Para Inspirar

O maior mapa genético contra o envelhecimento

"Todos queremos chegar lá. Todos queremos que as pessoas tenham vidas muito mais significativas e produtivas à medida que envelhecem", diz John Craig Venter.

28 de Junho de 2018


O pioneiro do genoma humano, o bioquímico americano John Craig Venter, ex-CEO da Celera (empresa norte-americana que se concentra em sequenciamento genético e tecnologias relacionadas), investiu nos últimos três anos na expansão do sequenciamento do mapa genético com a intenção de desvendar os segredos do envelhecimento. Em 2014, convocou 40 mil pessoas – esse número pode chegar a 100 mil – e iniciou o processo de sequenciamento de seus mapas genéticos. Na época, o empresário anunciou a fundação de uma nova empresa, a Human Longevity Inc. (HLI), em parceria com a Universidade da Califórnia e outras organizações científicas. “A HLI é a Celera com esteroides e cocaína”, disse o arrojado Venter, que prometeu realizar a maior operação de sequenciamento genético humano no mundo. “A ideia”, segundo ele, “era compilar o maior banco de genótipos humanos, microbiotas (micróbios que vivem no intestino associados à imunidade do organismo) e dados de fenótipos disponíveis para enfrentar as doenças associadas ao declínio biológico humano relacionado ao envelhecimento.” Passados três anos, sua mais nova empresa foi avaliada em 1,9 bilhão de dólares. Só em 2017, recebeu 200 milhões de dólares de investimentos. Segundo Venter, a promessa foi cumprida. Hoje ele tem a maior central de dados genéticos do mundo. E já começou a fazer negócios: vende por US$ 25 mil o escaneamento genético completo do corpo. Vale a pena reler. Para conhecer melhor o trabalho do empresário americano, polêmico na comunidade científica, vale à pena ler a entrevista que Venter e seus colegas pesquisadores – Karen Nelson, especialista em microbiota e terapia celular, Robert Hariri e o fundador da XPRIZE, Peter Diamandis – concederam à revista National Geographic, em 2014, sobre o empreendimento: Por que 40 mil genomas? Venter: É o número de genomas que os dois sistemas de sequenciamento adquiridos podem produzir em um ano. Obviamente, haverá avanços e melhoramentos no sequenciamento. O senhor considera o envelhecimento uma síndrome específica ou simplesmente cobrirá todas as doenças que você investigará? Venter: Bem, é algo que todos fazem (risos). Hariri: O envelhecimento é um componente central de todas as doenças que queremos abordar terapeuticamente. Acreditamos que muitos dos processos no nível celular e genômico, que chamamos de envelhecimento, estão relacionados e conectados. Como o bioma intestinal (microbiota) se relaciona com o genoma humano? Por que o senhor quer fazer esse mapeamento? Nelson: Estamos realmente entusiasmados por integrar a microbiota aos genomas humanos de forma tão expansiva. A microbiota mostrou ser um indicador de doenças e um ator (na doença). Pode levar a novas abordagens terapêuticas se for melhor compreendida. Venter: A terapêutica humana é o objetivo. Queremos encontrar novos testes, diagnósticos e maneiras de consertar as pessoas. A microbiota pode ajudar a lidar melhor com as doenças. O senhor pode falar um pouco sobre os planos de negócios? Peter (Diamandis) é mais conhecido por explorar asteroides. Isso tem algo a ver com genomas? Diamandis: Os dois ramos do conhecimento caminham juntos. A tecnologia segue esse tipo de “inovações disruptivas” de uma maneira muito promissora. A Celera tinha o objetivo de vender informação dos genomas aos assinantes para levar a novos testes terapêuticos e de diagnóstico. A HLI tem a mesma visão? Venter: HLI é a Celera com esteroides e cocaína. Teríamos feito tudo isso em 1990 se tivéssemos tido a chance. Agora, a profundidade e amplitude da informação são de outras ordens de magnitude, bem maiores do que quando iniciamos a Celera. Os custos para sequenciar um genoma são uma pequena fração do que eram. Não fui cético. Estava entre as pessoas que se queixaram de que pouco aconteceu depois que o genoma humano foi sequenciado. Essa é outra corrida do genoma? Venter: A diferença é que estamos todos do mesmo lado agora. Se houver uma corrida, será para que traga os benefícios dos genomas para a terapêutica humana. Todos queremos chegar lá. Todos queremos que as pessoas tenham vidas muito mais significativas e produtivas à medida que envelhecem. Leia o artigo original aqui.

Fonte: DAN VERGANO Síntese: Equipe Plenae

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A receita de saúde é ter amigos

Interagir com amigos online faz parte da atualidade, mas encontrá-los presencialmente é ainda melhor para a saúde

7 de Maio de 2019


A internet transformou o mundo em uma aldeia em apenas vinte anos. Os encontros presenciais tornaram-se menos frequentes. Em uma fila de espera, por exemplo, as pessoas preferem conversar pelos aplicativos de mensagens a conhecer quem está à frente. Mesmo durante um jantar com amigos , os celulares permanecem em cima da mesa, para que ninguém perca uma mensagem, um like, um acontecimento. Apesar da conexão mágica, pesquisas apontam para o aumento do isolamento social. Quem tem milhares de seguidores no Instagram às vezes não tem o ombro amigo para recorrer quando a situação aperta. Sabe-se que a qualidade e a quantidade dos relacionamentos desempenham papel importante no bem-estar físico e psicológico. Tête-à-tête. Uma série de estudos recentes sugere que os relacionamentos presenciais trazem maior benefício à saúde do que o bate-papo virtual. Segundo pesquisadores, a convivência social engajada e significativa adiciona de 10 a 30 anos na expectativa de vida das pessoas. O ícone da alimentação natural John Robbins relata no livro Saudável aos 100 anos (editora Objetiva) que relacionar-se na comunidade que se está inserido é o fator mais importante da longevidade. Ocupa o primeiro lugar de um ranking de indicadores de longevidade, passando os exercícios físicos, a qualidade do ar ou mesmo a dieta equilibrada, entre outros. Dean Ornish, médico americano, afirma com ousadia: “Não conheço nenhum outro fator que não inclua dieta, não fumar, não fazer exercícios, não estressar, não-genético, não relacionado aos abuso de drogas e não-cirúrgico que tenha um grande impacto em nossa qualidade de vida, incidência de doenças e morte prematura por todas as causas do que a qualidade dos nossos relacionamentos íntimos”.

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