Para Inspirar
Na quarta temporada do Podcast Plenae - Histórias para Refletir, conheça a história de superação do maestro João Carlos Martins
11 de Abril de 2021
Leia a transcrição completa do episódio abaixo:
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João Carlos Martins: A pior coisa que aconteceu na minha vida foi perder as mãos pro piano. E a melhor coisa que aconteceu também foi perder as mãos pro piano. Sobraram dois polegares atrevidos. Sobraram também os braços, os olhos, o coração, o cérebro, a fé, que me permitem continuar transmitindo emoção através da música.
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Geyze Diniz: Desde a juventude, acidentes e doenças atingiram o pianista João Carlos Martins em seu ponto mais sensível: as mãos. Sua vida é marcada por uma jornada de sucessos na carreira, intercalada por inúmeros tratamentos para contornar os problemas de saúde. Só de cirurgias foram 24. Quando os médicos lhe disseram que não poderia mais ser pianista, aos 63 anos, João Carlos Martins se reinventou como maestro. Nessa temporada, ele conta sua trajetória de luta pelo direito de continuar fazendo o que mais ama: a música. Ouça no final do episódio as reflexões da especialista em desenvolvimento humano, Ana Raia, para te ajudar a se conectar com a história e com você mesmo. Eu sou Geyze Diniz e esse é o Podcast Plenae. Ouça e reconecte-se.
João Carlos Martins: Eu herdei do meu pai, José, a paixão pelo piano. Ele sonhava ser pianista, mas nunca pôde realizar o desejo. Quando ele tinha 10 anos, sofreu um acidente na gráfica onde trabalhava, em Portugal. Uma prensa de tipografia decepou o dedo mindinho. Mas ele continuou fascinado pelo instrumento e pela música clássica. Nós chegamos a ter sete pianos em casa, três de cauda inteira. Eu ganhei o meu aos 8 anos de idade. Comecei a fazer aulas e, seis meses depois, venci um concurso nacional tocando obras de Johann Sebastian Bach. Parecia que eu levava jeito. Mas eu acredito que o dom de Deus só responde por 2% do sucesso profissional de uma pessoa. Os outros 98% são resultado da disciplina e persistência. E isso eu tive. Até demais. Na minha busca pela perfeição, eu exagerei nos estudos.
Eu tocava escondido com um peso de 1 quilo pendurado em cada braço, pra aumentar a força e a velocidade. Era como um atleta que queria melhorar o desempenho. Aos 11 anos, passava 6 horas por dia no piano, contrariando o conselho do meu professor, o russo José Kliass. Aos 18, chegava a estudar 14 horas por dia, tentando fazer os meus dedos deslizarem nas teclas com o peso certo. Mas eu pagaria um preço pela minha obsessão. [trilha sonora] De todos os problemas de saúde que eu teria na vida, o mais difícil começou a se manifestar nessa época. Eu percebi que tinha algo errado com as minhas mãos no fim de um recital no Teatro Municipal de São Paulo. Toquei músicas de Bach, que se tornou a minha especialidade, e o concerto foi perfeito. O teatro estava lotado, e o meu professor queria que eu desse um bis. Mas eu sabia que, se eu tocasse, o som não sairia tão perfeito. A partir daí, comecei perceber que, no fim do dia, eu tinha movimentos involuntários nas mãos. De manhã, mandava brasa no piano. Conforme as horas iam passando, não sentia o mesmo conforto. Lá pelo começo dos anos 60, eu procurei um médico e ele falou que a causa era psicológica ou excesso de estudo. Não era bem isso. Na verdade, já eram sintomas da distonia focal, uma doença que causa movimentos involuntários, no meu caso, nas mãos. É um problema de origem cerebral, parecido com o Parkinson. Mas, a ciência só descobriria essa informação nos anos 80. O remédio que eu adotei foi transformar o horário do concerto no horário que eu acordo. Então, eu pedia pra ter um sofá no camarim. Eu ia pro teatro lá pelas 3 horas da tarde e dormia até 10 minutos antes do concerto. Quando eu ia pro palco, me sentia como se fossem 6 horas da manhã e tocava como um leão.
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Assim, fui levando sem nunca ter nenhum problema durante uma apresentação, até sofrer um acidente em uma partida de futebol. Era o verão de 1965, eu estava em Nova York e vi os jogadores da Portuguesa, o meu time do coração, treinando no Central Park. Fiquei empolgado e me aproximei. O técnico me convidou pra participar do bate-bola. Num lance bobo, caí em cima do braço direito. Uma pequena pedra se alojou perto do cotovelo e afetou as ligações dos dedos, o chamado nervo ulnar. Um mês depois dessa queda, o dedo médio, o mindinho e o anular da mão direita começaram a atrofiar. Além da distonia, agora tinha mais essa. Eu fiz uma cirurgia no New York University Hospital e consegui uma solução paliativa. Passei a usar dedeiras de aço pra tocar. Em algumas apresentações, eu apertava tanto essas dedeiras, que as teclas ficavam manchadas de sangue. Por mais que eu me esforçasse, não conseguia obter os mesmos resultados de antes. O prazer tinha virado sofrimento. Pela primeira vez, o New York Times fez uma crítica negativa sobre o meu trabalho. Eu falei pro meu empresário: “O New York Times tá certo. Eu não tenho mais o perfeccionismo que eu tinha antes. Música tem que ser tocada com perfeição”. Entrei numa depressão profunda. Passei a perceber as minhas limitações e a minha mente ficou dispersa. [trilha sonora]
Um dia, eu entrei na banheira do meu apartamento em Nova York com uma gilete. Estava decidido a pôr fim na minha vida. [trilha sonora] Na hora que pisei na banheira, o telefone começou a tocar. Tocava, tocava, tocava. Eu decidi atender. Era o meu antigo professor, ligando do Brasil. Ele disse: “João, eu sei que você tá com problemas com a mão direita. Mas tem muito repertório pra mão esquerda”. Desliguei o telefone e joguei a gilete fora. Decidi abandonar o piano, mas não a vida. [trilha sonora] Cancelei todos os concertos e voltei pro Brasil. Eu sentia uma revolta enorme dentro de mim. Não queria mais saber de música. Decidi trabalhar com algo que não tivesse nada a ver com esse universo. Encontrei rapidamente o Éder Jofre, lutador de boxe, no prédio do meu pai. Ele também morava lá. Eu falei pra ele: “Éder, você tem que recuperar o título mundial pro Brasil. Se você quiser, eu patrocino a sua luta”. Ele respondeu: “Eu já tô com 37 anos, esquece”. No dia seguinte, surpreendentemente, ele me telefona e fala: “Vou começar a treinar”. Eu não entendia nada de boxe. Mas comecei a entrar em contato com esse mundo e marquei umas lutas pra ele. E não é que ele ganhou o bicampeonato mundial? Foi em uma luta de 15 assaltos, em Brasília, contra o cubano José Legra. Quando eu vi o juiz levantar a mão do Éder, eu falei pra mim mesmo: “Se esse homem conseguiu recuperar o título com 37 anos, quem disse que eu não sou capaz de voltar a tocar piano?” E recomecei a sonhar. Fiz mais cirurgia, comecei fisioterapia e voltei a estudar, primeiro num teclado mudo, depois no piano. Recuperei a musculatura dos três dedos atrofiados e me livrei das dedeiras de aço. Passei a fazer recitais em conservatórios de cidades de 20, 30 mil habitantes no interior do Brasil. Era um jeito pra recuperar a prática no palco. Telefonei pro meu empresário em Nova York e falei: “Tô de volta”. Ele disse: “Mas o público já se esqueceu de você”. Eu retruquei: “Escuta: the monster is back”. [trilha sonora] O meu empresário marcou um concerto no Carnegie Hall e me alertou: “Vai estar vazio”. Era 1978 e fazia 7 anos que eu não tocava naquele palco. No dia do concerto, quando eu estava chegando no Carnegie Hall, vi uma fila enorme. Perguntei pro taxista: “O que tá acontecendo?” Ele falou: “Não sei qual é o raio do pianista que vai tocar hoje que parou o trânsito”. Eu falei: “Sou eu!”
Os 2.800 lugares estavam esgotados. O Carnegie Hall foi obrigado a colocar mais 300 pessoas do lado do piano. O sucesso foi imenso. Depois do concerto, uma das maiores gravadoras do mundo me convidou pra gravar a obra completa de Johann Sebastian Bach pra teclado. Eu levei 17 anos pra concluir a gravação das cerca de 400 peças contadas isoladamente. Até hoje, é a única que existe no mundo. [trilha sonora]
A última etapa do trabalho aconteceu em Sófia, na Bulgária. O ritmo da gravação era exaustivo. Eu saía do estúdio e ainda ia estudar piano na casa de uma amiga, das 8 às 10 horas da noite. Eu gostava de voltar a pé pro hotel, em uma caminhada de 1 quilômetro e meio. Uma noite, nesse trajeto, fui assaltado por dois ciganos. Um deles me bateu com uma barra de ferro da cabeça, me causando uma lesão cerebral.
A pancada rompeu a ligação entre o cérebro e, adivinha, a mão direita. Afetou também o hemisfério da fala. Se eu falava por meia hora, chorava de dor. Até hoje eu tenho essa dor, mas na época, era insuportável. Fiz tratamento por mais de um ano e só consegui voltar a tocar piano à base de morfina. Não tive escolha e passei por uma cirurgia que cortou o nervo do braço direito. A dor acabou e eu perdi a mão direita. Ainda consegui tocar só com a esquerda por alguns anos, até que a distonia afetou esse lado também. Quando eu tinha 63 anos, os médicos me disseram que eu não poderia mais tocar profissionalmente. A medicina não tinha mais nada a fazer por mim, era o fim da linha. [trilha sonora]
No dia em que eu recebi a notícia, parecia que o mundo tinha caído sobre a minha cabeça. Eu me lembro de caminhar 10 quilômetros, pensando o que eu iria fazer. Mas a minha vida é uma história de reinvenção. E eu sonhei com o maestro Eleazar de Carvalho, dizendo pra mim: “Jão”. Ele me chamava de Jão. “Vai estudar regência”. Às 7 horas da manhã seguinte, eu estava na porta de uma faculdade pra começar a minha carreira de maestro.
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O piano se tornou secundário na minha vida profissional. Descobri que a regência me sacia musicalmente e realiza a minha necessidade de palco. Comecei a entender o significado da responsabilidade social e iniciei a Orquestra Bachiana Filarmônica do Sesi São Paulo. É um projeto que trouxe milhares de crianças e jovens pro universo da música clássica.
Há um ano e meio, apareceu na minha vida um designer de produto com uma luva biônica. Ubiratan Bizarro é seu nome. Graças a ela, eu posso encostar novamente os dez dedos no piano. Só no ano passado saiu na imprensa internacional mais de 6 mil artigos sobre esse velho maestro.
A luva dá conforto, mas não é a solução definitiva. A minha missão agora é aproveitar o alcance que eu tenho para liderar uma campanha unindo música e medicina. Como o homem pode ser capaz de fotografar uma pedra em Vênus e não descobrir qual é o ponto do cérebro para curar distonia e Parkinson? Eu vou dedicar a minha vida até o apagar das luzes, pra tentar ajudar a ciência a encontrar a cura pra essas pessoas.
Quando eu olho pra minha história, vejo claramente que nada foi por acaso. Conheci vales profundos e altas montanhas, como qualquer ser humano. Se eu me levantei após todas as quedas, é porque eu acredito numa força superior e numa força interior com a mesma intensidade. Qual intensidade? A intensidade da esperança!
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Ana Raia: A experiência de uma vida real e com inteireza não é composta apenas de eventos bons e alegres. A experiência de uma vida em sua máxima potência inclui todos os tipos de acontecimentos e é conduzida pela curiosidade, pela coragem de seguir paixões, pela garra, resiliência, pelo comprometimento com o crescimento. E essa vida plena e inteira só se dá com flexibilidade para mudar a rota, quando assim for necessário. A vivência do maestro João Carlos Martins exemplifica o que eu disse até agora. No meu ponto de vista, a vida é generosa com o João. Dá a ele bênçãos e sinais. Ele nasce com o dom e a paixão pela música. Com muito esforço, disciplina e persistência, transforma esse talento em excelência e ganha o sucesso, o reconhecimento, ele ganha um sentido pra viver. Mas aí, em um dado momento, a vida lhe tira o meio para dar ritmo e cadência a essa paixão, ao propósito dele. O maestro diz que conheceu vales profundos e altas montanhas. Eu digo que a vida é movimento, é impermanência, é mudança. O João sabe bem disso e dançou conforme a música, mas com protagonismo. Ele recebeu muitos nocautes da vida, mas sempre escolheu levantar, porque a vida não é sobre não cair, é sobre saber levantar. João escolhe viver sua travessia olhando as adversidades como convites para aprender, para se conhecer, evoluir e explorar novos caminhos. Por isso, eu digo: a vivência de João Carlos Martins é sobre viver de peito aberto, mudando o que é possível, aceitando o que não é, mas sempre dançando com a vida. Faça como o João. Dance. E seja protagonista da sua vida.
[trilha sonora] Geyze Diniz: Nossas histórias não acabam por aqui. Confira mais dos nossos conteúdos em plenae.com e em nosso perfil no Instagram @portalplenae. [trilha sonora]
Para Inspirar
Na décima primeira temporada do Podcast Plenae, emocione-se com a cumplicidade e parceria de Adriana e Giovanna Araujo.
3 de Abril de 2023
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Adriana Araújo: Quanto mais valente eu tentava me mostrar pra minha filha, mais forte ela se exigia ser. E quanto mais madura e tranquila eu a via, mais serenidade eu buscava oferecer. A gente se abasteceu dessa troca. Esse pacto conduziu a nossa vida por um caminho de amor e companheirismo que eu nunca havia experimentado. Mas o custo foi alto. Nós duas amadurecemos à força. Uma abriu mão de parte da juventude. A outra, da infância. E as inseguranças e fragilidades ocultas que estavam ali inevitavelmente apareceriam.
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Geyze Diniz: Ainda na gravidez, Adriana Araújo descobriu que sua filha, Giovanna, nasceria com uma síndrome rara. Foram 10 cirurgias para que Giovanna pudesse caminhar com as próprias pernas, e para Adriana foi um trabalho contínuo de entender suas emoções, força e vulnerabilidade.
Eu sou Geyze Diniz e esse é o podcast Plenae. Ouça e reconecte-se.
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Adriana Araújo: No dia 7 de outubro de 1997, eu acordei com um novo papel no mundo, o de mãe. Ainda na maternidade, com a minha bebê dormindo no bercinho de acrílico ao meu lado, eu amanheci num choro incontrolável.
Até hoje é difícil definir esse choro. Quando eu volto àquele momento pra encontrar as nuances de cada sentimento que havia ali, eu vejo um choro de decepção comigo mesma. De inconformidade e frustração por não ter conseguido dar à minha menina o formato que o mundo classifica como normal. Um choro de choque, de enxergar as diferenças anunciadas no borrão do ultrassom, agora tangíveis. Um choro de não fazer ideia se a minha menina poderia andar e correr. De não saber como seria a vida da criança frágil e de pernas tortas que dormia tranquila no berço da maternidade. Um choro de intuição de que seria difícil, muito difícil de que julgamentos e preconceitos inevitavelmente surgiriam. Um choro de quem envelheceu uma década em horas, de quem sabia que dali pra frente tudo seria diferente.
Eu volto no tempo e entendo as razões de cada choro na maternidade. Mas algumas daquelas lágrimas eu não choraria de novo. As lágrimas da culpa eu tentaria não chorar, ainda que elas ainda existam no meu coração, 25 anos depois.
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Giovanna Araújo: Não teve um momento específico em que eu percebi que era diferente das outras pessoas. Pra mim, era simplesmente um fato da vida, até porque na infância eu nem ligava muito pra minha imagem. Às vezes, os colegas perguntavam por que a minha perna e os meus dedos eram daquele jeito, daí eu explicava. Mas eu nunca deixei de ser aceita no grupo por causa disso. Sempre tive muitos amigos, sempre me encaixei nos lugares onde eu frequentei. Eu sei que outras pessoas podem sofrer bullying por ter uma diferença, mas essa não foi a minha experiência.
A minha aparência atípica virou uma questão pra mim quando eu cheguei na adolescência. Eu me incomodei com as cicatrizes nas minhas pernas, por causa de tantas cirurgias. Me incomodei por ter dificuldade de usar salto. Mas, no geral, eu acho que eu ligo tanto pra aparência quanto qualquer pessoa da minha faixa etária. Na minha geração, as pessoas se comparam demais com as outras, por causa das redes sociais.
Eu fui percebendo que, na verdade, as pessoas não estão preocupadas com os outros. Elas estão pensando em si, nas próprias vidas. Com o tempo, a minha insegurança passou.
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Adriana Araújo: Em 2020, eu publiquei um livro sobre a minha história como mãe da Giovanna. Mas antes de ser um livro, foi uma conversa comigo mesma. Eu precisava olhar pelo retrovisor pra processar as emoções e visitar as memórias dessa jornada. A caminhada nem sempre foi fácil. E, durante muitos anos, eu não tive tempo pra parar e refletir sobre os percalços que nós enfrentamos.
Aí, eu comecei a escrever a história na forma de e-mails que eu enviava pra mim mesma. E à medida que os textos foram ganhando corpo, surgiu um desejo de transformá-los num livro familiar. Eu pensava em fazer uma encadernação bonita e dar de presente pra Giovanna, pra minha família e, especialmente, pros médicos que foram essenciais na vida da minha filha.
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Adriana Araújo: Logo no começo do livro, eu aviso: “Essa não é uma história de vítimas nem de heroínas. É apenas a história de duas meninas que caminham juntas”.
Eu não fui educada pelos meus pais para me vitimizar. Eu não gosto dessa posição, não acho que é isso que te faz seguir em frente. Essa compreensão ficou ainda mais forte depois que a Giovanna nasceu. Muitas pessoas olhavam pra ela e falavam: “Ah, coitadinha, tadinha”. É uma expressão cultural, que o povo fala sem nem perceber o quão danosa ela é. E aí, virou uma batalha pessoal ensinar a minha filha a não se vitimizar, nem deixar que as pessoas a tratem com essa visão.
Mas, na outra ponta, mães de crianças com alguma deficiência também costumam ser colocadas no papel de heroínas, uma posição que até pode fazer bem pro ego. O fato de eu trabalhar em televisão pode reforçar esse rótulo. Só que, na verdade, não existem heróis. Na tentativa de dar conta da minha missão, eu botei uma armadura, peguei uma espada na mão e fui em frente com toda a força que eu tinha. Mas isso não significa que eu fui forte o tempo todo. Eu fraquejei muitas vezes, tive momentos de fragilidade, de tristeza, de medo. De muito medo.
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Adriana Araújo: Desmistificar o papel da heroína não foi só pros leitores do livro, foi pra nós duas também. Eu me tornei mãe aos 25 anos, enquanto tava construindo uma carreira na televisão. E a Giovanna intuitivamente, ela percebeu que o desafio era enorme e colaborava muito, muitas vezes com silêncio. Ela nunca manifestou revolta. Nunca perguntou por que era diferente. Nunca reclamou dos remédios, das cirurgias, dos cortes, das suturas, das agulhadas. Já eu esperava birra, irritabilidade, nervosismo. Recebi serenidade e silêncio.
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Adriana Araújo: O livro também serviu como um auto abraço. Foi uma maneira de dizer para mim mesma: “Ok, eu poderia ter feito algumas coisas de outra maneira, os bastidores poderiam ter sido apresentados a minha filha mais cedo. Mas eu entreguei o que eu dava conta”. Eu cheguei aos 50 anos com a Giovanna em uma das melhores faculdades de medicina do país e eu tenho um baita orgulho disso. Tá faltando só um ano para ela se formar e é uma felicidade pra mim vê-la encaminhada e bem. Eu ofereci aquilo que foi possível, que eu tinha condições de oferecer naquele momento.
Geyze Diniz: Nossas histórias não acabam por aqui. Confira mais dos nossos conteúdos em plenae.com e em nosso perfil no Instagram @portalplenae.
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