Para Inspirar

Derek Rabelo em “O fato de eu ser cego nunca me impediu de lutar pelo que eu quero”

O segundo episódio da décima quinta temporada do Podcast Plenae é do surfista Derek Rabelo, representando o pilar Corpo

7 de Abril de 2024



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Derek Rabelo: Quando eu contei pra minha mãe que eu queria aprender a surfar, ela falou: “Você tá de brincadeira, né?”. Mas eu insisti tanto, que ela topou me matricular numa escola de surfe. E mesmo na escola, no início, o pessoal ficou na dúvida se as aulas eram adequadas para mim ou não. Como que um cego poderia aprender a surfar?

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Geyze Diniz: Derek Rabelo nasceu sem enxergar. Mas a deficiência nunca foi um empecilho pra ele lutar pelos seus sonhos. Ele aprendeu a surfar aos 17 anos e se tornou um atleta profissional. Derek, que sofreu com a exclusão na escola encontrou o pertencimento no esporte. Eu sou Geyze Diniz e esse é o Podcast Plenae. Ouça e reconecte-se.

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Derek Rabelo: Eu recebi o nome Derek em homenagem ao surfista havaiano Derek Ho. O cara foi campeão mundial e é um ícone do esporte. O meu pai surfa e sonhava em ter um filho que pegasse onda também. Só que os planos dele se frustraram logo quando eu nasci. Nos meus primeiros dias de vida, o meu pai percebeu algo estranho nos meus olhos. As minhas pupilas tinham uma tonalidade azul, diferente do resto da família.

Eu fui levado a alguns médicos e diagnosticado com glaucoma congênito. É uma doença que, sem um motivo específico, causa uma pressão ocular muito grande. No meu caso, eu não enxergo absolutamente nada. Toda a minha família, inclusive os meus filhos, têm a visão perfeita. Eu acredito que Deus queria que eu nascesse assim.

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Os meus pais foram pegos de surpresa. Nenhum ultrassom na gravidez mostrou que eu tinha um problema. Quando eles receberam a notícia que eu era cego, ficaram desesperados. Quem cuidaria do meu futuro? Quem cuidaria de mim quando eles não tivessem mais aqui? 

Eles decidiram fazer de tudo pra que eu pudesse enxergar. No meu primeiro ano de vida, eu passei por três cirurgias no melhor hospital de olhos do Brasil. Cada uma era um sofrimento imensurável para os meus pais, porque eles viam a minha dor e, ao mesmo tempo, sentiam esperança. Mas nenhuma operação curou a minha cegueira. 

Crescer sem enxergar exigiu de mim e da minha família um processo de adaptação. A minha mãe tinha muito medo que eu me machucasse. Eu era uma criança hiperativa e queria fazer tudo que não era recomendável para mim, tipo subir em árvore e andar de bicicleta. 

A minha mãe, coitada, vivia correndo atrás de mim para tentar evitar acidentes. Já o meu pai encorajava o meu lado aventureiro. Ele me levava pra nadar e para andar de moto. No sítio da minha avó, a gente descia o rio flutuando em boia de câmara de ar de caminhão. 

Mas as minhas atividades favoritas eram na praia. O meu amor pelo mar surgiu desde muito pequeno. Eu nasci e cresci em Guarapari, uma cidade no litoral do Espírito Santo. Eu tenho até hoje uma prancha de bodyboard que eu ganhei de presente quando eu tinha 2 anos. O meu pai me puxava pelo leash na água e eu lembro quanto eu ficava feliz quando as ondas batiam em mim. Apesar das minhas dificuldades, eu tive uma infância muito boa, cercada de amor pelos meus pais, família e amigos. Os problemas começaram quando chegou a hora de ser alfabetizado. 

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Os meus pais fizeram questão que eu frequentasse uma escola comum, e não uma instituição adaptada para deficientes visuais. Só que três colégios recusaram a minha matrícula. Diziam que não estavam preparados para receber um aluno cego. Quando finalmente um colégio me aceitou, eu fui rejeitado por muitos alunos. Eles não queriam que eu participasse das atividades em grupo ou que eu jogasse bola com a turma, por exemplo.

Além de sofrer muito bullying, tinha uma falta de inclusão e acessibilidade gigantesca. Por volta dos 10, 11 anos, eu comecei a usar uma bengala para me locomover. Eu tinha vergonha, porque o pessoal da escola tirava sarro. Os meus livros em braile chegavam três meses depois que as aulas tinham começado. Isso obviamente atrapalhava o meu aprendizado.

Pra piorar, a maioria dos professores não facilitavam a minha vida. Eu lembro que um dia, na aula de inglês, em que eu perguntei como se escrevia “brother”. Todo mundo riu de mim e a professora nem ligou. Hoje, eu olho para trás e não tenho raiva de ninguém, mas também não tenho saudades.

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Mesmo com os perrengues, eu sou muito grato aos meus pais por eu ter frequentado uma escola comum. Os desafios contribuíram para minha jornada. Se eu tivesse estudado num colégio pra deficientes, eu acho que eu teria ficado preso nesse mundo. Os meus pais sempre quiseram que eu me adaptasse a qualquer circunstância. Talvez por isso eu nunca tenha tido pensamentos do tipo: “Caramba, eu sou um cego fracassado? O que eu vou fazer da minha vida?”. Mas o meu grande ponto de virada foi o surfe. 

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Algo dentro de mim me conecta com o oceano e com as ondas. Talvez isso venha da paixão do meu pai pelo esporte. Talvez venha do meu nome. Talvez venha do fato de que eu nasci na praia. Eu não sei, mas é uma coisa que tá no meu sangue. 

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Na adolescência, eu comecei a sentir muita vontade de aprender a surfar. Só que ninguém queria me ensinar. Aí, um conhecido que tinha uma escola de surfe me falou assim: “Eu vou receber umas pranchas adaptadas. São importadas. Quando elas chegarem, eu te ensino”. Eu me enchi de esperança. Passou um ano, mas essa prancha adaptada não chegava. Passaram dois anos e nada...

Até que eu ganhei uma prancha de presente de um amigo. Uma prancha normal mesmo. Eu pedi pro meu pai pra ir comigo pra praia, mas ele não podia, porque estava ocupado com o trabalho. Então, eu disse que ia sozinho mesmo. Ele me aconselhou a não fazer isso. Ele falou que a maré estava seca, que eu poderia me machucar e ainda quebrar a prancha. Como eu sou teimoso, fui sem ele. Dito e feito. 

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Na primeira onda que eu tentei pegar, eu caí e a prancha se partiu em dois pedaços. Graças a Deus, eu não me machuquei, mas fiquei arrasado. O meu pai me deu uma bronca, mas ele viu como eu fiquei frustrado. Um tempo se passou e, quando eu tinha 17 anos, o meu pai me levou para surfar. Era um fim de tarde e o meu pai falou: “O mar tá perfeito pra você aprender”.

Ele pegou a prancha dele e, ainda na areia, me passou algumas instruções de como ficar em pé. Depois, a gente caiu na água e ele tentou me colocar em algumas ondas. O meu pai esperava que eu ficasse de pé logo no primeiro dia, como ele fez quando ele tinha 14 anos. Mas eu não consegui. Ainda assim, eu amei a experiência e fiquei com vontade de repetir.

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Eu tentei outras vezes. Com meu pai, com meu tio, com amigos. Em nenhuma delas eu consegui realmente aprender. Até que eu decidi me matricular numa escola de surfe. A galera me recebeu super bem. Foi um processo de adaptação pra todo mundo. Pra mim, lógico, porque eu nunca vi alguém pegando uma onda.

Mas pra eles também, porque eles nunca tinham ensinado uma pessoa que não enxergava. O meu processo de aprendizado foi mais demorado do que o dos outros alunos. O meu professor, o Fabio Castor Maru, era um cara extremamente paciente. No começo, ele me levava pra água quando o mar não estava tão grande. 

Eu aprendi a surfar usando toda a minha sensibilidade da audição e do tato. Eu escuto os sons do mar, o barulho do vento e o movimento da água pra saber quando a onda está se aproximando. Foi assim também que eu comecei a aprender a hora certa de remar e aprender o movimento certo de ficar em pé na prancha.

Eu encosto a mão na parede da onda, pra entender como ela vai quebrar. Na hora, é tudo extremamente rápido, questão de fração de segundos. Com o tempo, eu fui pegando prática e esse processo ficou mais automático. Conforme eu fui melhorando, eu saí da minha zona de conforto e passei a explorar praias diferentes.

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Um ano e meio depois de começar as aulas, eu estava surfando bem melhor. Foi nessa época que surgiu o sonho do Havaí. Um grande amigo meu, o Magno Passos, todo ano ia pra lá pra competir de bodyboard. Ele me contava as histórias de uma praia em especial. Pipeline é uma onda tubular, que quebra pra esquerda e atrai surfistas de todo mundo. Só que essa onda fica em cima de uma bancada de pedras afiadíssimas. Muitas pessoas já morreram ou ficaram com sequelas graves de cair ali.

Ninguém acreditava que eu iria conseguir surfar em Pipeline, nem eu mesmo. Mas o Magno acreditava e eu decidi ir pro Havaí com ele. Eu fiz uma vaquinha e tive ajuda dos meus pais, da minha família e de alguns amigos. Vendi uns cacarecos, algumas pranchas e juntei dinheiro suficiente pra minha primeira viagem de avião.

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Um pouquinho antes da gente embarcar, um surfista profissional da minha cidade falou para todo mundo que era uma loucura. Dizia que eu iria me matar, e que eu estava sendo egoísta. Mas isso não tirou o meu foco e eu fui assim mesmo. 

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Quando a gente chegou no Havaí, eu senti que tinha algo especial naquele lugar. Ainda que eu não pudesse enxergar a paisagem, ali era o meu mundo dos sonhos. A primeira vez que eu fui à praia, eu caminhava lentamente, pra sentir a areia em volta dos meus pés, sentir a brisa do oceano, sentir o ar salgado soprando o meu rosto. Eu tocava as plantas, as flores, a água e criei na minha mente uma imagem paradisíaca do Havaí.

Mas o surfe em si, no início, não foi o que eu imaginava. Eu pensava que a gente iria chegar em Pipeline e já surfar de cara. Só que não. Tinha centenas de pessoas disputando um espaço minúsculo. Pelas vozes que eu escutava, dava para dizer que o mar estava apinhado de gente. Eu não consegui surfar nenhuma onda decente. O Magno tentava me tranquilizar, dizendo que o Havaí é assim mesmo.

Foram vários dias de frustração. Teve um que eu estava na água, em cima da prancha, e pensei: “Isso não é pra mim. Como eu vou pegar uma onda? Tá lotado de surfistas locais e profissionais. Eu sou só um surfista cego”. Quando a gente voltou pra areia, eu contei pro Magno como eu estava decepcionado. Ele me disse: “Derek, Deus trouxe a gente até aqui. Vamos orar e ele vai abrir as portas”. 

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Nós fomos a uma igreja e conhecemos pessoas que eram amigas de grandes surfistas locais. O Eddie Rothman e o filho dele, Makua Rothman, são super respeitados e realmente mandam na ilha. Eles me convidaram para ir na casa deles e o Makua me deu uma prancha de presente. Me receberam como parte da família e, no outro dia, literalmente fecharam a praia de Pipeline para mim. 

O Makua entrou comigo na água e disse pra todo mundo: “Estamos aqui com um surfista cego do Brasil. Ele vai surfar quantas ondas ele quiser. Por favor, não entrem nas ondas dele, nem atrás e nem na frente”. Todo mundo respeitou. Parece um conto de fadas, mas foi desse jeito. Eu fiquei horas ali pegando onda. Foi um dos dias mais lindos da minha vida. A família Rothman mora no meu coração. Toda vez que eu vou pro Havaí, eu sou super bem recebido e acolhido por eles. Eu, que tive uma experiência escolar de muita exclusão, me senti super incluído. O meu sentimento era e ainda é de gratidão.

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A partir dali, a minha vida mudou. Um vídeo meu surfando em Pipeline viralizou. Em algumas horas, atingiu meio milhão de visualizações. Saiu matéria sobre mim no maior jornal do Havaí. Dezenas de revistas me procuraram pedindo entrevistas. Quando eu voltei pro Brasil, participei do Caldeirão do Huck. Comecei a receber patrocínios e a viajar o mundo vivendo esse sonho. 

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Até agora, eu visitei 25 países. Um dos meus favoritos é Portugal. Eu já surfei algumas vezes em Nazaré, um lugar conhecido pelas ondas gigantes. Isso porque, depois de Pipeline, eu aprendi a pegar ondas cada vez maiores. O meu mentor nesse processo foi o surfista e grande amigo meu, Carlos Burle.

O cara teve toda paciência do mundo pra me ensinar. A maioria das pessoas achavam que seria impossível um cego pegar uma onda grande. Quem duvidou é que não me conhece o suficiente. O fato de eu ser cego nunca me impediu de lutar pelo que eu quero. Eu já surfei uns paredões de 12, 13 metros de altura. 

Outro país especial pra mim é a Austrália. Foi lá que eu conheci a minha esposa, a Madê. A gente se trombou, literalmente, logo após uma palestra que eu fiz. Ela estava passando, pisou no meu pé sem querer e pediu desculpa. No dia seguinte, ela participou de outro evento que eu fiz. A gente conversou e eu comecei a me interessar por ela. Depois de um ano, a gente estava casado. Em 2019, nasceu nosso primeiro filho, Elias Derek. Em 2022, chegou nossa princesinha, Hanna Lia. 

As crianças já entendem que eu não enxergo. Às vezes, eu estou andando em casa, e sem querer esbarro na minha filha. Ela chora e eu explico que não foi de propósito. Pro Elias, eu contei sobre a minha deficiência de uma maneira lúdica. Eu disse que o meu olho tá quebrado, que não funciona. Às vezes ele falava: “Mamãe, a gente tem que ir numa loja comprar um olho novo pro papai”.

Eu que levo eles pra escola, a pé. O meu cão-guia, a Serena, vai do lado, me guiando. A Serena está comigo há seis anos. Eu sempre fui muito independente com minha bengala, mas a Serena me deu ainda mais independência. Ela me guia em avião, trem, qualquer meio de transporte. A Serena não é um pet. Teoricamente, ela é um cão de serviço. Mas pra mim, ela é como se ela fosse a minha filha. Eu cuido dela como cuido das minhas crianças.

Toda a minha vida, hoje, tá ligada ao surfe. Eu nem estaria aqui contando a minha história se eu não tivesse começado a surfar. O esporte me deu a oportunidade de, em primeiro lugar, ter saúde. Me deu oportunidade de viajar, trabalhar, conhecer pessoas e fazer grandes amizades ao redor do mundo. Me deu a oportunidade de me desafiar, de evoluir como ser humano e de constituir uma família. O surfe me trouxe, acima de tudo, a inclusão.

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Geyze Diniz: Nossas histórias não acabam por aqui. Confira mais dos nossos conteúdos em plenae.com e em nosso perfil no Instagram @portalplenae.

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'Não existe apenas um único tipo de dieta saudável', diz Michael Pollan

Em novo livro, o escritor americano diz que viajar pode ser algo capaz de alimentar o corpo e a alma

15 de Julho de 2019


O escritor, ativista e guru da gastronomia Michael Pollan continua a explorar a relação entre a identidade humana e a comida em seu novo livro, How to Change Your Mind (Como Mudar Sua Mente, em tradução livre), no qual argumenta que experiências psicodélicas, tal qual o ato de viajar pelo mundo, podem ser algo capaz de alimentar o corpo e a alma.

Famoso por mantras como "Coma comida. Não muito. Principalmente plantas", o autor de O Dilema do Onívoro e Em Defesa da Comida (ambos da editora Intrínseca) explica como as pessoas podem seguir esse princípio quando viajam e discute como uma viagem é capaz de mudar nossa perspectiva do mundo.

BBC Travel - Por que viajar é bom para quebrar preconceitos e mudar mentes?
Pollan -
A neurociência mostra que nossos cérebros são máquinas de fazer previsões, que não registramos o mundo por meio de nossos sentidos em si, mas formulamos previsões baseadas na menor quantidade de informação possível. Viajar é como uma experiência psicodélica, porque vai contra essas previsões e nos obriga a obter mais informações - sensoriais ou não.

Começamos do zero em um lugar desconhecido, como uma criança quando deve absorver uma grande quantidade de informações, porque os atalhos da nossa percepção cotidiana - "já fui ali, já fiz isso" - não estão disponíveis. Isso nos abre para a experiência, cria a possibilidade de admirarmos algo ou nos maravilharmos com alguma coisa.

BBC Travel - Em suas viagens, quais foram alguns dos rituais ou crenças mais memoráveis com você se deparou?
Pollan -
Para mim, os rituais e crenças mais memoráveis ocorreram em torno da comida - todas as "práticas estranhas" e os alimentos que as pessoas apreciam e que eu não teria pensado em preparar ou ingerir. Então, tenho como regra experimentar a culinária local onde quer que eu esteja - seja comer formigas no Brasil ou no México ou um tofu fedorento na China. Às vezes, me deparo com algo com que tinha um preconceito e que acaba se revelando delicioso. Às vezes, não é, e fico maravilhado com as idiossincrasias do comportamento humano ao selecionar alimentos.

BBC Travel - Você é conhecido pelo mantra "Coma comida. Não muito. Principalmente plantas". Como as pessoas podem seguir esse princípio quando viajam?
Pollan - A palavra mais controversa que já escrevi é "principalmente", nessa frase. Isso irrita os vegetarianos, porque pensam que eu não estou apoiando seu ponto de vista, e também quem come carne, porque soa como um insulto aos seus hambúrgueres. Ficamos incomodados com advérbios como esse. Ficamos incomodados com a moderação.

Nós realmente queremos uma conclusão sólida: não coma carne ou coma todo tipo de carne, e acho isso errado. Em geral, tento comer os alimentos locais quando viajo, pela experiência e novidade, e muitas vezes a parte da moderação desaparece. Mas a pergunta a ser feita nesta ocasião é: O que é comida neste lugar? Qual é a dieta tradicional? E então experimente isso.

As chances são grandes de que seja uma dieta saudável, porque as dietas tradicionais são saudáveis por definição - elas mantiveram as pessoas vivas por muito tempo. Quanto às plantas, existem uma variedade limitada de animais de carne, enquanto há uma infinidade de plantas, então, é muito provável que você tenha novas experiências alimentares se explorar as frutas e verduras de um lugar em vez de suas carnes.

BBC Travel - A comida é indiscutivelmente parte da cultura de um lugar como a língua ou a religião. O que comer ao redor do mundo ensinou sobre pessoas e lugares diferentes?
Pollan -
Isso tem sido uma forma poderosa de me lembrar que humanos são uma das poucas criaturas verdadeiramente onívoras que a evolução produziu. Esta qualidade é precisamente o que nos permitiu prosperar em seis dos sete continentes, criando belas culinárias a partir do que a natureza tem para oferecer em qualquer lugar do planeta. Isso definiu nossa espécie e moldou nosso destino.

Contexto é tudo. Nós tendemos a olhar para a comida como boa ou ruim. Mas você não pode separar o nutriente da comida, porque a comida tem uma estrutura. E você não pode separar a comida da dieta e a dieta da cultura e do estilo de vida. Todas essas coisas estão conectadas. Então, afirmar que uma comida é boa ou ruim é algo difícil de fazer.

Mas há exceções: refrigerante é uma delas, porque é basicamente açúcar puro processado. Não há uma única dieta saudável. Essa é a principal lição de estudar a dieta de forma transcultural. Você vê que as pessoas são saudáveis com uma enorme variedade de alimentos. Nós somos onívoros.

Os seres humanos criaram, por tentativa e erro, um número quase infinito de dietas saudáveis, construídas a partir de qualquer coisa que a natureza ofereça onde quer que vivam. Baseadas no que está disponível, no que funciona e é considerado bom por estas pessoas - não em marketing, moda ou ciência de alimentos. A única exceção é a dieta ocidental moderna, que deixa as pessoas doentes.

BBC Travel - Quais são alguns dos costumes culinários mais memoráveis, tradições ou hábitos que você experimentou e o que você acha que cada um deles diz sobre as pessoas que os praticam?
Pollan - Fiquei impressionado com a universalidade do nojo, enquanto emoção humana, e pela multiplicidade de alimentos que o evocam. Por exemplo, os chineses ficam tão enojados com queijo quanto nós por coisas podres. Na verdade, o queijo é uma espécie de leite podre, mas é claro que não o vemos assim.

Mas os chineses deixam o tofu apodrecer até ficar tão fedido que não pode servi-lo dentro de casa - e isso é uma iguaria! O mesmo ocorre com os coreanos com o kimchi. As culturas costumam celebrar esses alimentos "nojentos" mais do que quase qualquer outro, porque eles as definem. Somos comedores de kimchi ou comedores de tofu fedorentos. O que enoja os outros nos enche de orgulho. Quão estranho é isso?!

BBC Travel - De que outra forma a viagem mudou você?
Pollan -
Assim como ao usar uma droga psicodélica, a viagem relativiza a consciência e as experiências comuns e faz com que você aprecie que haja tantas maneiras de viver.

BBC Travel - Qual é um bom motivo para amar o mundo agora?
Pollan - É o único que temos.

Fonte: Alexander Bisley, para BBC
Síntese: Equipe Plenae.
Leia o artigo completo aqui.

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