Para Inspirar

O segredo para ser um bom pai

Pesquisas estão descobrindo que cuidadores paternos desempenham um papel crucial no comportamento das crianças

8 de Agosto de 2019


Hoje, muitos pais são celebrados por serem sensíveis, carinhosos e participativos. Um corpo crescente de pesquisas está transformando nossa compreensão de como eles podem moldar as vidas de seus filhos desde o início, desafiando as ideias convencionais de paternidade e gênero. Isso é surpreendente, uma vez que até a década de 1970 o papel mais importante dos pais era visto como apoio econômico à mãe, que por sua vez seria a âncora emocional da criança.

"Havia muito foco em como as relações com as mães eram muito importantes, e pouca reflexão sobre outras relações sociais", disse à BBC Michael Lamb, psicólogo da Universidade de Cambridge que estuda paternidade. “O mais óbvio deles foi o relacionamento pai-filho - um relacionamento que era visto como mais importante à medida que as crianças crescem, mas sempre foi visto como secundário para o relacionamento mãe-filho.”

Agora, novas pesquisas estão mostrando que o mundo social das crianças é muito mais rico e complexo do que se pensava anteriormente. Não são apenas os pais que se colocaram no centro das atenções. Avós, pais do mesmo sexo, pais adotivos e solteiros também ajudaram os pesquisadores a entender o que realmente faz uma criança prosperar - e que não se trata apenas de um cuidador.

Uma série de estudos recentes mostra como os papéis parentais flexíveis podem ser. A psicóloga Ruth Feldman, da Universidade Bar-Ilan, de Israel, descobriu que, assim como as mães, os pais experimentam um impulso hormonal quando cuidam de seus bebês, o que ajuda no processo de união. Quando eles são os principais cuidadores, seus cérebros se adaptam à tarefa. E o envolvimento emocional é importante.

Bebês com pais emocionalmente engajados mostram melhor desenvolvimento mental como bebês e são menos propensos a ter problemas comportamentais mais tarde, em comparação com bebês cujos pais se comportam de uma forma mais distanciada. As crianças mais velhas também se beneficiam.

Aquelas cujos pais, ou figuras paternas, são mais emocionalmente favoráveis, tendem a ficar mais satisfeitos com a vida e a ter um melhor relacionamento com professores e outras crianças. "Os fatores que levam à formação de relacionamentos são exatamente os mesmos para a mãe e o pai", diz Lamb. "Isso realmente se resume à disponibilidade emocional, reconhecendo as necessidades da criança, respondendo a elas, proporcionando o conforto e o apoio que a criança precisa".

Envolver os pais desde o início pode trazer muitos benefícios, mostrou a pesquisa. E brincar é particularmente benéfico. "Brincar é a linguagem da infância: é a maneira como as crianças exploram o mundo, é como elas constroem relacionamentos com outras crianças", diz Paul Ramchandani, que estuda em educação, desenvolvimento e aprendizado na Universidade de Cambridge.

Ele e sua equipe observaram os pais brincando com seus bebês nos primeiros meses de vida, depois acompanharam o desenvolvimento das crianças. Eles descobriram que as interações precoces pai-bebê são muito mais importantes do que se supunha anteriormente. Bebês cujos pais eram mais ativos e engajados durante a brincadeira tinham menos dificuldades comportamentais na idade de um em comparação com aqueles com pais mais distantes ou separados.

Eles também fizeram melhor em testes cognitivos em dois, por exemplo, em sua capacidade de reconhecer formas. Esses resultados foram independentes do relacionamento da mãe com a criança. Ramchandani adverte que os resultados não devem ser interpretados como um nexo causal claro.

Em vez de afetar diretamente o desenvolvimento de seus filhos, o comportamento dos pais distantes pode, por exemplo, ser um sinal de outros problemas na família. Ainda assim, ele vê o estudo como um incentivo para brincar com seu filho muito antes de poderem engatinhar e falar. Mas Ramchandani diz que pode ser tão simples quanto sentar o bebê no seu colo, fazer contato visual e observar o que eles gostam.

"O envolvimento é a coisa mais importante, porque você vai melhorar se praticar. Não é algo que vem naturalmente para todos”, diz ele. De muitas maneiras, os pais estão mais envolvidos do que nunca. Há grupos de estudo para pais, aulas de massagem para bebês somente para pais e vídeos on-line sobre paternidade.

"Um dos pontos que aprendemos é que não existe um modelo do pai ideal. Não há uma receita para o que o pai precisa fazer ou que tipo de comportamento ele precisa imitar ”, diz Lamb. Em última análise, diz ele, é sobre estar emocionalmente disponível e atender às necessidades da criança. “Pessoas diferentes fazem isso de maneiras diferentes.

Tem havido muita conversa sobre "os pais precisam fazer isso de maneira masculina?". E a resposta é não, eles não precisam. “Eles precisam fazer isso de uma maneira que faça sentido para eles, que seja autêntico, que lhes permita estar plena e coerentemente engajados no relacionamento com seus filhos.”

Fonte: Sophie Hardach, para BBC
Síntese: Equipe Plenae
Leia o artigo completo aqui.

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Desmistificando conceitos: o que é a fibromialgia?

A dor crônica e autoimune ainda instiga os cientistas, mas algumas explicações de causa e tratamento já existem e podem melhorar a vida de quem sofre com isso

24 de Agosto de 2023


Nosso cérebro, esse órgão exaustivamente abordado em artigos aqui no Plenae, é capaz de produzir maravilhas. Ele, aliás, é o que nos difere de todas as outras espécies da natureza: se um dia ele já ofereceu desvantagem evolutiva por ser pesado e não nos permitir correr tão rápido, com o tempo e seu devido uso, ele nos colocou no topo da cadeia alimentar.

Mas, nem só de graças cognitivas nós vivemos e usufruímos. O cérebro, em toda sua complexidade, também nos engana e cria situações e até doenças cujo teor não era físico antes, mas logo se torna. Afinal, como já sabemos, é impossível separar o corpo da mente e, se um adoece, o outro adoece junto. 

Um desses adoecimentos que vem intrigando os cientistas cada dia mais é a fibromialgia, cujos primeiros relatos clínicos mais sérios datam de 1970 - praticamente ontem, se tratando da história da ciência. A seguir, vamos desmistificar mais um conceito e mergulhar nesse mistério já não tão misterioso assim!

Onde dói? Tudo!

Presente na Classificação Internacional de Doenças, o CID, a Síndrome da Fibromialgia, ou somente fibromialgia, vem sendo estudado há pelo menos quatro décadas de maneira intensa e muito séria pelos cientistas. Isso porque ela não era considerada uma entidade clinicamente bem definida até a década de 1970, quando foram publicados os primeiros relatos sobre os distúrbios do sono, como conta esse artigo de revisão

Foi em 1977 que foram descritos os primeiros sintomas nos portadores da moléstia, como locais específicos do corpo com exagerada sensibilidade dolorosa (chamados de tender points), distúrbios do sono (mesmo quando induzidos experimentalmente) e o caráter crônico, ou seja, persistente e aparentemente sem cura. 

A questão principal sobre a fibromialgia é a dificuldade em diagnosticá-la, já que não há um exame específico que a rastreie. O veredito dado pelo médico vem da anamnese, que é a conversa que o médico tem com o paciente para analisar o histórico clínico, além de alguns parâmetros de dor específicos como:

  • Presença na história clínica de dor generalizada, afetando o esqueleto axial e periférico (ossos da cabeça, do pescoço e do tronco), ou seja, acima e abaixo da cintura, com duração superior a três meses; 

  • Exame físico com dor à palpação com força em pelo menos 11 dos 18 tender points estabelecidos; 

  • Sensibilidade generalizada dos músculos, áreas ao redor de tendões e tecidos moles adjacentes; 

  • Rigidez muscular;

  • Fadiga; 

Outros sintomas ainda como dor após esforço físico, confusão mental, transtorno do sono e depressão costumam estar associados ao problema, seja como causa ou consequência. As dores com duração superior a de 3 meses podem sumir e voltar de acordo com alguns gatilhos, como o estresse, o desenvolvimento de doenças ou o acontecimento de eventos traumáticos, segundo artigo do hospital Albert Einstein

Portanto, não há um teste que comprove ou descarte a fibromialgia. Os pacientes apresentam provas de atividade inflamatória e exames de imagem normais. Ela é diagnosticada a partir da análise desses sintomas mencionados e da exclusão de outras possíveis doenças. Alguns exames podem ser solicitados justamente para a exclusão dessas outras possibilidades, como: 

  • Hemograma completo

  • Testes de tireóide

  • Dosagem de vitamina D

  • Dosagem de anticorpos para a doença celíaca, entre outros.

O público alvo da fibromialgia

A fibromialgia, infelizmente, é bastante comum, sobretudo no público feminino. Estudos apontam que ela ocorre 7 vezes mais em mulheres, geralmente jovens ou de meia-idade, do que em homens, crianças ou adolescentes. Um outro estudo, realizado pelo Colégio Americano de Reumatologia, encontrou uma prevalência de 3,4% para as mulheres e 0,5% para os homens e de 2% para ambos os sexos. 

Um estudo brasileiro determinou a prevalência de 2,5% na população, sendo a maioria do sexo feminino, das quais 40,8% entre 35 e 44 anos de idade. Ela é o segundo distúrbio reumatológico mais encontrado, superada apenas pela osteoartrite, e frequentemente ocorre em pacientes com outras doenças reumáticas sistêmicas que não estão relacionadas, mas que podem dificultar o diagnóstico.

O mecanismo que ocasiona a fibromialgia ainda não é muito claro para os estudiosos. A hipótese mais aceita é a de que se trata de uma alteração em algum mecanismo central de controle da dor, resultado de uma disfunção de neurotransmissores, como deficiência serotonina, encefalina, norepinefrina e outros ou uma hiperatividade de neurotransmissores excitatórios. 

Pode ser que seja ambos os casos, e pode ser ainda que essa condição seja geneticamente predeterminada e desencadeada por algum estresse não específico. Isso varia desde uma infecção viral, estresse psicológico ou até trauma físico. A questão é que a vulnerabilidade ao desenvolvimento da fibromialgia parece ser influenciada por fatores ambientais, hormonais e genéticos.

Junto das dores generalizadas e extrema sensibilidade à elas, pode vir ainda outros sintomas, como: 



  • Sintomas de depressão e ansiedade

  • Uma deficiência de memória junto de uma desatenção

  • Dores de cabeça tensional ou enxaquecas mais intensas

  • Tontura, vertigens e formigamentos

  • Distúrbios intestinais como a síndrome do intestino irritável 

  • A síndrome das pernas inquietas

  • E distúrbios do sono como dificuldade na indução, excessivos despertares durante a noite e sensação de sono não restaurador. Esses distúrbios acarretam ainda em outras consequências, como déficits cognitivos, cansaço matinal e a propensão para distúrbios psiquiátricos

Mas afinal, qual o perfil psicológico dos pacientes fibromiálgicos? Muitos estudos apontam para um perfil associado ao perfeccionismo, à autocrítica severa e à busca obsessiva do detalhe, como explica o artigo do Einstein. Mas há um destaque especial: a elevada prevalência de depressão nesses pacientes.

Isso leva os estudiosos a crerem que há uma relação mais forte do que se imagina entre os dois diagnósticos. As características dessa depressão, como a fadiga, os sentimentos de culpa, a baixa autoestima e a vitimização, pioram ainda mais os sintomas da fibromialgia e prejudicam o tratamento. Trata-se então de uma doença psicossomática, que te explicamos por aqui neste artigo

O tratamento

O tratamento da fibromialgia deve ser multidisciplinar, individualizado e contar com a participação ativa do paciente. O médico especialista deve, primeiramente, oferecer todas as informações possíveis sobre o diagnóstico, para que o paciente entenda e empodere-se do tratamento e entenda como é feito o controle da dor. 

Depois disso, os caminhos combinarão as modalidades não-farmacológicas e farmacológicas, devendo ser elaborado de acordo com a intensidade e características dos sintomas. É importante considerar ainda as questões psicossociais envolvidas no contexto do adoecimento, ou seja, qual foi o fator estressante que pode ter desencadeado tudo aquilo? 

As medicações utilizadas nesse caso buscam controlar a dor, induzir um sono de melhor qualidade e tratar os sintomas associados como, por exemplo, a depressão. Medicamentos como antidepressivos, analgésicos e anticonvulsivantes podem ser utilizados, além de terapias integrativas não-medicamentosas, que ajudam a reduzir a dor e o estresse. 

A fisioterapia, a terapia ocupacional e a psicoterapia - que melhora a relação do paciente consigo mesmo e atua reduzindo as questões emocionais - podem entrar nessa jogada. E se o estresse pode ser um grande gatilho para que as crises ocorram, então, um estilo de vida saudável é uma ótima maneira de combater a sua incidência. 

Os exercícios físicos, sobretudo, parecem um atalho muito importante para a diminuição das dores, já que ele ajuda na liberação da endorfina, uma espécie de morfina natural, como te explicamos aqui. Aqui no Plenae, nossa missão é justamente trazer dicas para atingir essa tão sonhada qualidade de vida. Esteja atento ao equilíbrio de seus pilares Corpo, Mente, Espírito, Relações, Contexto e Propósito para, assim, evitar males como a fibromialgia.

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