Para Inspirar

Por que somos mais felizes no verão?

A chamada psicologia ambiental tem algumas hipóteses

2 de Fevereiro de 2023


Conhecida como a estação da alegria e dos sorrisos, o verão costuma trazer mais disposição, arrastar as pessoas para fora de casa e ocupar as ruas de sua cidade. Mesmo os amantes do inverno devem admitir: no verão, sobretudo em um país tropical como o nosso, as ruas parecem ganhar mais cores e sabores.

Isso não é um mero achismo, mas sim, uma conclusão científica. A chamada Psicologia Ambiental tem algumas hipóteses para explicar o porquê disso tudo. Entenda um pouco mais sobre ela a seguir!

Psicologia ambiental

A Psicologia Ambiental surgiu após a Segunda Guerra Mundial, junto com a reconstrução das cidades, como explica este artigo. Dentro de seu campo de estudos, aspectos como espaço pessoal, territorialidade, privacidade e superlotação são levados em consideração.  Biologia, sociologia e antropologia se entrelaçam com as linhas, assim como a arquitetura. Quase como a Biofilia, que te contamos um pouco neste artigo. Em resumo, essa é uma área da psicologia que nos enxerga como seres do mundo e como esse mundo que nos cerca nos afeta também.

Se antes, quando surgiu, seu foco primário era na arquitetura, hoje os psicólogos ambientais querem entender qual é o nosso comportamento nesse meio ambiente.  A atenção desses profissionais é focada em compreender o que leva nós, seres humanos, a nos comportar de determinadas formas, em determinados lugares e em determinadas situações. 

“A simples presença de um indivíduo num quarto que antes estava vazio já modifica o ambiente. Esses são apenas alguns simples exemplos de como o homem pode modificar o ambiente para que suas necessidades sejam atendidas”, explica Rosane Gabriele C. de Melo, no artigo anteriormente mencionado.

O verão está na área!

Agora que você já entendeu um pouco mais sobre a Psicologia Ambiental, deve estar se perguntando: o que o verão tem a ver com isso? Tudo! Ou pelo menos, bastante coisa. O verão nada mais é do que uma estação do ano em que as temperaturas estão mais elevadas.

Essas temperaturas fazem parte do meio ambiente, esse entorno que nos cerca e onde estamos inseridos. Portanto, é de se esperar que ele nos afete em algum nível, já que há tarefas e particularidades específicas dessa estação. “Gostamos mais do verão porque grande parte da evolução do nosso cérebro ocorreu em locais quentes”, afirma a neurocientista, arquiteta e engenheira Claudia Feitosa-Santana, pós-doutora em Neurociência pela Universidade de Chicago, nos EUA, à Revista Gama.

Essa afirmação também se relaciona diretamente com a psicologia, que é afinal a área que se debruça sobre nossas mentes. Somos programados para resgatar sensações boas e que nos tragam segurança, sejam elas de uma memória recente ou até relacionadas a uma ancestralidade distante - como é esse caso.

Além disso, nesses três meses saímos mais à rua, planejamos nossas férias para estar ainda mais em contato com a natureza - como numa praia, por exemplo, que é um local que nos traz imensos benefícios. Tudo isso representa mensagem positiva ao nosso cérebro. 

Nessa estação, estamos mais despidos e despudorados, no sentido literal de ambas as palavras. Essa maior exposição da pele à luz solar - com a devida proteção, é claro - é também fonte dessa alegria. A luz do sol pode melhorar nosso humor, diminuir a pressão arterial, fortalecer nossos ossos, músculos e até mesmo nosso sistema imunológico - basta uma breve exposição para colher todos estes benefícios, como explica este artigo.

Isso acontece porque a radiação do astro Rei ajuda na liberação de alguns hormônios importantes para a nossa sensação de bem-estar, como é o caso da serotonina. Além de sintetizar esse hormônio, a luz irradiada do sol também é a única capaz de converter a vitamina D que ingerimos nos alimentos. Sem essa luz, ela não é convertida, mesmo que ingerida.

Esses três gloriosos meses ainda servem de estímulo para mais exercícios físicos, seja por estar em ambientes naturais com mais disposição para caminhar, seja por ser no começo do ano, época em que as pessoas estão com novas metas - e a mais clássica, como sabemos, é começar academia. 

E nem precisamos falar os múltiplos benefícios que as atividades físicas podem trazer, certo? Falamos desse tema excessivamente aqui no Plenae, assim como também já trouxemos algumas vezes para você os benefícios do contato com a natureza. 

O simples fato de contemplar o azul do oceano já funciona como um calmante natural dos poderosos e há até mesmo um evento anual e mundial dedicado só a esse tema. Por fim, o último benefício é o aumento da libído sexual, que fica em alta nos dias quentes! Mais uma notícia boa para o seu corpo e, porque não, para seu relacionamento.

A depressão sazonal

Tudo isso que mencionamos é tão intenso que o contrário também é verdadeiro. Há um tipo de depressão conhecida como depressão sazonal e que se dá em estações opostas ao verão. Pessoas que moram em países muito frios, por exemplo, são mais propensas a ter esse distúrbio, porque são privadas desse sol por muito tempo.

Seus sintomas são bem semelhantes aos de uma depressão comum - tristeza, apatia, perda do apetite, redução da libido, cansaço excessivo, entre outros. A diferença é que esses sintomas mencionados aparecem justamente nessa época em que o sol custa a aparecer, e caso isso seja observado como um padrão, pode ser classificado como depressão sazonal.  As possíveis e principais causas do surgimento do transtorno afetivo sazonal, como explica este artigo, estão relacionadas à diminuição de substâncias do corpo ligadas ao humor e ao sono, como a serotonina, que mencionamos um outro hormônio importante: a melatonina.

“Os primeiros raios solares da manhã ativam a produção de cortisol, o hormônio que nos desperta e traz energia; com o anoitecer, o cortisol cai e é liberada a melatonina, que vai criar as condições ideais para o sono. Esse equilíbrio afeta a produção de outros hormônios, favorece o combate aos radicais livres e a regeneração dos tecidos, impacta o humor e a saúde”, explica o psicólogo Armando Ribeiro à Gama. 

Te contamos neste post a importância da exposição à luz solar quando acordamos. Mas para além de uma bagunçada na dinâmica hormonal, há também uma redução na produção da vitamina D, e em sua ausência, uma das várias complicações possíveis é justamente o aumento das chances de ter uma depressão, além de um aumento no sono e na sensação de cansaço excessivo. 

Psicoterapia, nesse caso, é o caminho mais indicado, mas medicamentos podem entrar em ação em casos mais severos, além de terapias que utilizam luz - a fototerapia. Mas em casos mais leves e sem progressão, a simples ordem natural das estações pode dar conta de resolver esse problema com a chegada de outros climas. 

Esteja atento aos problemas de saúde comuns no verão que te contamos aqui, esteja de olho nas dicas para viajar de forma responsável com o planeta que também já te demos e não esqueça, de forma alguma, o protetor solar em casa! Sua pele agradece. Agora é só se jogar na estação mais solar do ano!

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O que acontece com o nosso cérebro quando estamos apaixonados?

O meteoro da paixão deixa rastros psíquicos bastante relevantes quando está operando, e também quando vai embora.

24 de Agosto de 2020


Borboletas no estômago, sorriso constante e pensamentos distantes, sempre endereçados na pessoa amada. Bom seria se a paixão fosse sempre esse conto de fadas correspondido e leve que as histórias gostam de contar.

Mas o que verdadeiramente acontece com nosso cérebro quando estamos apaixonados? Segundo a explicação neste vídeo do neurocientista e professor Pedro Calabrez, os efeitos no nosso metabolismo podem ser maiores do que você imagina. “A paixão, do ponto de vista do cérebro, se assemelha a uma espécie de demência temporária, hipermotivacional, com características de estresse, obsessão e compulsão” explica.


A boa notícia é que do ponto de vista científico, ela é sempre passageira e tende a durar no máximo de 12 a 18 meses. Isso porque os efeitos que ela causa - e que você conhecerá a seguir - são de uma intensidade cujo nosso corpo não sustentaria por muito tempo sem entrar em colapso.

A paixão me pegou! Tentei escapar, não consegui

Você resistiu bravamente àquele rostinho e, ainda assim, foi acometido por uma paixão derradeira. O que acontecerá agora?

O amor é provavelmente o tema que mais instigou a mente humana ao longo dos séculos. E ele nada mais é do que o fruto de alterações do funcionamento do cérebro, se dividindo em fases específicas.

A primeira é justamente a paixão. Ela é marcada por uma grande intensidade e curta duração. Como todas as nossas outras emoções, é regulada pela ação de hormônios e neurotransmissores - que são substâncias químicas que exercem efeitos gerais no corpo e no cérebro.

Os estados que surgem na paixão, como a saudade ou a alta motivação, são frutos de certas alterações na circuitaria cerebral, como explica o neurologista. Nesse estágio, é comum a presença de dois hormônios: ocitocina e vasopressina, que possuem uma função muito específica quando estamos apaixonados: ao sentimento de apego.


Está rolando uma química entre nós

Prepare-se para o turbilhão de emoções que essa química irá gerar

Substâncias que provocam sintomas intensos e avassaladores em todo o corpo, como aumento da pressão arterial, frequência respiratória e dos batimentos cardíacos, ou a dilatação das pupilas e rubores da pele começam a surgir.

A oxitocina e vasopressina mencionadas lá atrás, também afetam um outro circuito muito importante do nosso cérebro: o de recompensa . Nele, estão envolvidos elementos de motivação e prazer, semelhantes ao que sentimos quando realizamos uma tarefa difícil, ou comemos algo que gostamos muito.

Esse sistema todo envolve a ação de um neurotransmissor muito famoso, a dopamina - que também possui ações diversas no nosso corpo, mas durante a paixão está intimamente associada ao prazer e a motivação que citamos, e portanto, levando à recompensa.

Outro hormônio envolvido nos sintomas da paixão é o cortisol , tipicamente envolvido em episódios de estresse. Eles se elevam e, por isso, há a euforia, ansiedade e insegurança durante a paixão.

O coração bate com mais força e intensidade, você sente menos sono e até mesmo o sistema digestório se altera. Os níveis de serotonina, por sua vez, caem em até 40% .Justamente ela, que é a responsável por nos acalmar e trazer a velha e boa sensação de bem-estar. O apaixonado ainda apresenta um grau de obsessão, sobretudo por meio de pensamentos invasivos e repentinos sobre a pessoa.


“Há uma inibição de atividade nas estruturas pré-frontais, que se localizam  imediatamente atrás da sua testa.” crava o neurologista Pedro Calabrez. E para que vale a atividade do córtex pré-frontal? 

Há diferentes funções envolvidas nele, mas a mais importante para o nosso contexto é a de frear nossos impulsos, antecipar consequências das nossas ações e trazer lucidez na tomada das decisões. Ela também pode afetar a sua capacidade de concentração - mas a memorização vai muito bem, obrigada. Por isso é tão comum lembrar de cada detalhe da pessoa amada.


O que restou de nós?

A paixão, como afirmou o neurologista, acaba. Irremediavelmente, ela vai embora e cabe ao casal ver o que vai fazer com o que restou

Em razão ao estrondoso sucesso do primeiro vídeo, Pedro Calabrez lançou a continuação dele, intitulado “O Cérebro Pós-Paixão”. Para ele, caso a sua paixão se torne amor e não se evapore no tempo, ela entra então na segunda fase conhecida como “amor companheiro”.

O primeiro sintoma dessa mudança de estágio é a diminuição de todos aqueles hormônios atrelados à paixão. Por isso mesmo o amor companheiro é menos intenso e mais brando. A ação da dopamina, por exemplo, retorna aos seus níveis normais e, por consequência, nossa motivação também.

O aspecto obsessivo também desaparece, graças ao retorno dos valores basais do nosso nível de serotonina. O cortisol reduz e, com ele, o nível de estresse também. A inibição do córtex pré-frontal finalmente acaba e ele volta a operar normalmente, trazendo de volta o poder da tomada de decisões mais “sóbrias”.

Porém, o hormônio ocitocina permanece em níveis elevados durante o amor companheiro. O que é super positivo, já que ele está relacionado ao afeto, ao apego, à conexão humana construída entre duas pessoas.

Estamos agora menos emocionais e mais reflexivos. Os efeitos da paixão podem dar lugar ao desinteresse e o arrependimento. Tudo também deixa de ser automático, ou seja, a fixação gratuita pela pessoa, o pensamento exclusivo e o desejo de agradar podem demandar mais trabalho.



“O amor companheiro é marcado por uma forte conexão, que no começo não é intensa no começo, mas com o passar do tempo ela se torna tão forte que ocorre uma espécie de interdependência entre as pessoas” comenta o neurologista.

Justamente por atingir um nível tão profundo de conexão, casais que estão juntos há muito tempo podem sentir de forma muito mais traumática as brigas, decepções e rompimento, e levam mais tempo para superações também.

Quando a paixão acaba, o investimento de energia para que aquela relação dure pode diminuir drasticamente. Portanto, para que ela obtenha sucesso, dois elementos são determinantes: a consistência e o esforço . “A dedicação durante o paixão não é mérito, justamente devido à essa orquestra fisiológica que está acontecendo, que está te inclinando fortemente tudo isso” diz Pedro.

E você, está pronto para enfrentar o vendaval de emoções que a paixão proporciona? Mais do que isso: está pronto para o comprometimento sério que o amor companheiro demanda? Lembre-se: a qualidade das nossas relações é um fator de suma importância para nossa saúde, como dissemos nessa matéria. Escolha seus parceiros com sabedoria e tranquilidade.

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