Para Inspirar

Estamos menos amigáveis?

No Dia Internacional da Amizade, fomos investigar porque parecemos ter menos amigos atualmente

20 de Julho de 2023


Com o passar do tempo, ficam os poucos e bons amigos. Sempre ouvimos isso dos mais velhos na juventude, quando as amizades eram tantas para alguns que pareciam perder-se de vista. Esse cenário parece estar mudando mesmo para os adolescentes, como conta essa pesquisa, mas, com o passar dos anos, realmente a lista parece ficar menor e mais escassa. 

Isso se dá em partes porque vamos tendo mais tempo para nos dedicarmos a elas e também porque não temos mais a “obrigatoriedade” de nos vermos como quando estamos em uma escola ou faculdade, por exemplo. Além disso, nossos interesses mudam e boa parte dos colegas de antigamente podem perder o sentido também. 

Por fim, houve ainda uma pandemia sem precedentes na história da humanidade em um passado recente: há pouco mais de dois anos, estávamos todos enclausurados, sem contato físico e exaustos de tela. Esse período sombrio virou artigo por aqui também.


Relações, aliás, é um dos pilares que sustentam a filosofia Plenae, e amizades são parte importantíssima dessa composição que faz tão bem a nossa saúde. Não fazer amigos, aliás, afeta o organismo, envelhece o cérebro e desfavorece o bem-estar na maturidade - como te contamos aqui. Mas, como também te contamos aqui, é a qualidade desses laços e não a quantidade, que vai te trazer reais benefícios. 

Dá pra contar na mão?

Aquela ilusão de que o brasileiro é muito popular e cheio de amigos nada mais é do que um estereótipo e, como todo estereótipo, está suscetível a estar errado. Um levantamento conduzido no país pelo Instituto Locomotiva, entrevistou 1.682 participantes com idades de 18 a 77 anos. 

A conclusão mostrou que a qualidade da rede de relacionamentos dos brasileiros é baixa e que a insatisfação nas interações sociais prevalece, como conta artigo no jornal Folha de São Paulo. A pesquisa ainda indicou que interações presenciais nos fazem mais felizes e favorecem a construção de uma rede mais ampla de relacionamento, o que dificulta ainda mais em tempos tão conectados. 

Os resultados apontam, por fim, que um quarto da população tem uma rede empobrecida e não se sente próxima de ninguém. A pesquisa, porém, foi feita de forma online e levou em consideração uma amostra balanceada, de acordo com critérios sociodemográficos.

"A migração das relações pessoais para o ambiente digital não contribui para a formação de laços interpessoais satisfatórios e de longo prazo”, diz o neurocientista e sócio do Instituto Locomotiva, Álvaro Machado Dias, ao jornal. Vale dizer que essa pesquisa surgiu de uma outra investigação: a de que o Brasil possui a maior taxa de ansiedade do mundo. 

"Isto gera uma espécie de normalidade psicopatológica, caracterizada por baixa confiança interpessoal. De acordo com o Latinobarómetro, apenas 5% das pessoas confiam em desconhecidos no país, é o menor índice da América Latina e um dos menores do mundo", disse.

Antipatia? Não, insegurança!

A pesquisa que mencionamos é tão completa e plural que traz dados ainda sobre a desconfiança do brasileiro. Dois terços da população agem de forma diferente com quem não conhece, indicando uma forte distinção entre pessoa pública e privada na vida dos entrevistados. 

Desses, 42% disseram também sentir desconforto extremo na interação com desconhecidos. Álvaro acredita que essa resposta social se dá devido a uma combinação de fatores como medo da violência, desigualdade social com componentes racistas e visão pouco lisonjeira do caráter do outro.

Outros fatores que podem contribuir para esse afastamento são: 

  • Excesso de trabalho 

  • Falta de aparelhos sociais que estimulem a convivência

  • Polaridades políticas 

  • Virtualização relacional excessiva

  • Redes sociais e games que podem nos deixar mais presos a uma “bolha”

  • Grupos já pré-formados que não se abrem para novos

Nesse último caso, quem já possui uma rede ampla de relacionamentos apresenta maior satisfação na interação com desconhecidos. Aqueles com menos relacionamentos ou mais superficiais, por sua vez, têm um descontentamento mais latente mesmo quando está com pessoas que conhece, indicando que a baixa qualidade da rede afeta também a percepção geral.

Pega a solidão e dança

Como cantou Marcelo Camelo, se você ficar sozinho, pega a solidão e dança. É claro que, como mencionamos no começo deste artigo, a falta de amigos pode ser até mesmo nociva para a sua saúde. Mas, é importante que elas tenham qualidade, e não se tornem meramente relacionamentos tóxicos para fazer número. 

Afinal, você pode escolher ficar sozinho e curtir a solitude - termo que te contamos em um dos artigos mais lidos do nosso portal até hoje. Nem todos dominam espontaneamente a arte de saber ficar só e curtir a sua própria companhia, mas ela pode ser construída todos os dias um pouco, com a ajuda de psicoterapia e um esforço intencional do indivíduo, por exemplo. 

É essa movimentação, aliás, que irá distinguir a solitude da solidão: enquanto na primeira há uma paz envolvida com o estar só, a segunda há tristeza e, geralmente, não partiu de uma escolha daquela pessoa. Se é mais difícil fazer amigos na vida adulta, como conta esse artigo, está na hora de estreitar laços consigo mesmo. 

Por fim, em meio a essa solidão, perceba se você mesmo não está se afastando por algum motivo maior e como você pode modificar essa situação. Neste artigo te ensinamos como ter amizades mais próximas e, neste outro, te ensinamos a fazer novos amigos, afinal, isso pode ser o segredo do seu sucesso também. O importante é estar atento ao tema como um pilar importante para a sua vida!

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Para Inspirar

Os benefícios que o silêncio pode te proporcionar

Pesquisas comprovam: se manter em silêncio pode elucidar ideias, fortalecer sua memória, ajudar no tratamento de depressões além de prevenir doenças cardiovasculares.

30 de Março de 2020


O silêncio é o ponto de encontro entre o sono e a meditação. A prática de se abster e silenciar é positiva não só diante de uma situação de crise, mas no seu cotidiano, antes de dormir ou durante suas refeições, por exemplo. Somos constantemente bombardeados de notícias, sons, vozes e telas.

Logo, estar em completa ausência de ruídos pode ser desafiador. Mas isso não é um problema: assim como praticar exercícios físicos ou até aprender algo novo, saber ser e estar em silêncio demanda um tempo e leva algumas tentativas, mas traz bons frutos. E quais são eles?

Para começar a enumerá-los, é necessário fazer o caminho inverso, e entender os malefícios que a poluição sonora pode causar. Um artigo publicado na revista Edubirdie buscou entender até mesmo a etimologia da palavra ruído , que tem origem latina e descrevia algo como enjoo e dor. A busca pelo entendimento dos efeitos do barulho não são exatamente novas.

Em 1859, a criadora da Enfermagem, Florence Nightingale, citou uma palestra que identificava "ruídos repentinos" como causa de morte entre crianças doentes. Isso porque, para ela, "ruído desnecessário é a ausência mais cruel de cuidados que pode ser infligida a doentes ou bem".

Em resumo: todo barulho banal pode prejudicar a recuperação de pacientes, trazendo angústia e perda de sono. Logo depois, epidemiologistas descobriram que problemas como pressão alta, problemas com o sono, doenças cardíacas e zumbidos oftalmológicos estavam relacionados a fontes de ruídos crônicas, como estradas, aeroportos e demais barulhos de cidades que estavam em pleno desenvolvimento.

As pesquisas que vieram em seguida conseguiram se aprofundar ainda mais. Estudos de fisiologia humana demonstraram os efeitos que uma onda sonora podem produzir. Elas vibram os ossos da nossa orelha, que transmitem o movimento para nosso órgão sensorial de audição. Por ali, o ruído se torna um sinal elétrico, que é enviado para o nosso cérebro.

Uma vez enviado, o resto é história: nosso corpo reage instantaneamente, ativando regiões associadas à formação da nossa memória e das nossas emoções. Essa ativação gera uma ativação imediata da produção de cortisol, nosso velho e conhecido hormônio do estresse.

Portanto, em conclusão simples: pessoas expostas a ruídos constantes possuem não só os problemas cardíacos e de sono já mencionados, mas uma alta liberação de cortisol. Esse hormônio em excesso é conhecido por ser responsável pelo aumento do risco de diabetes, hipertensão arterial, depressão, dificuldade na perda de peso e, em casos mais extremos, atrofias musculares.

Saindo dos anos 90 e entrando nos anos 2000, o silêncio ainda é pauta - talvez, mais do que nunca. Metrópoles se expandiram, a tecnologia tomou conta do nosso cotidiano e nos fez seres cada vez mais conectados. Isso tudo de maneira bem ruidosa, é claro. Não houve uma evolução silenciosa, mas sim amplamente barulhenta. Músicas ganharam mais artefatos em suas composições e assistimos os estilos musicais sofrerem mutações cada vez mais audíveis.

Por mera coincidência, o físico e músico Luciano Bernardi descobriu o efeito calmante que o silêncio poderia produzir em nossos cérebros. Enquanto conduzia um estudo sobre a resposta do cérebro quando exposto a diferentes estilos musicais, Bernardi notou que era justamente nas pausas entre uma música e outra que o cérebro relaxava.

Ele então concluiu que a música, mesmo as que possuem finalidade calmante, nos gera excitação, expectativa e uma série de efeitos que não necessariamente são negativos, mas que somente o silêncio é capaz de nos fazer relaxar de verdade. Novamente, resultados positivos sobre o silêncio foram descobertos enquanto se estudava o inverso, ou seja, os efeitos do excesso de som.

A partir desse e de outros estudos de diferentes naturezas que se seguiram, o silêncio se tornou um objeto desejado por todos para evitar a “poluição sonora” (termo cravado em 1960). O silêncio se tornou até mesmo um diferencial publicitário usado pelos finlandeses para promover e fomentar o turismo “no país mais silencioso do mundo”.

Uma reportagem do Jornal Nexo inclusive, conta em detalhes a busca pelo silêncio através dos tempos. Engana-se quem pensa que nosso cérebro está desconectado quando silenciado, ou que você não está contribuindo para sua atividade cerebral. Você já se viu em uma daquelas situações onde o silêncio abrupto tomou conta do ambiente e todos acabaram percebendo? Isso é científico: nosso cérebro está sempre apto e pronto para reconhecer a quebra acentuada de sons. E o que se instaura por ali, depois que esse silêncio passa de momentâneo para condição prolongada, é o mais profundo relaxamento.

Em 2013, assim como Luciano Bernardi, a cientista Imke Kirste, da Universidade de Duke, descobriu por acaso que ratos expostos a diferentes tipos de sons, não regeneravam suas células e neurônios cerebrais de maneira benéfica e com tamanha eficácia e efeito duradouro quando expostos ao silêncio - principalmente no que diz respeito ao hipocampo, região responsável pela formação e manutenção da nossa memória.

Isso pode surtir efeitos, conforme a evolução dos estudos, até mesmo em tratamentos terapêuticos para comorbidades como a depressão. Quem não gosta de um fone antirruído, ou de uma escapadinha para o campo? Inconscientemente, essas preferências se encaminham todas para uma mesma verdade: a humanidade necessita, por vezes, silenciar.

Abaixar os volumes, cortar os ruídos, encontrar a paz no que não é dito. Estar em um quarto somente se concentrando na imensidão do nada, ouvindo somente nossos pensamentos internos, e intensificando nossa conexão e percepção do mundo ao nosso redor. Silêncio é autoconhecimento de si mesmo e dos seus limites. É respeito com seu corpo, mente e ambiente.

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