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Desmistificando conceitos: o que é a Síndrome de Takotsubo, a “síndrome do coração partido”

O que significa essa cardiomiopatia, uma condição cardíaca temporária geralmente precipitada por estresse emocional ou físico intenso.

8 de Julho de 2024


O corpo fala em suas mais variadas formas. Uma das principais, analisadas pela ciência, são as doenças psicossomáticas que te contamos aqui. Doenças como gastrite, diabetes, hipertensão, fibromialgia, artrite, asma, alergias, dores nas costas e outras partes do corpo como cabeça e pescoço, crise de falta de ar, taquicardia e diarréia são só alguns sintomas que podem surgir e terem fundos emocionais.

Há ainda as doenças que se tornam crônicas, como úlceras, Síndrome do Intestino Irritável ou Doença de Crohn, enxaqueca e até algumas alergias alimentares. A falta de líbido e a impotência sexual, apesar de não ser crônica, pode perdurar por um tempo.

Hoje, falaremos de mais um diagnóstico físico que veio por caminhos psicológicos: a Síndrome de Takotsubo, também conhecida como cardiomiopatia de Takotsubo ou “a síndrome do coração partido”. Leia mais a seguir!

O coração

Antes de começar a explicar sobre essa síndrome, vale retomar alguns conceitos mais básicos sobre o funcionamento do coração, cuja função primordial do coração é bombear o sangue para todo o corpo. Ele é considerado a estrutura central do sistema circulatório, como explica o Ministério da Saúde, bombeando sangue oxigenado (arterial) para as diversas partes do corpo e para os pulmões o sangue venoso (cheio de gás carbônico) para ser novamente oxigenado. Ao menor sinal de falha, nenhum outro órgão ou função continua operando normalmente.

Uma cardiomiopatia é uma inflamação no músculo cardíaco, aumentando-o e enfraquecendo-o. Isso prejudica sua capacidade de bombear o sangue, levando à uma insuficiência cardíaca. Os motivos para uma cardiomiopatia não são plenamente conhecidos, como explica esse artigo da Rede D’or.

Mas, algumas causas já são seguramente apontadas, como hipertensão por longos períodos, danos no coração decorrentes de um infarto, alta frequência cardíaca crônica, obesidade, doenças da tireoide, alcoolismo por muitos anos, uso de drogas que aumentam a frequência cardíaca, como cocaína e anfetaminas, hemocromatose e fatores genéticos. 

 

O coração partido

Uma das cardiomiopatias conhecidas é, justamente, a Síndrome de Takotsubo. Ela é uma condição cardíaca temporária que se caracteriza por uma disfunção do ventrículo esquerdo, geralmente precipitada por estresse emocional ou físico intenso. Seu nome, "Takotsubo", se dá porque a forma do ventrículo esquerdo dilatado se parece muito com as armadilhas de polvo usadas no Japão, conhecidas como takotsubo.

Esse ventrículo esquerdo do coração assume uma forma peculiar, como um balão com base larga e um pescoço estreito. Saber desse detalhe é fundamental para o diagnóstico. Seu outro nome, a Síndrome do Coração Partido, é porque seu principal gatilho são períodos de grande estresse emocional.

Qual estresse? Não existe um específico, já que isso será extremamente pessoal, mas problemas financeiros, diagnósticos difíceis na área da saúde, problemas na família, morte de um ente querido e problemas amorosos são alguns dos elencados pelo Ministério da Saúde.

 A descarga dos chamados “hormônios do estresse” que essas situações podem ocasionar, como a adrenalina ou a noradrenalina, podem provocar espasmos nas artérias coronárias ou afetar diretamente as células do músculo cardíaco. Isso porque, quando liberados em grandes quantidades, eles podem causar alterações na irrigação sanguínea do coração e fazer com que esse músculo se contraia de maneira inadequada.

Essa síndrome tem sintomas bem parecidos com os observados em uma situação de infarto agudo do miocárdio, sendo os mais comuns:


– Dor súbita no peito

– Dificuldade para respirar

– Desmaios

– Vômitos

– Tonturas e cansaço

– Outros

 

O que fazer

 Na presença de sintomas como esses, como segue explicando as orientações oficiais do Ministério da Saúde, é fundamental que o paciente busque ajuda médica imediatamente. Somente profissionais da saúde poderão avaliar a gravidade do quadro e orientá-lo adequadamente, até mesmo para descartar problemas maiores.

 Além de alterações na forma do ventrículo esquerdo, haverá ainda alterações no eletrocardiograma (ECG). As enzimas cardíacas podem estar elevadas, assim como em um infarto, mas o exame geralmente não mostra obstruções significativas das artérias coronárias.

 A síndrome, vale lembrar, é um problema transitório. Portanto, o esperado é que o músculo cardíaco volte ao seu estado original após um certo tempo. Mas até que isso aconteça, pode ser necessário tomar remédios para diminuir o estresse na musculatura do coração, permitindo que ele relaxe e que o sangue consiga passar com mais tranquilidade.

 Em alguns casos é preciso que a pessoa seja hospitalizada para monitoração frequente, mas isso é mais comum entre aqueles que já têm algum tipo de problema cardíaco ou que estejam sofrendo com outras questões, inclusive de origem psicológica. Sobre esse último tempo, medicações para dor e para as causas emocionais também fazem parte do tratamento.

 A maioria dos pacientes se recupera completamente com um tratamento apropriado, que inclui medicamentos para gerenciar os sintomas e melhorar a função cardíaca. O repouso e a redução do estresse também são recomendados, já que como dissemos, há fundo emocional na causa primária dessa condição. Casos mais graves podem levar à insuficiência cardíaca, mas são mais raros.

Em qualquer uma das situações, é preciso que haja um monitoramento posterior, ou seja, o acompanhamento médico vira rotina, pois é importante para garantir que o coração volte ao seu estado normal e para prevenir recorrências. A boa notícia é que a Síndrome de Takotsubo entrou de vez para o radar da ciência e as pesquisas e as novas informações sobre não param de chegar.

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Personalidade e sociabilidade afetam a longevidade

Quem chega à velhice não necessariamente derrotou alguma doença crônica, mas encontrou outros recursos para não desenvolvê-la.

14 de Dezembro de 2018


Quem chega à velhice não necessariamente derrotou alguma doença crônica, mas encontrou outros recursos para não desenvolvê-la. “Os longevos evitam essas doenças graves por meio de uma série de medidas que muitas vezes dependem de conexões duradouras e significativas com outras pessoas”, diz o psicólogo Howard S. Friedman, professor de psicologia da Universidade da Califórnia. Em parceria com a colega Leslie Martin, ele escreveu O Projeto Longevidade , lançado em 2012, no Brasil, pela editora Prumo. A obra é uma compilação das descobertas realizadas ao longo de oito anos de pesquisa. Ele examinou a longevidade das 1.500 crianças de Lewis Terman – psicólogo da Universidade de Stanford, que em 1921 selecionou os melhores estudantes para analisar os fatores que levam ao sucesso intelectual. O estudo de Friedman é uma tentativa de responder às perguntas: “Quem vai viver mais tempo? E por quê?”. Mas tendo como base traços de personalidade, relacionamentos, experiências e planos de carreira. A equipe da revista da Associação Americana de Psicologia, a Monitor on Psychology , falou com Friedman sobre algumas de suas mais controversas descobertas – incluindo a ideia de que o estresse não é necessariamente tão ruim para a saúde. Por que é tão importante que os psicólogos estejam envolvidos no tema “longevidade”? HF: Sabe-se há muito tempo que o modelo biomédico tradicional de doença – que você é saudável até ficar doente – é seriamente defeituoso. Os psicólogos estão provavelmente melhor posicionados para corrigir essa abordagem biomédica ultrapassada. Estamos descobrindo as muitas maneiras pelas quais o bem-estar físico e o bem-estar subjetivo são os dois lados da mesma moeda. É hora de enterrar as distinções falhas entre saúde mental e física. É por isso que vejo O Projeto Longevidade como um potencial de troca de paradigmas, não um manual de “como fazer”. O que atraiu o senhor para o estudo de Terman? HF: Em 1989, fiquei frustrado com o desenvolvimento da pesquisa sobre diferenças individuais, estresse, saúde e longevidade. Ficou claro que algumas pessoas eram mais propensas a doenças, demoravam mais para se recuperar ou morriam mais cedo, enquanto outras da mesma idade conseguiam prosperar, mas não havia uma boa maneira de testar explicações a longo prazo. Eu não me importava muito se os estudantes estressados ​​pegassem gripe na época do exame – eu queria saber quem era mais propenso a desenvolver câncer ou doenças cardíacas e morrer antes do tempo. Mas como fazer tal estudo? Mais perturbador, eu estaria morto há muito tempo antes que os resultados chegassem. Um dia me ocorreu construir sobre os dados de Terman, estendendo o estudo que começou em 1921. Planejei passar um ano debruçado no projeto, mas passaram duas décadas e eu ainda estou nele. Uma quantidade tremenda de novas informações precisava ser coletada e refinada. As análises estatísticas são muito complexas. Mas adoro descobrir coisas importantes sobre saúde e longevidade que ninguém jamais imaginou serem fundamentais. E, felizmente, a persistência acaba sendo um dos melhores indicadores de saúde e vida longa. A pesquisa de Terman concentrou-se principalmente em crianças brancas de famílias de classe média. Que efeito você acha que isso tem na extrapolação das descobertas para outros grupos? HF: A amostra de Terman é o único estudo em grande escala ao longo da vida, continuamente detalhado, de meninos e meninas inicialmente saudáveis. Porque eles tinham acesso a cuidados médicos e educação, porém grande variedade de personalidades e relações sociais – uma excelente amostra para estudar as diferenças individuais. Há estudos que documentam a relevância do status socioeconômico, etnia e inteligência geral para a saúde. O Projeto Longevidade vai além e produz uma visão biopsicossocial profunda sobre essas associações de nível macro. É emocionante que nossas principais descobertas estejam sendo confirmadas por outros pesquisadores. Qual é a descoberta mais surpreendente da sua pesquisa? HF: A descoberta de muitas evidências de que ficar doente não é aleatório. Pelo contrário, existem grandes diferenças na suscetibilidade a lesões e doenças. Algumas delas têm a ver com a personalidade. Outras, com as relações sociais, incluindo casamento, família, amizade e observância religiosa. O mais surpreendente é descobrir que os fatores de risco e os escudos de proteção não ocorrem isoladamente, mas se agrupam em padrões. Por exemplo, os meninos inconsequentes – embora muito brilhantes – tinham maior probabilidade de, ao crescer, ter casamentos pobres, fumar e beber mais, obter menos educação e ser relativamente malsucedidos no trabalho. E eles morreram em idades mais jovens. Tais riscos à saúde e desafios de relacionamento, como o divórcio, são geralmente estudados de forma independente, o que acho um grande erro. Por outro lado, certas personalidades tiveram mais conquistas, melhores relações sociais e outros elementos de prosperidade que levaram a vidas mais longas e saudáveis. Leia a entrevista completa aqui . Assista ao vídeo aqui .

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