Para Inspirar

Isolamento dificulta recuperação de doentes

Os pesquisadores confirmaram que estar sozinho pode aumentar as chances de ataque cardíaco e AVC

10 de Janeiro de 2019


Ter amigos por perto é muito importante para a saúde. Um estudo publicado na revista digital Heart analisou o isolamento social (ficar longe de outras pessoas) e a solidão (estar isolado da conexão social e insatisfeito com isso). Os pesquisadores confirmaram que essas condições aumentam as chances de ataque cardíaco e AVC. Elas também aumentam o risco de morte entre pessoas com histórico de doenças cardíacas. “O apoio de pessoas queridas é importante para a saúde”, disse o autor do estudo, Christian Hakulinen, professor de psicologia e logopedia (ciência que avalia, diagnostica e trata os problemas da linguagem, da voz e da deglutição) na Universidade de Helsinque, na Finlândia, à revista TIME . O estudo surge como mais uma confirmação de outros semelhantes já realizados, mas tem um dado novo. Afirma que pessoas antissociais possuem mais dificuldade de recuperação. Os pesquisadores investigaram quanto risco poderia ser atribuído apenas às causas sociais – uma etapa extra que poucos outros estudos fizeram. Desconfiavam que outros traços comuns às pessoas antissociais tivessem sua carga de responsabilidade nos efeitos encontrados. Entrevistaram 480 mil adultos no Reino Unido. Perguntaram sobre vida social, solidão, históricos médicos e hábitos de vida. Também, mediram as questões de saúde, incluindo altura, peso, índice de massa corporal e força de preensão. Os participantes foram acompanhados por sete anos. O isolamento e a solidão pareciam aumentar significativamente o risco de problemas cardiovasculares, em comparação com pessoas mais sociais. Veja o quadro abaixo, onde temos as causas e as porcentagens aumentadas para a doença.
Isolamento 43% ataque cardíaco pela primeira vez 39% acidente vascular cerebral pela primeira vez
Solidão 49% ataque cardíaco pela primeira vez 36% acidente vascular encefálico pela primeira vez
Depois de contabilizar fatores biológicos, de saúde e socioeconômicos, os riscos aumentados baixaram. Veja tabela abaixo:
Isolamento Solidão
7% - infarto pela primeira vez 6% - infarto pela primeira vez
7% - derrame pela primeira vez 4% - derrame pela primeira vez
Obesidade e tabagismo. “Isso indica que a maior parte do aumento de risco foi atribuída a fatores conhecidos, como obesidade, tabagismo, baixa escolaridade e doenças crônicas pré-existentes”, diz Hakulinen. No final, entre as pessoas com problemas cardíacos preexistentes, apenas a ligação entre isolamento social e mortalidade permaneceu estatisticamente significativa após o ajuste com outros fatores. O isolamento social parecia aumentar o risco de morte de uma pessoa em 25% entre aqueles com história de ataque cardíaco e 32% naqueles com história de acidente vascular cerebral. “O resultado sugere que, embora uma vida social vazia não cause problemas cardíacos, pode afetar seriamente a capacidade de recuperação”, diz Hakulinen. “Em teoria, pode ser que os indivíduos que estão se sentindo sozinhos tenham pelo menos algumas redes sociais ativadas depois de ficarem doentes, o que pode não acontecer com quem sofre de isolamento social”, diz Hakulinen, apesar de alertar que o estudo não provou causa e efeito. Ainda assim, as descobertas sugerem que a manutenção de relacionamentos é mais do que um preenchimento, mas um “salva-vidas”. “Seria importante manter os relacionamentos existentes encontrando familiares ou amigos cara a cara”, diz Hakulinen. “Conversar com pessoas com interesses comuns ­– por exemplo, começando um novo hobby – é provavelmente uma boa maneira de fazer novas conexões sociais”. Leia o artigo original aqui .

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Como o álcool age no corpo?

Qual é o caminho nocivo que uma das substâncias mais queridinhas do país percorre dentro do seu corpo - e como isso afeta sua saúde?

18 de Março de 2022


Nesta semana, nos emocionamos com o relato da jornalista Bárbara Gancia e sua luta contra a dependência química. Por mais de 30 anos, ela lidou com o alcoolismo em sua pior forma: a que envolve todo o núcleo familiar. A batalha foi tanta que hoje, sóbria há décadas, ela decidiu contar um pouco mais para que outras pessoas pudessem se reconhecer, mas só teve essa coragem após o falecimento de seus pais. Isso porque ela não queria evocar essas memórias tão difíceis neles.


Apesar de ter seus malefícios amplamente conhecidos por todos, o álcool é uma substância não só legalizada como incentivada no âmbito social. Festas, confraternizações e até reuniões familiares, onde quer que você vá, há a oferta de um drink. Até mesmo uma ida ao supermercado pode ser desafiadora se você, assim como a Barbara, quer interromper o uso da substância.


Para se ter uma ideia, segundo a Organização Mundial da Saúde, o álcool mata, todos os anos, 3,3 milhões de pessoas em todo o mundo, número que representa 5,9% das mortes. Só no Brasil, o consumo da bebida chegou a 8,9 litros por pessoa no Brasil em 2016, superando a média internacional, que era de 6,4 litros.


“Não existe uma fórmula para consumo seguro, já que são vários os fatores que influenciam em uma experiência etílica, como idade, peso corporal, quantidade de gordura no organismo, ritmo do metabolismo do fígado. Porém, estudos indicam que para um homem adulto há baixo risco de desenvolver dependência quando ele consome duas doses de álcool em um dia, seguidas de dois dias de abstinência. No caso da mulher, falamos de uma dose por dia, seguida pelo mesmo período sem consumo”, explica Cláudio Jerônimo, psiquiatra e diretor da Unidade Recomeço Helvetia, para o blog da Associação Paulista para o Desenvolvimento da Medicina.


O caminho do álcool


Mas afinal, quais são os caminhos que o álcool percorre pelo corpo? Imagine os primeiros goles. Seu primeiro destino é, claro, para o estômago, como tudo que ingerimos. Ali, ele começa a ser absorvido e transportado para o resto do corpo por meio da corrente sanguínea. 


É nesse transporte que nossos órgãos receberão suas porções - incluindo nosso cérebro. Ao contrário do que se pensa no imaginário popular, quanto mais gordura a pessoa tiver retida em seu organismo, mais suscetível ela estará ao álcool. Isso porque essa gordura age repelindo essa absorção da substância pelas células, fazendo com que o álcool fique mais tempo na sua corrente sanguínea. 


Isso significa que os seus órgãos, como fígado, cérebro e coração, estejam mais expostos aos seus efeitos nocivos também. “Esse é um dos motivos pelos quais as mulheres adoecem mais rápido por conta de bebida: elas têm alterações no Sistema Nervoso Central antes, demência. A cirrose, por exemplo, aparece em média cinco anos antes na mulher que no homem”, explica o psiquiatra, que também explica que as mulheres são, em geral, as pessoas que apresentam maior quantidade dessa gordura retida e, por isso, são mais suscetíveis ao álcool.


Processo químico


Durante esse caminho percorrido pelo álcool que te explicamos, há alguns processos químicos em ação ocorrendo em seu corpo. Isso porque o nosso organismo transforma essa substância em um verdadeiro veneno já nos primeiros minutos, chamada acetaldeído, e busca expelir ela o mais rápido que conseguir.


É nesse momento que outras duas heroínas entram em ação, buscando transformar esse “veneno” em uma espécie de vinagre: a enzima aldeído-desidrogenase e a glutationa. O problema é que elas nem sempre são suficientes, a depender da quantidade que o indivíduo ingerir de bebida. 


Isso pode aumentar a pressão arterial, fadiga, náuseas, irritação do estômago e dor de cabeça: a famosa ressaca. O perigo é tanto que até mesmo um derrame pode acontecer nessa etapa. Mas, antes de chegar nela, você vivencia a embriaguez, o objetivo desse consumo de bebida, afinal. 


É nela que você se sente mais solto e desinibido, justamente porque nessa etapa, que se dá entre os primeiros minutos da batalha do “veneno” que te explicamos e a ressaca, que o álcool estará agindo no seu sistema límbico, localizado em seu Sistema Nervoso Central. Ele age como um depressor das funções cerebrais, ou seja, a censura cai e o senso crítico pode ir embora também, o que prejudica, sobretudo, a tomada de decisões.


Nesse estágio também ocorre a ação diurética - e é aí que você não irá parar de ir ao banheiro. É mais uma das tentativas do seu corpo de expelir a substância e que pode, inclusive, gerar uma desidratação, seguida de sonolência e até mesmo enjoos e desmaios. 


Por agir de forma tão incisiva no seu Sistema Nervoso Central, é claro que haveria evolução nos efeitos. Passada a sensação de aparente alegria inicial, se a ingestão de bebida continuar, o indivíduo lidará com perda de reflexos, lentidão, problema de atenção e memória e falta de equilíbrio. 


Além desses efeitos visíveis e imediatos, o consumo exagerado de álcool, principalmente na infância e adolescência, pode prejudicar o desenvolvimento cerebral, inibir o crescimento de novos neurônios e causar lesões permanentes, além de ser um fator de risco para a depressão ou outro transtorno mental, como explicam os especialistas do Hospital Santa Mônica.


A longo prazo e envolvendo muito abuso de doses, ele pode ainda afetar o seu fígado de forma irremediável, causando a esteatose hepática, conhecida também como fígado gorduroso, ou a cirrose hepática, uma lesão crônica que se caracteriza pela formação de cicatrizes (fibrose) e formação de nódulos que bloqueiam a circulação do sangue. Em muitos casos, há a necessidade de transplante do órgão.


Nesse cenário de alta ingestão, os seus rins podem ser prejudicados também, pois são justamente eles que trabalham no front, filtrando e eliminando a substância do organismo. Isso pode aumentar demais a sua produção de urina, o que provoca desregulação da concentração de eletrólitos no sangue. E também pode causar uma pancreatite, uma inflamação do pâncreas que provoca endurecimento e redução do tamanho do órgão.


Por fim, você ainda pode enfrentar problemas cardíacos, enfraquecimento do sistema imunológico, propensão a desenvolver alguns tipos de câncer e, claro, gerar uma dependência química muito séria que, para ser superada, envolve dias tortuosos de abstinência, como relatados por Bárbara. 


Não há problema em usufruir de um drink ou outro - estudos, aliás, indicam que a ingestão sobretudo do vinho pode ser benéfica para uma série de fatores. O problema mora no abuso, em qualquer situação de nossa vida. É preciso equilíbrio e, principalmente, atenção. 


Se você tem histórico familiar com problemas de alcoolismo, a atenção deve ser triplicada. Isso porque essa é uma doença de altíssimo fator genético e pode se manifestar ainda nos primeiros goles. Nesse caso, é melhor evitar e sempre ter o seu especialista de confiança. Não sucumba às pressões sociais e expanda o seu universo para encontrar prazer! 

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