Para Inspirar
A capacidade de absorver mais informações e se modificar conforme suas experiências é uma das muitas habilidades incríveis que o cérebro humano possui.
2 de Dezembro de 2022
No penúltimo episódio da décima temporada do Podcast Plenae, conhecemos a história do Mochileiro pela Educação, Tiago Silva, que mudou a sua própria realidade com a ajuda dos livros e, hoje, busca fazer o mesmo por outras crianças, oferecendo o mesmo caminho.
A idade que o público alvo de Tiago possui é justamente a melhor para se desempenhar esse trabalho. Como te contamos aqui neste artigo, a leitura é uma ferramenta potente, sobretudo quando iniciada na infância. O mergulho em diferentes mundos, culturas e tempos - ainda que imaginários ou imaginados - propostos pela literatura facilitam uma maior percepção do outro e dos sentimentos. Ajuda a entender melhor o que é a empatia, bem como ter uma maior proximidade com seu lado emocional.
Mas, além disso, há um outro ganho não explicitado e que iremos tratar aqui hoje: a neuroplasticidade, que é “a capacidade que o cérebro tem de aprender e se reprogramar”. Se tratando de um cérebro ainda jovem, a neuroplasticidade é ainda maior e mais pulsante. E é por isso que dedicamos um tema da vez inteirinho sobre o assunto. Mas calma, nós vamos te explicar melhor a seguir!

Imagine o complexo e completo órgão que é o nosso cérebro. Ao fecharmos os olhos, imediatamente pensamos em uma palavra: os neurônios. Eles nada mais são do que células presentes no sistema nervoso central, responsáveis por estabelecer conexões entre eles. Mas para que essa conexão aconteça, são necessários os estímulos externos ou do próprio organismo - e leia-se: sem essas conexões, basicamente não existimos, pois elas são responsáveis por tudo o que somos e que fazemos.
Quando esses neurônios são devidamente estimulados, eles juntos geram impulsos elétricos e liberam substâncias químicas nos espaços vazios entre um neurônio ou outro - um vão chamado sinapse. Essas sinapses são justamente a ligação, a conexão que tanto buscamos e queremos que esses neurônios desempenhem. A cada estímulo realizado, toda a sua rede de neurônios se reorganiza para te proporcionar diferentes caminhos de resposta.
É aí que entra a plasticidade neuronal, essa habilidade incrível, quase mágica, que nosso cérebro consegue realizar, formando milhares de novas conexões a cada momento. Enquanto você lê esse artigo, novas sinapses estão acontecendo. É também graças a esse poder regenerativo que conseguimos nos recuperar de lesões graves, sobretudo se elas foram sofridas ainda na infância.
Quedas que possam ter afetado a capacidade motora ou a fala e a audição, por exemplo, podem ser recuperadas - a depender do nível do estrago, é claro - porque há toda uma vida pela frente e milhões de novas reconexões para esses neurônios realizarem.
“Hoje sabemos que o sistema nervoso humano e de outros mamíferos é extremamente flexível e plástico. Há cerca de 20 ou 30 anos, a ideia era que fosse bastante estático, não só quando em condições normais de funcionamento, mas também quando alterado por alguma lesão”, explica o médico neurocientista pela UNIFESP, Cláudio Guimarães dos Santos, ao portal Drauzio Varella.
Graças ao avanço das pesquisas nesse campo, não só aprendemos mais sobre como o sistema nervoso opera normalmente, mas também como ele é capaz de se modificar e de se transformar. “Evidentemente, sabíamos que as pessoas mudavam ao longo do tempo, mas não tínhamos ideia de como a estrutura nervosa, neuronal, respondia a essas modificações”, conta Cláudio.
Hoje, pesquisas na área de reabilitação evoluíram muito, justamente por saber que um dano no sistema nervoso tem como não ser eterno, pode ser modificado. Isso se deu também graças às novas técnicas de neuroimagem funcional, que permitiram o estudo da substância encefálica durante a realização das tarefas cognitivas, como explicou o especialista.
Como te explicamos, essa plasticidade ocorre por toda a vida e deve ser sempre estimulada, inclusive em idosos. Mas é na infância que ela está a todo vapor. Por isso que crianças aprendem línguas estrangeiras mais rápido, por exemplo. E isso se dá porque é justamente na infância o período onde mais precisamos adquirir conhecimento sobre o funcionamento da vida como um todo.
Além disso, como prossegue a Paula, plasticidade cerebral pode ser dividida em dois tipos: a funcional, que é essa capacidade do cérebro mover as funções de uma área danificada para outras que não estejam comprometidas; e a estrutural, que é quando o cérebro consegue mudar sua estrutura física como consequência do seu aprendizado.
O segundo tipo é o que iremos tratar aqui, na infância. Para que esse processo ocorra de forma homogênea e eficaz, o estímulo fará toda a diferença. Por isso que bons exemplos se fazem tão necessários nessa fase, onde aquele pequeno indivíduo está observando tudo e absorvendo tudo também. As imitações, tão comuns e “engraçadinhas” das crianças, é reflexo desse aprendizado adquirido pela observação, é o cérebro plástico em ação.
Conforme essa criança vai crescendo, as sinapses formadas vão se fortalecendo, deixando menos espaço para novos aprendizados e novas possibilidades de conexão. Isso não é um diagnóstico terminal, é claro, e não quer dizer que não aprendemos nada quando ficamos adultos.
Mas é preciso mais empenho e mais estímulo, e vale lembrar que, com o passar da vida, somos mais expostos ao estresse, substâncias psicoativas, privação de sono e outros fatores que podem dificultar a aprendizagem. Te trouxemos neste artigo caminhos possíveis para melhorá-la, mas a dica de ouro para isso é treinar cada vez mais o seu cérebro.
Os livros, motivo pelo qual iniciamos esse artigo, é um aliado potente nessa trajetória. Em qualquer momento da vida, eles chegam para agregar, mas quando dados na infância, como faz o Thiago Silva, os ganhos cerebrais são imensos e ainda há um plus: a possibilidade ainda maior de fomentar o hábito da leitura desde cedo, formando um leitor para a vida.
O sinal acabou de soar, são 7h30 da manhã e no ar, há um cheiro de pão de queijo fresquinho e tinta de caneta nova
5 de Fevereiro de 2024
O sinal acabou de soar, são 7h30 da manhã e no ar, há um cheiro de pão de queijo fresquinho e tinta de caneta nova. Há também um clima de novidade em cada corredor onde uma criança passa correndo, seguido de um grito "cuidado com a escada" dado pela inspetora.
A volta às aulas marcava esse período tão extraordinário nesse lugar chamado infância. Com ela, vinham as novas possibilidades, sejam elas de amigos ou de finalmente se dar bem em determinada matéria. Era quase como um ano novo particular dentro de cada um daqueles alunos, os votos de renovação em um ambiente que é sim acadêmico, mas também essencialmente social.
Foi na escola que aprendemos o valor de uma companhia na hora do lanche. A confiança em uma dupla na educação física. A força de um trabalho em grupo e de uma nova e avassaladora paixão. Aprendemos na escola muitas fórmulas e regras ortográficas, mas também a guardar os segredos de um melhor amigo.
Quando as férias de verão acabam, os dias de praia podem até ficar para trás, mas há pela frente tantos outros universos a serem explorados. Porque é nesse retorno que moram os grandes recomeços, os primórdios de tantas coisas que brotam na meninice, mas que nos acompanham por toda a vida adulta.
E é como se procurássemos essas sensações que o primeiro dia de aula nos causava por toda a nossa existência. Que a gente possa se reconectar com essa criança interna, cheia de expectativas e vontade de fazer, todos os dias, pelo menos um pouco. É isso que trará mágica e alegria para os dias comuns.
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