alimentos ultraprocessados, afetando negativamente a saúde da população e, consequentemente, sua longevidade.

Mas não para por aí

Além da escolha do que colocar no prato, a quantidade de alimento e o horário que vamos comer também parecem contribuir para se viver mais. Em um estudo realizado com camundongos, especialistas observaram que uma dieta de restrição calórica associada a horários específicos prolongou suas vidas em 35%, além de melhorar algumas alterações genéticas associadas à idade.

Os resultados foram divulgados na
revista Science e sugerem que comer menos em horários que estamos ativos (ou seja, durante o dia) pode ser uma chave para alcançar os 100 anos com qualidade. Diante do “boom” das dietas de jejum intermitente para perda de peso, pesquisadores queriam entender seus efeitos na expectativa e qualidade de vida das pessoas.

Apesar de ser um estudo inicial feito com ratos, é considerado promissor. Mas
especialistas recomendam cautela na adoção do jejum intermitente e outras dietas da moda, “ainda estamos entendendo os efeitos desse tipo de alimentação”, afirma Thiago Napoli, endocrinologista da Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia Regional de São Paulo. 

Hábitos, tudo se resume a hábitos

Como colocou Abilio Diniz, um dos fundadores do nosso portal e exemplo de longevidade, “envelhecer com qualidade é quase que uma recompensa dos investimentos que você fez durante a vida”. E não tem como fugir, a resposta é o velho e conhecido “estilo de vida saudável”, que passa pela criação de hábitos que favoreçam a vida. 

O ideal é começar a se preparar o quanto antes, mas uma nova pesquisa publicada no Nutrition 2023, o principal encontro da Sociedade Americana de Nutrição, demonstrou que, mesmo após a meia idade, é possível ampliar em mais de duas décadas a expectativa de vida ao adotar 8 hábitos benéficos para o organismo. A lista inclui: ser fisicamente ativo, controlar o estresse, ter uma boa dieta, não fumar, não beber de forma exagerada regularmente, não ter vícios em opióides (substâncias usadas para aliviar a dor), ter uma boa higiene do sono e ter relações sociais positivas. 


Vale adicionar nesta listagem o desenvolvimento de sentimentos e pensamentos positivos. Um estudo publicado na revista Psychological Science em 2020 mostrou que pessoas que se sentem entusiasmadas e alegres têm menor risco de experimentar declínio de memória à medida que envelhecem. Pesquisadores analisaram dados de quase mil pessoas acima dos 40 anos, que participaram de 3 entrevistas, uma a cada 10 anos.
Nestes encontros, relataram emoções positivas sentidas nos últimos 30 dias e depois foram submetidas a testes de memória. Os resultados mostraram que aqueles que dispunham de uma gama maior de sentimentos positivos apresentavam menores taxas de redução desta capacidade. Já falamos sobre isso, mas vale repetir: estamos vivendo uma verdadeira Revolução da Longevidade. A vida está mais para uma maratona do que para uma corrida de 100 metros, e ninguém vence uma maratona sem estratégia, preparo e propósito. E você, como tem se preparado para sua jornada? 

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Para Inspirar

Como nasce a empatia?

Em comemoração ao Dia Mundial da Gentileza, o Plenae investigou o mistério, que intriga diferentes especialistas ao longo das décadas.

13 de Novembro de 2020


Como nasce a empatia? É possível ensiná-la? Para o psicólogo Jamil Zaki, sim. O professor da Universidade de Stanford acredita que, mais do que um atributo pessoal, a empatia é uma habilidade e, portanto, pode ser desenvolvida em seres humanos por meio da prática, como um outro hábito qualquer.

Em seu livro, “A guerra pela bondade: construindo empatia num mundo partido”, ele diz que a “empatia é como um músculo que, se não for trabalhado, atrofia”. O livro virou palestra, disponível neste link, e norteou diferentes especialistas já habituados a estudar o tema.

Assim como afirma o professor, historiador e autor do best-seller Sapiens, Yuval Noah Harari, Jamil também acredita que o mundo só conseguiu ser construído da forma como o conhecemos a partir da colaboração dos seres humanos. Yuval, em seu livro, nos ensina como a cooperação mútua garantiu a nossa sobrevivência, sustento e pelo nosso desbravamento de terras.

Tomando um pensamento semelhante como base, Jamil afirma que, se um dia pudemos cooperar uns com os outros, é porque éramos seres empáticos, capazes de nos colocar na mesma situação que um outro semelhante está vivenciando e, assim, conseguir ajudá-lo.

Para o psicólogo Jami Zaki, todo ser humano é capaz de sentir a empatia

Porém, nosso estilo de vida contemporâneo foi o grande vilão, responsável por nos afastar. “O trabalho em conjunto e a vida em comunidade são raros em cidades enormes” diz.

Mais do que distância geográfica, as circunstâncias também nos segregam. “A mediação tecnológica criou relações anônimas e transacionais e o fenômeno da polarização, que caracteriza o tribalismo contemporâneo, virou a empatia do avesso. As pessoas se empenham em produzir sofrimento em quem discorda delas” afirma.

Caminhos possíveis

Se nossas experiências são capazes de moldar quem somos, portanto, é possível que um ser humano seja exposto à situações onde sua habilidade empática deverá ser manifestada e treinada. E isso pode ser feito até mesmo com a ajuda dela, médio vilã e médio heroína: a tecnologia.

O psicólogo usou mecanismos de realidade virtual para simular um dia na vida de um morador de rua em seus voluntários, e os resultados foram mudanças expressivas em como esses enxergavam os sem-teto. Além disso, ele submeteu mais de 800 alunos adolescentes a assistir um vídeo que retratava agressão verbal de um homem contra uma mulher.

Os resultados, metrificados por ressonância magnética que monitoravam esses alunos, foi publicado na revista e-neuro e apresentaram sentimentos como angústia e repúdio, ainda que se tratasse de uma vivência somente virtual. Ficou claro que os alunos ali presentes gostariam de poder ajudar, portanto, a exposição à situação despertou a capacidade da empatia neles.

A ciência e a empatia

Em vídeo para a escola Casa do Saber, a pós-doutora em neurociências integradas, Claudia Feitosa-Santana, explica a diferença do entendimento do que é empatia para a neurociência. Há dois tipos: a contagiosa, que é a considerada “automática” e a empatia cognitiva, que requer esforço mas que pode ser treinada e ampliada.

“A empatia é uma das pontes entre o egoísmo e o altruísmo. Ao contrário do que muitos pensam, ela é uma capacidade natural - tanto para seres humanos quanto para outros animais” explica a professora. Mas essa é a empatia contagiosa, que já foi comprovada em outros seres e que não requer reforço, simplesmente acontece.

É como quando vemos uma outra pessoa se machucar e, automaticamente, somos capazes de sentir a intensidade dessa dor naturalmente, inclusive nos contraindo juntos. “O macho alfa e a associação dele com a agressividade é uma lenda. Porque tanto no nosso mundo, quanto no mundo animal, os grandes líderes são extremamente empáticos. E mesmo depois de desprovidos de poder, são cuidados com extremo carinho pelo grupo” explica.

A empatia cognitiva, por sua vez, é uma ampliação dessa empatia natural que sentimos enquanto seres humanos, mas que pode ser praticada para ser cada vez maior. Para a Claudia Feitosa, essa sim pode e deve ser treinada. “Ela pode ser desde treinar a compreender o que o outro sente e também a sentir como o outro sente” explica.

Para isso, há quatro dicas-chave que podem ajudar nesse processo. A primeira delas é ser mais autoempático, ou seja, conhecer suas próprias limitações. A partir desse passo é que conquistaremos a segunda dica: ser seletivo. Isso porque, mesmo a empatia cognitiva é impossível de ser sentida por todo mundo o tempo todo, segundo ela.

“O treinamento da empatia cognitiva exige muito esforço, e esse esforço custa muito caro para o nosso cérebro. Por isso não se pode empatizar com todo mundo o tempo todo - bloquear a empatia também é muito importante” explica Claudia. Isso é, na verdade, imprescindível para o exercício de certas profissões que demandam afastamento para que haja profissionalismo, como médicos-cirurgiões ou advogados.

A terceira dica para se conquistar uma ampliação na empatia cognitiva é estar aberto a novas narrativas, pois é a partir delas - seja por meio de leituras, filmes, etc - é que conhecemos situações de fora do nosso domínio e somos obrigados a exercitar esse novo olhar.

Por fim, a quarta e última dica é: ser mais genuíno. Mesmo o mais ingênuo dos seres humanos é capaz de detectar a mentira ou o narcisismo no outro. “Não vale a pena usar da empatia como uma estratégia, ela precisa ser genuína para ser realmente efetiva e conseguirmos ter uma comunicação mais construtiva” conclui.

E você, tem se atentado ao seu poder empático e praticado o poder de se colocar no lugar do outro? Empatia, nos dias de hoje, é mais do que necessário, tornando-se quase palavra de ordem para que a vida ao nosso redor possa ser mais gentil.

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