Para Inspirar

O que esperar dos relacionamentos pós-pandemia

Em um especial Dia dos Namorados, investigamos como base em diferentes análises de especialistas como deverá ser o futuro dos relacionamentos pós-pandemia

11 de Junho de 2020


O mundo preparava-se para concluir mais uma volta ao Sol e encerrar sua segunda década deste milênio quando uma ameaça invisível surgiu. Apesar de ainda estar em processo de investigação o país que registrou o primeiro caso de coronavírus, já se sabe que ela se trata de uma zoonose (doença que afeta tanto a humanos quanto a animais), proveniente da carne de morcego.

Publicamente, a China foi a que despontou mais rapidamente e com ineditismo nos casos diante do mundo todo. Foi por lá que a Covid-19 ganhou o caráter de epidemia e, posteriormente, quando se alastrou para outros países, de pandemia. O fato é que esse vírus, tão novo para a ciência e para a população, obrigou ambos a responderem rapidamente aos perigos que ela demonstrava ter.

De um lado, cientistas correndo contra o tempo para entender tudo acerca do tema em tempo recorde, e estarem assim prontos para encontrarem uma cura ou algum tipo de resposta. Do outro, nós, indivíduos comuns, presos subitamente dentro de nossas próprias casas, praticando o tão temido isolamento social em uma tentativa de conter o rápido avanço da doença.

Esse período, chamado de quarentena - mas bem mais longo que 40 dias -, veio para nos ensinar, sobretudo, a força que a natureza possui. Ao passo em que ela cura, ela também possui um poder fatalístico, capaz de enclausurar humanos de um dia para o outro. Mas, para além da profundidade mística do assunto, a quarentena também foi um período de mudanças, tanto internas quanto externas.

Escritórios precisaram encontrar um novo modelo de trabalho home office, e descobriram que ele pode sim apresentar a mesma eficiência dos escritórios. Lojas tiveram que adaptar seu modelo de vendas para o e-commerce, e pasmem: algumas lucraram ainda mais. Restaurantes renomados viraram experts em marmitas e artistas se viram diante de câmeras, desfilando suas super produções antes performadas em grandes palcos, dessa vez em uma democrática live no Instagram.

Artistas de pequenas produções, como saraus e slams, também conseguiram seu espaço , propagando a palavra da arte e da cultura por aí. Luvas, máscaras, álcool gel: esses itens se tornaram poderosos aliados e até mesmo indispensáveis para nossos dias. Vai sair de casa? Impensável deixar sua máscara de proteção para trás. Precisou ir ao mercado? Na volta, álcool gel nas mãos e também em todos os seus produtos.

A telemedicina ganhou força e psicólogos também passaram a atender por vídeo. Assim como os educadores físicos, que montaram treinos específicos para serem feitos em casa, sem deixar desculpas para ninguém ficar parado. Mais do que isso: quantas pessoas tinham preguiça e hoje veem os resultados positivos que a ginástica pode trazer para a saúde mental?

Até mesmo o meio ambiente apresentou níveis de recuperação recordes, que encantam a qualquer um. Os canais de Veneza ficaram claros e receberam visitas de golfinhos, e o tráfego marítimo no Mar Mediterrâneo quase desapareceu. Animais terrestres também fizeram a festa, seja aqui no Brasil , mas também pelo mundo afora , sendo vistos com mais frequência e liberdade.

A boa notícia é que o ser humano, tão plenamente adaptável e racional, tem conseguido na medida do possível adaptar-se a mais essa nova realidade. Não sem alguns percalços no caminho, mas buscando alternativas dentro de si e em seu ambiente ao redor. A má notícia é que teremos de nos adaptar ainda mais.

As projeções de alguns especialista s é de que, por dois anos, teremos de nos alternar entre períodos de quarentena e não quarentena, até que o vírus desapareça de vez. Mais do que isso, teremos de estar preparados, graças aos nossos aprendizados dessa pandemia, para possíveis surgimentos de novos vírus ainda desconhecidos no futuro. E como ficam então as relações nesse vai e vem?

Fome de pele

Se você praticou o isolamento social e “quarentenou” como as autoridades médicas recomendaram, então você provavelmente deve ter sentido a chamada fome de pele. Esse fenômeno, que agora passou a ser estudado por neurologistas de todo o mundo, demonstrou que nós, mamíferos, precisamos fisiologicamente de abraços e contato humano.

Esse contato não provoca somente as sensações boas que já conhecemos (e sentimos saudades!). Ele é importante também para um bom desenvolvimento cognitivo, emocional e social.

“Segundo a Teoria da Mente, uma grande região do cérebro humano (e de alguns primatas) se chama cérebro social: temos neurônios-espelho que se ativam quando estamos em contato com outros; ou seja, o confinamento é uma medida excelente contra as pandemias, sabe-se há séculos, mas pode afetar as pessoas que têm grandes necessidades empáticas (o que não significa que não se justifique)”, explica ao EL PAÍS a neurologista clínica Teresa Cristina Guijarro Castro. Para se ter ideia, se não somos abraçados o suficiente quando somos bebês, seja pelos nossos pais ou algum cuidador, nosso cérebro se desenvolve mais lentamente e com menos potencial que as demais crianças, segundo Kory Floyd, pesquisador da Universidade do Arizona nas áreas de funções psicocognitivas.

Portanto, fique calmo: ao sentir essa saudade do contato humano, você não está sozinho e nem exagerando. É o seu cérebro que deve estar ativando seus modos mais profundos de sobrevivência. Sendo assim, como será o futuro das relações pós-pandemia? Difícil de prever.

Apesar de toda essa saudade, os cientistas ainda buscam respostas para esses novos contatos humanos. Os próprios encontros, por exemplo, já sofreram alterações, e o “ webdate ”, ou seja, o encontro online e por vídeo, já tem recebido cada vez mais adeptos . Até mesmo o sexo já tem se provado adaptável à distância. Uma pesquisa revelou que 31% dos brasileiros cederam ao “ sexting ”, que é aquele bate papo mais pessoal e íntimo entre um casal. Para pesquisadores, isso não é de todo ruim: as relações que vinham se tornando cada dia mais líquidas e frágeis, hoje se veem capaz de driblar grandes obstáculos.

Mais do que isso, elas atingiram níveis de profundidade em conversa que em um cenário normal, poderiam não ter atingido, pela simples falta de necessidade. Será difícil lidar com a falta do toque, é o diz Robin Dunbar, professor emérito de psicologia evolutiva da Universidade de Oxford, à reportagem da BBC . "O contato físico faz parte do mecanismo que usamos para estabelecer nossos relacionamentos, amizades e afiliações familiares", diz ele.

Nosso sistema complexo de endorfina pode ser desencadeado ao simples toque de outra pessoa, e isso vem desde nossa história como primatas, quando o toque na pele peluda nos fazia sentir quentes e positivos. O que haverá, enfim, segundo especialistas, é um pequeno limbo de distanciamento físico, ainda que temporário, mas um nível de profundidade nas relações interpessoais ainda maior. Sem o toque, estaremos fadados a procurar outras saídas para suprir essa falta de contato. E a conversa, a genuína preocupação com o outro, a vontade de estar por perto, ainda que de maneira digital - tudo isso já faz parte do “novo normal”.

Essa não é a primeira vez que passamos por isso. No século XV , o rei Henry VI proibiu beijos para deter a peste bubônica. No surto de HIV, de Tuberculose, Hanseníase e tantos outros, houve o medo de se relacionar e até de um simples aperto de mãos com qualquer um que pudesse estar infectado, até por pura desinformação. Mas superamos tudo isso. Voltamos a nos relacionar. Nos encaixamos, nos adaptamos e, mais do que isso, confiamos na ciência e buscamos conhecimento. Afinal, descobrimos que AIDS não se transmite por espirro, dentre outros mitos que caíram por terra.

As relações humanas foram fundamentais para que a espécie atingisse tanto êxito histórico, pela sua capacidade de se manter em grupo, cooperar e se reproduzir. Ao longo dos anos, muito teve de ser revisto, tanto a níveis culturais como de saúde. Esse período será lembrado no futuro somente como mais um dos obstáculos vencidos da humanidade.

Compartilhar:


Para Inspirar

O contato com o verde faz bem?

Conheça onze efeitos benéficos na saúde mental e do corpo resultantes do contato com o verde

16 de Maio de 2018


Onze estudos dizem que sim. Conheça onze efeitos benéficos na saúde mental e do corpo resultantes do contato com o verde
    1. Potencializador da memória. A Universidade de Michigan aplicou dois testes de memória em alunos. Depois de realizar o primeiro exame, pediram para que o grupo se dividisse em dois. Um saiu para passear no parque e outro, na cidade. Na volta, todos foram submetidos ao segundo teste de memória. Os alunos expostos ao ambiente verde melhoraram em 20% o desempenho. O grupo da cidade não apresentou evolução. O mesmo resultado foi observado em teste semelhante aplicado em pacientes deprimidos, ou seja, os resultados melhoraram depois de passarem um tempo na natureza.
    1. Restaurador da energia mental. Você já teve a sensação do cérebro estar meio desconectado? Pesquisadores da Faculdade de Psicologia da Universidade de Pádua, na Itália, dizem que se trata de "fadiga mental". O remédio seria a exposição mais assídua à natureza por mais breve que seja. Eles fizeram testes com três grupos que foram expostos a diferentes imagens: de cidade, formas geográficas e natureza. Os retratos de belezas naturais foram os únicos que estimularam melhora. Segundo pesquisadores, a imagem provoca sentimentos de admiração, que estimulam os impulsos mentais.
    1. Alívio do estresse. O hospital de Zhejiang, na China, comparou dois grupos de jovens expostos a ambientes diferentes. Um grupo passou duas noites em uma floresta. O outro ficou na cidade. Exames comparativos mostraram que os voluntários expostos ao verde apresentaram níveis mais baixos de cortisol – hormônio usado como marcador de estresse – e diminuição da frequência cardíaca. Outros testes apontam que funcionários de escritório têm o estresse reduzido e maior satisfação no trabalho se ali houver uma janela com vista para a natureza.
    1. Diminui inflamações. A inflamação é um processo natural que o corpo usa para responder às ameaças. Pode ser uma contusão, como um dedo quebrado, ou patogênico, caso de uma gripe. Em ambos os casos, quando a inflamação fica excessiva, ela está associada a diferentes graus com ampla gama de doenças, incluindo distúrbios autoimunes, intestinais inflamatórias, depressão e câncer. A exposição a locais verdes pode ser uma maneira de ajudar a manter tudo sob controle. Indivíduos que passaram mais tempo em contato com a natureza apresentaram níveis mais baixos de inflamação do que aqueles que permaneceram na cidade. Ainda no Hospital Zhejiang, o teste foi repetido com outra população, 12 pacientes idosos. Um grupo passou uma semana em ambientes arborizados e o outro foi enviado à cidade de Hangzhou. Os voluntários que ficaram em contato com a natureza reduziram as inflamações e a hipertensão arterial.
    1. Melhora da visão. Pelo menos em crianças, um grande número de pesquisas apontam que atividade ao ar livre pode proteger os olhos, reduzindo o risco para o desenvolvimento ou a progressão da miopia. A base foi um estudo australiano com 2 mil crianças em idade escolar acompanhadas por dois anos. Os menores que ficaram mais tempo ao ar livre, tiveram menor prevalência de miopia, principalmente na faixa dos 12 anos. Outro estudo, esse em Taiwan, envolvendo três entidades, Faculdade de Medicina da Universidade de Chang Gung, Hospital Memorial de Kohsiung e Faculdade de Medicina de Kohsiung: pesquisadores analisaram duas escolas vizinhas, onde a miopia era igualmente comum. Orientaram um dos colégios a incentivarem as atividades ao ar livre durante o recesso. A outra instituição de ensino foi apenas monitorada. Depois de um ano, a taxa de miopia na escola monitorada foi de 17,65%, enquanto na outra – onde os alunos foram expostos mais ao ar livre –, 8,41%.
    1. Aumenta a concentração. Pesquisadores da Universidade da Califórnia – Terri Harting e Gary Evan – e da Soluções em Planejamento e Design – Marlis Mang – mandaram um grupo de estudantes acampar, outro circular pela cidade e uma parcela ficou apenas relaxando. Quando retornaram, o grupo da natureza mostrou melhor resultado em uma tarefa de revisão. Outros estudos encontraram respostas semelhantes - até mesmo ver uma paisagem pela janela pode ajudar. O efeito do verde é tão forte que crianças com distúrbio de atenção se concentram melhor depois de apenas 20 minutos em um parque.
    1. Potencializa a criatividade. Pesquisadores da Universidade de Kansas e de Utah dizem que quatro dias de imersão na natureza, sem qualquer conexão com aparelhos multimídias e tecnológicos, aumentam em 50% a criatividade.
    1. Previne o câncer. Estudos preliminares sobre essa conexão sugerem que passar um tempo na natureza – em florestas, em particular– estimula a produção de proteínas anticancerígenas. Esses níveis continuam elevados até sete dias depois do contato com a natureza. Estudos no Japão também descobriram que áreas com maior cobertura florestal têm taxas de mortalidade mais baixas de uma grande variedade de cânceres, mesmo depois de controlar hábitos de tabagismo e status socioeconômico.
    1. Fortalece o sistema imunológico. Estudo realizado no Japão, pelo Departamento de Higiene e Saúde Pública, da Faculdade de Medicina de Nippon, analisou um grupo de homens e mulheres que passaram duas noites e três dias em um região florestal. Foram colhidas mostras de sangue e urina no segundo dia, no terceiro e no sétimo (quando já tinham voltado da viagem). Os testes provaram o aumento de imunidade. Repetidos os mesmos exames 30 dias depois, constatou-se que o banho de verde ainda mantinha seu efeito.
    1. Um remédio para o mal-humor. Ansiedade, depressão e outros problemas de saúde mental melhoram no contato com a natureza, especialmente quando associados ao ar livre. Um estudo descobriu que as caminhadas na floresta estavam especificamente associadas com diminuição dos níveis de ansiedade e mau-humor. Pesquisas também apontam que caminhadas ao ar livre poderiam ser “úteis clinicamente como um suplemento aos tratamentos existentes” para transtornos depressivos mais intensos. “Todo ambiente verde melhora a autoestima e o humor”, segundo uma análise sobre dez estudos do chamado “exercício verde”. Em todos eles, “foram os pacientes mentais que apresentaram maior aumento da autoestima”. A presença de água intensificou ainda mais os efeitos positivos.
  1. Evita morte precoce. Pesquiadores da Faculdade de Harvard usaram dados de um grande estudo realizado sobre a saúde das enfermeiras. Das 108.630 participantes, 8.604 morreram entre os anos de 2000 e 2008. Com acesso aos endereços, mensuraram a quantidade de área verde ao redor de cada voluntária com a ajuda de informações de imagens de satélite. Os resultados mostraram que as enfermeiras com 1.250 m² de área verde morriam menos, principalmente de câncer e doenças respiratórias.
Leia o artigo completo aqui. Fonte: Lauren F. Friedman e Kevin Loria Síntese: Equipe Plenae

Compartilhar:


Inscreva-se na nossa Newsletter!

Inscreva-se na nossa Newsletter!


Seu encontro marcado todo mês com muito bem-estar e qualidade de vida!

Grau Plenae

Para empresas
Utilizamos cookies com base em nossos interesses legítimos, para melhorar o desempenho do site, analisar como você interage com ele, personalizar o conteúdo que você recebe e medir a eficácia de nossos anúncios. Caso queira saber mais sobre os cookies que utilizamos, por favor acesse nossa Política de Privacidade.
Quero Saber Mais