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Desmistificando conceitos: o que é o viés inconsciente?

Entenda mais sobre o termo e saiba se você o pratica, mesmo sem saber!

13 de Fevereiro de 2023


Como você lida com o que é diferente de você? A maior parte das pessoas diria, de pronto imediato, que lida perfeitamente bem, obrigada. Nós tendemos a isso mesmo: ir já se explicando que não temos preconceito e que ser diferente é normal, além de outros clichês comumente usados.

Mas nesse balaio de explicações, nos esquecemos de uma parte daquilo que não acessamos: o nosso inconsciente. E, quando percebemos, já fizemos! Então, para entender melhor o que estamos falando, acompanhe o fio de mais esse conceito que será desmistificado. 

Aquilo que eu penso sobre aquilo que eu vejo

Desde que o mundo é mundo, seguimos padrões. Criamos cada um deles a partir daquilo que conhecemos e que fomos expostos ao longo da vida. E nos vemos neles, o tempo todo. Por isso, discussões como a representatividade para pessoas negras que cresceram sem se verem na TV ou em determinados esportes, por exemplo, se faz tão importante. É o caso da Ingrid Silva, que te contamos neste episódio do Podcast Plenae. 

Os problemas envolvidos nessa dinâmica são vários e um deles é justamente o viés inconsciente. Trata-se de um conjunto de preconceitos incorporados no nosso dia a dia e estão baseados em estereótipos de gênero, raça, classe, orientação sexual, idade etc, que afetam nossas ações e julgamentos sem que prestemos atenção - como explica esse artigo.

É infelizmente “graças” a ele que muitas contratações no mercado de trabalho privilegiam sempre o mesmo perfil de profissional, sobretudo para cargos de liderança: homens brancos ou, no caso de mulheres - já um pouco mais raro -, brancas também. 

Mais do que só o ato prático da contratação, quando somos instigados a fechar os olhos e pensar na figura de uma liderança, quase que imediatamente imaginamos esse perfil mencionado no parágrafo anterior. Mas não se culpe se você também fez esse exercício da imaginação em casa: é comum que pensemos isso porque é assim que foi por anos, fomos expostos a essa imagem de liderança e a absorvemos como única realidade possível. 

O mesmo se aplica a figuras LGBTQIA+, que também sofrem resistência para se verem em determinados papéis. Aqui, se aplica também a carreira, que tem sido nosso foco principal até então e que não faltam exemplos: você já imaginou um presidente assumidamente gay? 

Recentemente tivemos líderes que saíram do “armário”, como é o caso do governador do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite, e do ex-governador de São Paulo, Gilberto Kassab - que sempre ficou no campo da especulação -, mas isso é uma exceção à regra que impõe sempre a figura da família tradicional brasileira que acompanha grandes líderes.

Quando o assunto é negritude…

… As coisas, infelizmente, pioram. E não estamos falando só do mercado de trabalho, que vale dizer, é um ambiente que pode ser bastante hostil para essa parcela da população também. Salários menores, falta de contratações para cargos de liderança e até preconceito dentro da própria equipe são algumas das barreiras enfrentadas por eles. 

Um experimento feito pelo Governo do Paraná colocou recrutadores dentro de uma mesma sala para assistirem a um vídeo onde pessoas brancas e negras são expostas às mesmas situações. E o resultado não poderia ser mais alarmante. No caso de uma mulher branca limpando uma bancada, os recrutadores avaliam que é alguém cuidando da própria casa, mas uma mulher negra, que aparece na mesma situação, é considerada faxineira.

Outro exemplo é de homens vestidos de terno. Na foto em que aparece um modelo branco, ele é tratado como um profissional de finanças ou de RH. Já o negro é considerado como um segurança de shopping. Percebe-se que, mesmo as pessoas que deveriam ter um olhar mais apurado na hora das contratações, não fogem à regra do viés inconsciente.


Em outros campos para além do mercado de trabalho, a coisa pode se tornar ainda mais séria. Dada a falta de oportunidades enfrentada pelas pessoas pretas no Brasil, infelizmente alguns acabam seguindo para o caminho da criminalidade, que também foram expostos desde a infância na maioria dos casos.

Não são todos, porém, que seguem esse caminho - apesar dessa constatação parecer bastante óbvia. E é preciso reforçar que a generalização é nociva porque, por conta dela, colocamos de forma preconceituosa e extremamente errada a figura de um cidadão negro muitas vezes lado a lado com o crime. 

Isso acontece não só por parte da população, que fecha os vidros ou atravessa a rua ao se deparar com um indivíduo negro de aparência mais simples. Mas também com instituições mais importantes, como a da polícia. Prova disso são, novamente, os dados: 8 em cada 10 pessoas negras já sofreram abordagem policial, contra 2 em cada 10 pessoas brancas.

Um levantamento inédito feito pelo Instituto de Defesa do Direito de Defesa (IDDD) e o data_labe, que ouviu 1.018 pessoas entre maio e junho de 2021, no Rio de Janeiro (510) e em São Paulo (508). Seundo o relatório, ser negro nos dois estados pesquisados significa ter risco 4,5 vezes maior de sofrer uma abordagem policial, em comparação com uma pessoa branca.

A pesquisa “Por que eu?” indica também que os negros tiveram sua raça/cor expressamente mencionada por agentes de segurança pública durante a abordagem em proporção muito maior: enquanto 46% das pessoas negras ouviram referências explícitas à sua raça/cor; entre as brancas, somente 7% tiveram a raça/cor mencionada.  

Por fim, pessoas negras especificaram condutas abusivas por parte de policiais em maior proporção do que as brancas, sendo o grupo mais representativo entre os que, por exemplo, relataram que policiais tocaram suas partes íntimas (42,4% ante 35,6% dos brancos) e mais de 88% dos negros relataram violência nessa abordagem, seja ela física, verbal ou psicológica.

Mudando esse cenário

O que fazer, então, diante desse cenário tão triste e alarmante? No caso de empresas, essa movimentação já está sendo feita, mas enfrenta resistência na mudança de cultura organizacional, como expõe esse artigo. Uma pesquisa feita pela Kenoby, empresa de softwares para recrutamento e seleção, mostra que reduzir esse comportamento impregnado nos processos seletivos é uma prioridade para 73,9% dos executivos. 

Os profissionais que participaram da pesquisa também afirmam que essa já é uma preocupação de suas empresas e está na lista de avanços que os setores de Recursos Humanos deverão ter no ano de 2021. Porém, essa mesma pesquisa relata que, apesar dos profissionais de Recursos Humanos já estarem cientes desse problema, eles sentem dificuldade de convencer os líderes da importância da diversidade nas contratações. 

Essa mudança cultural passa por “explicar” à liderança que as indicações de nomes - ou de um perfil ideal para a vaga - pode até garantir uma contratação mais rápida, mas reforça vieses e isso impede a diversidade. Ou seja, o famoso “Q.I” do Quem Indica precisa acabar para dar espaços a processos seletivos mais elaborados e inclusivos, ainda que eles sejam mais trabalhosos.

Pessoalmente falando, você deve estar atento é claro, às suas próprias atitudes e convicções, que podem ser falhas e carregadas de preconceitos também. Comece mudando o seu posicionamento diante de várias situações e faça o exercício mental de projetar diferentes perfis em diferentes situações: pessoas gordas como modelos, mulheres como líderes, negros ricos, e assim por diante.

Seja também a célula de mudança no seu entorno, sobretudo se você tiver a possibilidade de mudar algum cenário. Mas só de conversar com as pessoas próximas a você e alertá-las sobre essa situação, já é uma semente plantada por aí. Abrace as diferenças não só no seu discurso, mas na sua vida, e liberte-se o máximo que puder do seu viés inconsciente! 

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Os organismos de vida mais longa no planeta

Se olharmos para o Reino Animal, encontraremos alguns exemplos impressionantes de longevidade.

25 de Abril de 2018


Se olharmos para o Reino Animal, encontraremos alguns exemplos impressionantes de longevidade. Esses seres podem ajudar na compreensão do que é possível biologicamente. O tema permite explorar as conexões entre os Pilares Sistemas e Corpo e tentar responder como a evolução do envelhecimento no Mundo Natural pode ajudar nossa compreensão sobre a longevidade humana. Várias plantas e animais vivem um tempo extremamente longo. Conheça uma pequena amostra de exemplares da Natureza [1]
  1. Lagostas - 140 anos
  2. Tartaruga irradiada - 185 anos
  3. Tubarão-da-Groenlândia - 400 anos
  4. Quahog do oceano (molusco) - 507 anos
  5. Baleia-da-Groenlândia - 211 anos
  6. Recifes de corais – 4.000+ anos
  7. Matusalém (pinheiro) – 5.066 anos
Algumas espécies são imortais - o que significa que elas não estão sujeitas ao envelhecimento e podem viver indefinidamente, desde que não sejam destruídas ou sucumbam a doenças ou lesões:
  1. Hidras - são capazes de manter comprimento de seus telômeros, extremidades livres de um cromossomo. Em outros animais, essa estrutura se deteriora com a divisão celular, o que causa envelhecimento.
  2. Água-viva Imortal - em caso de doença, reverte o processo de envelhecimento retornando ao seu estágio de pólipo. Desse modo, reinicia seu processo de envelhecimento.
  3. Planárias – vermes que regeneram qualquer tecido envelhecido ou danificado.
  4. Algumas espécies de tartarugas - que possuem órgãos que não envelhecem.

Ciência Investiga Animais Centenários

Exemplares biológicos de longevidade indefinida já citados – hidras, recifes de corais e planárias – inspiram conhecidos centros de estudo – caso da Fundação Matusalém e Fundação de Pesquisa SENS – a explorar mais profundamente a biologia da longevidade em seres humanos. São numerosas as estratégias investigadas para inaugurar a “Era da Vida Útil Ampliada”, incluindo terapias genéticas, animações suspensas, medicamentos a base de nanotecnologia e vários tratamentos farmacêuticos. Espera-se que os estudos sobre a Natureza forneça informações fundamentais para vencer o envelhecimento do corpo humano. Ao observar esses seres, os cientistas estão aprendendo processos importantes como rejuvenescimento dos tecidos, reversão dos danos celulares, conservação das células-tronco, como a divisão celular pode evitar mutações, manutenção do comprimento do telômero e o funcionamento das proteínas antienvelhecimento. Processos comuns a esses animais e estranhos ainda ao homem. Uma das principais fundações de estudo do tema, a Matusalém [2] , dedica-se à engenharia de tecidos e a terapias de medicina regenerativa destinadas ao “prolongamento da vida saudável”. Um de seus fundadores, o médico Aubrey de Grey também criou a Fundação de Pesquisa SENS [3] – Estratégias de Engenharia para tornar a Senescência Insignificante ou Strategies for Engineered Negligible Senescence – que segue caminho parecido. Essa última determinou sete elementos específicos para a reversão dos diferentes tipos de dano que causam o envelhecimento (por exemplo, mutações em cromossomos, “lixo” dentro das células e perda celular). Segundo o pesquisador, todos poderão ser reparados dentro de um futuro previsível [4] . Grey é uma figura inspiradora e provocadora, que empurra os limites da teoria científica e da pesquisa. No livro Ending Aging (Envelhecimento Final, 2007), ainda sem tradução no Brasil, ele escreve ser possível derrotar o envelhecimento em poucas décadas. A palestra que realizou para o TED Global em 2005, “Um Roteiro para o Fim do Envelhecimento”, foi vista mais de 3 milhões de vezes [5] .

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