Para Inspirar

Conheça o conceito do bem-estar subjetivo

A métrica, amplamente estudada por pesquisadores da área de psicologia, pode explicar porque bem-estar e felicidade são compreendidos de forma diferente pelas pessoas

18 de Setembro de 2020


Felicidade, satisfação, estado de espírito e afeto positivo: todas essas palavras remetem a coisas diferentes para cada pessoa que as lê. Para uns, essas sensações podem estar relacionadas a bens materiais. Para outros, a lugares ou pessoas. Há ainda os que as relacionam à algo espiritual, no campo da subjetividade.

É fato que a ciência tenta explicar a felicidade há anos, sem definir um só entendimento para ela. Já explicamos aqui qual é a relação entre ter um propósito e ser feliz, por exemplo. Ou também, a relação entre casamento e felicidade e até mesmo o papel da natureza para nosso estado de espírito.

A verdade é que, desde os tempos mais remotos da história e da filosofia, a felicidade tem sido o tema central de diversos escritos, algo prioritário a se buscar na vida. Mas pouco se falava sobre as miudezas do cotidiano que poderiam nos levar a um sentimento de alegria. Hoje, conhecemos isso por “bem-estar”, e para a psicologia, “bem-estar subjetivo”.



O bem-estar subjetivo

Foi a partir dos anos 70 que o professor da Universidade de Illinois e Ph.D em psicologia, Ed Diener, trouxe o termo bem-estar subjetivo para a academia, conhecido em inglês como “subject well-being”. Ele é uma atitude perante a vida, e mora nas pequenas coisas, naquilo que não consegue ser capturado ou facilmente explicado.

E é por isso que vem acompanhado do termo subjetivo, pois ele é uma concepção abstrata e flexível, que atente à alguns padrões recentemente estudos, mas não oferece uma única regra.

De maneira geral, pode-se dizer que o tema abarca as percepções das pessoas quanto às suas próprias vidas, como elas vivem suas experiências de forma positiva e quais são suas avaliações a respeito do que é qualidade de vida. É pensar que a sua vida está indo muito bem, obrigada.

Mas com base no quê definimos que nossa vida está indo muito bem? Há diferentes métricas estudadas. É como uma fórmula matemática, definida sobretudo em uma soma de percepção positiva da própria vida + quantidade de afetos positivos sentidos ao longo de um dia.

Por ser o pioneiro nos estudos acerca do tema, Ed Diener também foi o responsável pela categorização dos mesmos. Para ele, há três agrupamentos possíveis para se compreender o bem-estar subjetivo.

  1. O bem-estar que sofre influências externas como virtude ou santidade, onde felicidade não é vista como um estado subjetivo, mas sim atrelada a possuir qualidades desejáveis dentro de uma sociedade.
  2. O que leva as pessoas a avaliarem positivamente suas vidas, citado anteriormente e conhecida no meio acadêmico como “satisfação de vida”, métrica que utiliza as respostas dos participantes para determinar o que é a vida feliz.
  3. Por fim, a dualidade entre afeto positivo X negativo, ou seja, ela mede o nível de emoções positivas ou negativas que o sujeito pode estar experienciando durante um período de tempo específico.

Segundo o periódico publicado pela psicóloga e professora, Claudia Hofheinz Giacomoni, na Pepsic, “definir bem-estar é difícil, uma vez que pode ser influenciado por variáveis tais como idade, gênero, nível socioeconômico e cultural. Muito amplamente, aponta-se que uma pessoa com elevado sentimento de bem-estar apresenta satisfação com a vida, a presença freqüente de afeto positivo e a relativa ausência de afeto negativo.”

Sendo assim, podemos entender que bem-estar é sentir somente afeto positivo e nunca negativo, certo? Nem sempre. Na verdade, para o cientista social americano Norman M. Bradburn, a felicidade mora justamente entre os dois. Portanto, para adquiri-la, é preciso estar no meio do caminho.

E é preciso lembrar que ambos são componentes interdependentes entre si, ou seja, você pode senti-los na mesma medida, em um mesmo dia, por situações diferentes. “Em um dia, por exemplo, a pessoa pode sentir muita alegria por ser promovida no trabalho e muita raiva por ter batido o carro” comenta o psicólogo Ubiratan Bittencourt.

Outros sociólogos ainda complementam essa concepção dizendo que essa satisfação com a própria vida pode estar relacionada às suas escolhas, relações e o meio onde se está inserido. E que, portanto, se o sujeito analisado se diz realizado com esses fatores, pode-se dizer enfaticamente que ele é um sujeito feliz.



A pesquisadora Claudia Giacomoni ainda aponta um outro modelo de métrica do bem-estar subjetivo definido pela psicóloga americana Carol Ryff e seu colega Corey Lee Keyes, composto por seis funcionamentos psicológicos diferentes:

  1. avaliação positiva de si mesmo e do período anterior de vida (auto-aceitação);
  2. Um sentido de crescimento contínuo e desenvolvimento como uma pessoa (crescimento pessoal);
  3. Acreditar que a vida possui objetivo (sentido) e significado (sentido de vida);
  4. Possuir relações de qualidade com outros (relações positivas com outros);
  5. Capacidade de manejar efetivamente a vida e o mundo ao redor (domínio do ambiente);
  6. E sentido de autodeterminação (autonomia).

“As principais teorias iniciais de bem-estar subjetivo estavam preocupadas em identificar como os fatores externos, as situações e as variáveis sócio-demográficas afetam a felicidade. Estas abordagens, conhecidas como bottom-up , mantêm como base o pressuposto de que existe uma série de necessidades humanas universais e básicas, e que a satisfação, ou não, destas viabiliza a felicidade” explica Claudia em seu artigo. Em suma, a satisfação e a felicidade são atreladas a um acúmulo dessas experiências felizes.

Fatores mais macro também podem “decidir” quem é feliz e quem não é como: o casamento, emprego, a saúde, as habilidades sociais, o lugar onde se mora, a idade e o poder aquisitivo. Mas como mesmo pessoas desfavorecidas nos aspectos citados anteriormente podem apresentar um bem-estar subjetivo e uma atitude otimista?

Top-down”, a abordagem contrária a “bottom-up” citada anteriormente, pode explicar. Segundo ela, existe uma predisposição em cada um de nós para interpretar situações e experiências de formas diferentes. Enquanto uns tendem a se manterem mais positivos, outros vão para o outro extremo.

Essa propensão, é claro, influencia na avaliação de sua própria vida e, logo, na sua métrica de bem-estar subjetivo. “Para a perspectiva top-down, nossa interpretação subjetiva dos eventos é o que primariamente influencia o bem-estar subjetivo, ao invés das próprias circunstâncias objetivas sugeridas pela abordagem anterior (bottom-up)” explica Claudia.

E é usando todas essas camadas existentes para se analisar um mesmo tema que define-se, por exemplo, qual é o país mais feliz do mundo ou ainda pesquisas como “pessoas casadas são mais felizes”. Para chegar a determinadas conclusões, é preciso entrevistar uma amostragem de pessoas consideráveis e analisar de perto o seu bem-estar subjetivo, ou seja, sua satisfação pessoal com a própria vida levando em consideração todas as métricas citadas anteriormente.

Após ler este texto, pense em sua própria vida. Em sua condição social e demográfica, em sua predisposição a se manter otimista, em seu balanço de emoções positivas e negativas sentidas em um mesmo dia… Com base em todas essas métricas citadas, como anda o seu nível de bem-estar subjetivo? Afinal, para a ciência é ele quem definirá se você é feliz ou não.

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Porque ter amigos é essencial para uma vida longa

A ciência já comprovou que as amizades evitam doenças e reduzem o estresse

8 de Novembro de 2019


As amizades são um ingrediente fundamental para uma vida longeva e feliz. Portanto, é necessário dar a elas a atenção que merecem. Enquanto os relacionamentos familiares geralmente vêm com uma dose de culpa e obrigação, os amigos são o antídoto para os desafios da vida cotidiana.

A maioria das pesquisas científicas sobre saúde e relacionamentos é focada em parceiros românticos. No entanto, pesquisadores descobriram que nossas amizades têm um impacto maior em nossa saúde do que os casamentos. Eis alguns benefícios das amizades sobre a saúde:

  • Cientistas australianos descobriram que as pessoas mais velhas com um grande círculo de amigos tinham 22% menos probabilidade de morrer durante os 10 anos da pequisa do que aquelas com menos amigos.
  • Em 2006, uma pesquisa com quase 3.000 enfermeiras com câncer de mama descobriu que aquelas sem amigos próximos tinham quatro vezes mais chances de morrer da doença do que mulheres com 10 ou mais amigos. A existência de um cônjuge, por outro lado, não estava associada à sobrevivência das pacientes.
  • Em um estudo de seis anos com 736 suecos de meia-idade, ter um relacionamento amoroso não afetou o risco de doenças cardíacas fatais, mas ter amigos, sim. Entre os fatores de risco para a saúde cardiovascular, a falta de apoio social era tão ruim quanto o tabagismo.
Por que as amizades são tão boas para nós? Os cientistas têm teorias:

  • Suporte logístico: os amigos podem fazer compras e buscar remédios para uma pessoa doente, embora na maioria dos estudos a proximidade física não tenha sido um fator nos benefícios da amizade.
  • Acesso à saúde: pessoas com fortes laços sociais podem ter melhor acesso aos serviços e cuidados de saúde ou maior probabilidade de procurar ajuda.
  • Menos estresse: indivíduos com fortes amizades desenvolvem menos resfriados, talvez porque tenham níveis mais baixos de estresse.
  • Pressão positiva: os pesquisadores descobriram que certos comportamentos de saúde parecem contagiosos e que nossas redes sociais - pessoalmente e on-line - podem influenciar a obesidade, a ansiedade e a felicidade geral. Um relatório recente descobriu que a rotina de exercícios de uma pessoa foi fortemente influenciada pelos amigos.
O efeito também pode ser o oposto. Um estudo de 2007 mostrou um aumento de quase 60% no risco de obesidade entre pessoas cujos amigos ganharam peso.

Amizades facilitam o envelhecimento

O jornalista americano Dan Buettner, pesquisador das Zonas Azuis, isto é, lugares do planeta onde as pessoas são longevas, descobriu que amizades positivas são um tema comum nessas regiões. Buettner falou sobre essas comunidades no evento do Plenae , em 2018. Em Okinawa, no Japão, onde a expectativa média de vida das mulheres é de cerca de 90 anos, os indivíduos formam um tipo de rede social chamada moai.

Trata-se de um grupo de cinco amigos que oferece apoio social, logístico, emocional e até financeiro para uma vida inteira. O grupo também parece influenciar os comportamentos de saúde ao longo da vida. Buettner aconselha as pessoas a se concentrarem em três a cinco amigos do mundo real, em vez de colegas distantes do Facebook.

"Em geral, você quer amigos com quem possa ter uma conversa significativa", diz. “Você pode ligar para eles em um dia ruim e eles se importarão. Seu grupo é melhor do que qualquer medicamento ou suplemento antienvelhecimento e fará mais por você do que qualquer outra coisa.”

Fonte: Tara Parker-Pope, para The New York Times
Síntese: Equipe Plenae
Leia o artigo completo aqui

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