Para Inspirar
Como a nossa vida nas telas tem gerado novas angústias e anseios - e o que fazer a respeito.
2 de Maio de 2023
A vida online já é mais do que uma realidade. É como se nunca tivéssemos vivido de outra maneira, de forma que se torna um esforço para nos lembrarmos como era antes. Mas, muitas vezes, as mudanças da sociedade vão acontecendo e a nossa psique não muda ao mesmo tempo. Isso pode gerar angústias e dúvidas sem que a gente sequer entenda o porquê.
Para tentar traduzir um pouco dos novos medos, sejam eles por conta da vida online ou não, pesquisadores criam siglas que os resumem, de tempos em tempos. Te contamos aqui sobre a FOMO x JOMO e também sobre o FOGO, FONO e FODA. Mas acredite: há novas siglas rolando por aí.
É contraditório, mas ao mesmo tempo que estamos exaustos de tela, há um medo pairando no ar de estarmos fora da tela também. Trata-se do FOLO, o fear of loggin off, ou o medo de ficar offline. Grande parte desse medo se dá em partes pela mesma natureza da FOMO (fear of missing out, ou o medo de estar perdendo algo), mas não só isso: o medo de ficar offline se dá por conta de como trabalhamos em tempos atuais.
Do outro lado, há o FOLI: fear of loggin in, que é o medo de estar online. Ele não é o oposto do FOLO, ele pode ser na verdade uma consequência, justamente pela contradição que trouxemos logo no começo deste tópico. Estamos exaustos de tela e há uma ansiedade só de pensar em ligá-la. Mas não ligá-la também é um problema. É tudo bem complexo.
A quantidade de reuniões online que um indivíduo tem hoje em dia pode estar contribuindo para tudo isso. Uma pesquisa do Laboratório de Fatores Humanos da Microsoft buscou entender as modificações no comportamento online que a pandemia nos trouxe. O objetivo era encontrar soluções para essa fadiga relatada por tantas pessoas, causadas por essas reuniões.
Usando análise de ondas cerebrais, o estudo testou catorze pessoas diferentes, colocando-as para participar de videoconferências enquanto usavam equipamentos de eletroencefalograma. Cada um desses voluntários esteve em duas sessões, como explica o jornal da CNN.
Na primeira etapa, eles compareceram a quatro reuniões consecutivas, cada uma com duração de meia hora e sobre tarefas diferentes. Já no segundo dia, os quatro encontros foram intercalados com intervalos de dez minutos, nos quais os participantes meditaram com o aplicativo Headspace. Uma das conclusões do estudo parece óbvia, mas não é: as pausas permitem que o cérebro dê um “reset” e não acumule tanto o estresse das reuniões. O nosso desafio, como propõe a plataforma de inovação kes do, é saber desligar nas horas certas, para que o nosso cérebro consiga descansar, produzir e pensar melhor.
A sua opinião é melhor do que a minha?
Uma outra angústia que os novos tempos está trazendo é o excesso. Somos bombardeados diariamente com múltiplos caminhos possíveis, seja de opiniões a respeito de um tema polêmico até opções simples de uma mesma blusa. A tão sonhada liberdade pode ser, na verdade, fonte de dúvidas e de medo.
Um dos criadores do conceito de FOMO, Patrick J. McGinnis, agora propõe uma nova sigla: FOBO, fear of a better option. Em tradução literal, o medo de ter uma melhor opção. Assim como o FOLO, que te contamos lá em cima, o FOBO pode ter o mesmo DNA do FOMO, que aparentemente é a mãe de todas as siglas. No final do dia, é sempre o medo de estar perdendo algo que paira sobre nós.
Se cada escolha é uma renúncia, escolher em tempos modernos é seguir por uma única via quando há um mapa cheio de outras dezenas de possibilidades. É uma pressão sem tamanho. E essa pressão pode ser ainda pior para quem busca empreender, por exemplo, como pontua este artigo.
Na hora de lançar um novo produto, como deve ser o seu site? Você está por dentro de todas as tendências? Qual provedor de hospedagem você deve escolher? E o modelo de negócios, você deve propor tudo de graça no começo ou já começar cobrando? Cada pergunta vem com um conjunto de opções e nem todos abordam essas opções da mesma maneira.
Como o FOBO não desaparece depois que a decisão foi tomada, ele também costuma levar ao arrependimento. Essa era realmente a melhor opção? Eu realmente considerei todas as alternativas potenciais? O artigo ainda propõe que há dois tipos de pessoas: maximizadores e satisficers. Enquanto os primeiros tentam tomar uma decisão ótima a todo custo, os segundos simplesmente tentam encontrar uma solução que seja boa o suficiente e ficar em paz com o que foi decidido.
“O FOBO não é novidade. As pessoas há muito sofrem com escolhas importantes na vida, como se casar, arrumar um emprego ou comprar uma casa, na esperança de encontrar uma opção um pouco melhor ou radicalmente melhor. Hoje, quando temos tantas opções, não tentamos apenas otimizar com quem nos casamos ou onde trabalhamos ou moramos – tentamos otimizar quase todos os aspectos de nossas vidas e gastamos muito tempo e energia no processo.” diz Patrick.
Se você passa um tempo excessivo pesquisando, que pode te levar a uma procrastinação; frequentemente se arrepende de decisões tomadas; esconde seus objetivos com medo de ser obrigado a escolher um caminho em troca de outros; encontra-se em estado de ansiedade extrema até mesmo diante de escolhas pequenas. Tudo isso é sinal de que você pode estar sofrendo de FOBO.
O que fazer
Como todas as angústias dos novos tempos, é preciso lembrar-se sempre de que você não é culpado, mas está inserido em um modelo de sociedade onde é tudo para ontem, o que inevitavelmente gera angústias. Além disso, como dissemos anteriormente, muitas vezes o nosso cérebro e nossa psique não acompanha as mudanças tão rápidas dos novos tempos, levando um tempo maior para processar.
Depois de entender tudo isso, você já pode começar o processo tirando essa culpa dos seus ombros. E claro, a ajuda de um especialista é sempre bem-vinda. Um psicoterapeuta sempre pode te ajudar a ver as coisas sob outras perspectivas e também te impede de perpetuar padrões que podem ser problemáticos.
Por fim, estabelecer alguns limites pode ser importante para sua rotina. Isso vai desde um limite de tempo em frente a tela, até um limite de reuniões que você pode aceitar em um dia. E, porque não, um limite de decisões a serem tomadas em um espaço curto de tempo, ou um limite de tempo pensando a respeito de um assunto. Todos esses limites terão de partir de você, é claro. Mas acredite: será para o seu bem!
Para Inspirar
Mais do que o que falar e o que não falar, é preciso saber o que a população negra reivindica e quais são os termos dessa luta. Reunimos alguns para você aqui!
20 de Novembro de 2023
Estamos em
novembro, mês dedicado a pensar ainda mais sobre a população preta e suas
lutas. Sabemos que essa consciência deve expandir para todos os dias e não só
no dia 20, é claro. Mas, por que não aproveitar a chance de refletirmos ainda
mais? Por aqui, já falamos sobre alguns atletas negros para nos inspirar, falamos
sobre o movimento do afroempreendedorismo, 7 formas de apoiar a causa preta noseu dia a dia, um
pouco sobre viés inconsciente e muitos participantes pretos em
nosso podcast!
Agora, decidimos criamos um glossário que pode ser bastante pertinente. Mais do
que falar sobre as palavras proibidas e ofensivas, que tal conhecer aquelas que
representam as lutas dessa, que é a maioria da população – segundo dados mais recentes do IBGE -, mas infelizmente ainda é vítima
de tanta violência? A seguir, separamos algumas para você conhecer!
É o ato
de se apropriar de elementos de outra cultura da qual você não é parte e
desconsiderar, por exemplo, os seus significados e as tradições que há por trás
de um símbolo. Isso pode ser feito por um indivíduo ou até pela
indústria.
É o termo
usado para designar a identidade branca e faz parte de uma construção social,
ou seja, não passa de uma ideia. É essa identidade racial branca que permite
que o sujeito branco se coloque em uma posição de poder, privilegiada e
superior, e que promove a construção social e a reprodução da discriminação
racial.
É quando um
sujeito discrimina outro a partir da cor da pele – e não só do conceito de
raça. Ele é ainda pior para negros de pele escura, pois quanto mais clara sua
pele, menos “negro” ele pode ser considerado. Isso é também um entrave para a
identidade racial, ou seja, o negro de pele clara pode ter dificuldade em se
enxergar como negro, mas também não é tratado como branco na sociedade.
É toda
situação injustificada de diferenciação de acesso e fruição de bens, serviços e
oportunidades, nas esferas pública e privada, em virtude de raça, cor,
descendência ou origem nacional ou étnica, segundo o Estatuto da Igualdade
Racial, Lei 12.228 de 20 de julho de 2010).
Nome dado a um conjunto de línguas, comportamentos, cultura e
características físicas compartilhadas por um determinado grupo de
pessoas.
Ele é como o feminismo, ou seja, um movimento social que defende a
equidade e o respeito às mulheres. Porém, esse segmento traz como protagonistas
principais as mulheres negras e suas particularidades, pois há direitos
específicos que precisam ser reivindicados levando essa parcela da população em
conta e há lutas que mulheres brancas desconhecem, pois são maiores do que a
ideia de gênero.
Relacionada
também ao tópico anterior, a interseccionalidade é o encontro entre dois
pontos. Nesse contexto, ela diz respeito às diferentes opressões da sociedade e
o fato delas não atuarem sozinhas. Ou seja, há alguns tipos de exclusões e
desigualdades que não podem ser examinadas de forma isolada, pois se relacionam
com outros tipos de exclusões e suas interações potencializam a opressão.
Apesar de
ter o mesmo sufixo de branquitude, a negritude é um movimento de caráter
político, ideológico e cultural, e que busca o oposto de seu antagônico: a
valorização e exaltação dos valores culturais dos povos negros
afrodescendentes.
São políticas públicas e sociais que buscam reconhecer e exaltar as
diversidades existentes entre a população negra e não-negra. Seu objetivo maior
é minimizar as distâncias socioeconômicas e culturais entre esses dois polos e
garantir a equidade de oportunidades para todos para um dia eliminar de vez os
efeitos da discriminação contra grupos de minoria.
Nome dado ao
grupo de escravos refugiados em quilombos e seus descendentes, cujos
antepassados fugiram de seus cativeiros e formaram os vilarejos chamados de
quilombos. Esses descendentes hoje possuem direitos específicos, segundo
decreto de novembro de 2003: “são grupos étnico-raciais segundo critérios de
auto atribuição, com trajetória histórica própria, dotados de relações
territoriais específicas, com presunção de ancestralidade negra relacionada com
a resistência à opressão histórica sofrida. (Decreto nº 4.887)
É um
conceito social, já que do ponto de vista biológico, somos parte da mesma raça
(a humana). Ele foi criado historicamente com uma finalidade sociopolítica de
discriminação, criando agrupamentos humanos a partir de suas características
comuns – a cor da pele, por exemplo. Mas ele é sempre determinado pelas
relações de poder existentes em uma sociedade isso varia de uma para a outra:
negro, branco ou mestiço, por exemplo, não é igual no Brasil e na Inglaterra.
Enquanto por aqui nos baseamos em marca (aparência ou fenótipo) em relação a
negros, étnico (em relação a indígenas) e outros, e em outros países pode ser
de origem (ascendência) inclusive para negros.
Pronto! Agora você já sabe algumas palavras
extremamente importantes para somar a essa luta. Sempre que não souber,
pesquise: não há problema em não saber, mas há problema em não buscar esse
conhecimento. Essa é uma luta que exige união para que ela enfim acabe e a
equidade possa reinar entre todos nós.
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