Para Inspirar
Conheça histórias inspiradoras de pessoas que revelaram suas preferências sexuais às suas famílias e foram acolhidos
5 de Abril de 2024
Assumir a homossexualidade ou a bissexualidade é um processo que começa dentro do indivíduo, antes de mais nada. E essa jornada pode ser tortuosa para muitas pessoas que rejeitam essa fagulha que insiste em aparecer dentro de si. É o caso do influenciador digital Pedro Pacífico, o bookster, primeiro participante da décima quinta temporada do Podcast Plenae e representante do pilar Mente.
“Mesmo morando sozinho em uma cidade onde ninguém me conhecia, eu não me sentia livre para descobrir a minha sexualidade. No fundo, eu sabia que provavelmente era homossexual, mas não me permitia pensar sobre isso”, conta Pedro em uma das passagens mais marcantes de seu episódio.
Foi preciso que a sua angústia mais profunda e de longa data começasse a apresentar sintomas físicos para que Pedro enfim começasse a “sair do armário”, termo utilizado para designar o momento em que a pessoa decide contar para si e para os outros as suas preferências sexuais.
“O primeiro movimento é com a gente mesmo. A primeira saída do armário é para você mesmo e a segunda saída é para aquelas pessoas, que você acha importante e a terceira saída do armário é quando você torna isso público e com as redes sociais isso fica mais evidente”, explica o secretário executivo do Fórum das Empresas e direitos LGBT+, Reinaldo Bugarelli, em artigo à CNN.
Sair do armário é uma tradução literal do termo em inglês “come out of the closet”. E esse termo, como explica a revista Superinteressante, tem duas origens prováveis. A primeira delas é mais antiga, diretamente dos séculos 19 e 20, quando “come out” (“sair” ou “se revelar”) era o verbo utilizado no momento em que as debutantes se apresentavam à sociedade, em grandes festas, para atrair possíveis maridos.
A complementação veio depois, com a expressão “skeletons in the closet” (“esqueletos no armário”), utilizada para indicar algum segredo vergonhoso. No caso dos gays e todo o preconceito envolvido, esse segredo era sua orientação sexual. Então, “come out of the closet” virou uma boa metáfora para homossexuais enfim se apresentando ao mundo e mostrando que não tinham nada a esconder.
Esse é um movimento que exige coragem, afinal, infelizmente ainda estamos diante de índices muito negativos relacionados ao tema da homofobia, o preconceito contra os homossexuais que te contamos melhor neste artigo. Cerca de 20 milhões de brasileiras e brasileiros se identificam como pessoas LGBTQIA+, de acordo com a Associação Brasileira de Gays, Lésbicas, Bissexuais, Travestis e Transexuais (ABGLT), o que representa 10% de toda a população do país.
Apesar do número expressivo, 92,5% desses entrevistados relataram o aumento da violência contra a população LGBTQIA + de 2018 para cá, segundo pesquisa da organização de mídia Gênero e Número. 51% desses entrevistados relataram ter sofrido algum tipo de violência motivada pela sua orientação sexual ou identidade de gênero, sendo 94% vítimas de violência verbal e 13% vítimas da violência física.
Dia 28 de junho é comemorado o Dia do Orgulho LGBTQIA +. A data não foi escolhida ao acaso e faz referência ao dia 28 de junho de 1969, quando ocorreu, no bar Stonewall Inn em Nova Iorque, nos EUA, um evento que é visto por muitos como um marco e um símbolo da liberação e do ativismo do movimento, como relembra o artigo na Carta Capital.
Mas, acreditamos que esse orgulho deve permanecer por todo ano, todos os dias, e não somente em uma data específica. Além disso, autoconhecimento e autoaceitação são bandeiras muito importantes para o Plenae. Inspirados no relato de Pedro Pacífico, decidimos trazer alguns relatos positivos dessa revelação. Esperamos com isso possivelmente ajudar você, que nos lê, em sua própria jornada!
“A primeira menina que eu beijei eu tinha 20 anos, numa festa de faculdade. Até então eu não tinha nunca ficado com nenhuma menina. Eu estava na festa, essa menina chegou em mim e perguntou “você é hétero?”. E a minha resposta foi “não” na hora, instintivamente. Depois disso, eu dei uma leve ‘surtada’ e só fiquei com uma outra menina 2 anos depois, em uma outra festa de faculdade.
Mas hoje, olhando pra trás, acho que desde pequena eu tinha ideia, porque eu sempre tive muita curiosidade. Eu tinha uma amiga que era lésbica no colegial e eu perguntava pra ela ‘mas como que você sabe, como que foi?’. Fui criada pra ser heterossexual sem me questionar muito, sempre fui bem feminina e cresci numa cidade bem pequena no interior.
A dúvida só surgiu quando vim pra São Paulo e a decisão de contar na verdade foi pra minha mãe, porque meu pai faleceu quando eu era bem mais nova. Isso eu acho que, de certa maneira, foi até bom, porque eu fui muito menininha do papai quando ele era vivo e eu acho que seria uma dificuldade muito grande. Mesmo minha mãe sendo uma pessoa bem compreensiva, eu só decidi contar pra ela porque eu estava entrando em um relacionamento com uma menina.
Minha mãe foi pega totalmente de surpresa, porque como eu falei, eu era bem ‘padrão’. Quando eu contei, não falei sobre o meu relacionamento, só falei que às vezes eu ficava com meninas. E aí ela me olhou e perguntou ‘é sério ou é uma fase?’ e eu respondi “não sei”. Ela não foi aberta no sentido de querer saber muito mais, porque ela ficou surpresa, mas ela foi receptiva, não julgou. Esse foi o primeiro contato que ela teve com “ok, talvez a minha filha não seja hétero” e não foi ruim.
Acabou que aquele relacionamento nem deu certo, mas agora pelo menos minha mãe sabia e já ia se acostumando com a ideia. Ela nunca me falou nada ofensivo ou acusatório, nem nunca sugeriu que era só uma fase. Ela sempre foi muito compreensiva, por mais que às vezes ela fizesse umas perguntas um pouco ‘sem noção’, mas eu entendia que vinha de um lugar de tentar entender mesmo.
Depois disso eu comecei a namorar a minha atual noiva, apresentei ela pra minha mãe que a amou de cara e elas se dão muito bem até hoje. Só que isso me trouxe outro desafio: eu precisava contar pro resto da minha família e eu não sabia como. A minha família é muito grande, do interior, muito tradicional, religiosa, cheio de primo, sempre que tem festa todo mundo leva seus respectivos.
Então existe muito uma coisa de quando você começa a namorar, a pessoa passa a fazer parte da sua família. Eu fui criada assim e eu queria muito isso, mas eu precisava contar que eu tava com a Bia, e não com um Matheus, um Gabriel ou um Lucas. E isso ia ser um choque, eu tinha muito medo e acabei me afastando por um bom tempo porque eu não sabia como lidar.
Minha mãe acabou contando pra algumas tias minhas que ela sabia que teriam uma cabeça melhor pra entender. Quando ela contou foi um choque, mas dava pra perceber que tinha alguma coisa errada comigo porque eu tinha me afastado muito. E aí uma das tias que é a minha madrinha veio pra São Paulo e falou “olha, seguinte, todo mundo já sabe, tá tudo bem, a gente quer muito conhecer a Bia, leva ela pra lá.
Nada mudou, a gente te ama e te aceita de qualquer forma”. Eu tive muita sorte mesmo de ter a família que eu tenho, e eles são muito diferentes de mim em todos os aspectos e opiniões, pela cultura e pelo jeito que eles foram criados. É sobre entender e aceitar um relacionamento entre duas pessoas do mesmo sexo contanto que elas se amem.
Não é um pensamento que todas as famílias têm, então fui sortuda. Todos gostam muito da Bia, da família dela e eu acho isso muito bom porque depois que eu me assumi muitas pessoas da minha vida que são LGBTQIA + passaram até a conversar com a minha mãe, se aproximar, serem amigos, enxergam eles como aliados.”
Para Inspirar
A confusão infelizmente ainda acontece nos dias de hoje e é fruto de desinformação e um preconceito antigo, do surto de HIV que aconteceu nos anos 90.
6 de Outubro de 2023
O terceiro episódio da décima terceira temporada do Podcast Plenae ficou por conta de Thais Renovatto. Representando o pilar Corpo, Thais fala sobre a descoberta de que o seu então namorado estava morrendo de AIDS e, logo após, a confirmação do seu diagnóstico positivo e toda a vida que se deu depois do laudo.
Inspirados em seu relato, hoje vamos desmistificar mais esse conceito. Afinal, há ainda muita confusão entre a diferença do que é HIV e o que é AIDS, as formas de transmissão e essa vida pós-diagnóstico tão justamente celebrada por Thais. O objetivo não é banalizar a doença, que deve sim ser levada a sério. Mas sim, quebrar velhos preconceitos que ainda violentam os portadores do vírus. Leia mais a seguir!
HIV é a sigla em inglês para vírus da imunodeficiência humana, como explica o portal do Ministério da Saúde brasileiro. “Causador da aids (da sigla em inglês para Síndrome da Imunodeficiência Adquirida), ataca o sistema imunológico, responsável por defender o organismo de doenças”, explica o artigo.
Aids é a Síndrome da Imunodeficiência Humana, transmitida pelo vírus HIV e caracterizada pelo enfraquecimento do sistema de defesa do corpo e pelo aparecimento de doenças oportunistas, como continua explicando o artigo.
Não! É como se a AIDS fosse uma “piora”, é o agravamento do vírus que pode ou não causá-la. O teste - disponível gratuitamente em qualquer unidade básica de saúde por todo o país - irá acusar positivo para o vírus HIV em caso de transmissão. Mas, a partir desse laudo, é preciso começar a se cuidar justamente para não desenvolver a Aids.
Diferente de um vírus respiratório, por exemplo, que se dá por meio da respiração - como a covid-19 -, o vírus HIV demanda um contato mais profundo. Suas formas de transmissão são sempre por meio de relações sexuais (vaginal, anal ou oral) desprotegidas (sem camisinha), onde um dos envolvidos é soropositivo (ou seja, portador do vírus HIV).
Outra forma de contaminação é o compartilhamento de objetos perfuro cortantes contaminados, como agulhas e alicates, mais comuns em ambientes hospitalares ou com o uso de drogas injetáveis em agulhas compartilhadas - prática bem comum nos anos 90 dentro dos presídios, como conta Drauzio Varella em seu livro “Carandiru”.
Mães soropositivas sem o tratamento adequado também podem passar o filho durante a gestação, o parto ou a amamentação. Mas então, qual seria esse tratamento adequado?
Apesar dos diversos e importantes avanços científicos que já tivemos nessa área, infelizmente ainda não há cura para o HIV. Mas, é plenamente possível que uma pessoa soropositiva leve uma vida normal e com qualidade. O tratamento mais indicado - e disponível gratuitamente no Sistema Único de Saúde - inclui, primeiramente, o acompanhamento periódico com profissionais de saúde e a realização de exames.
Os medicamentos antirretrovirais serão a etapa seguinte e só serão tomados quando os exames indicarem essa necessidade. O que são esses medicamentos? São remédios que buscam manter o HIV sob controle o maior tempo possível, como explica o Ministério da Saúde. Sua atuação consiste em diminuir a multiplicação do vírus no corpo, o principal problema desse microrganismo.
Ele ainda recupera as defesas do organismo e, consequentemente, aumenta a qualidade de vida. Mas, para que o tratamento seja efetivo, o paciente deve tomar os antirretrovirais todos os dias e não pode jamais abandonar esse tratamento sem um acompanhamento médico.
Isso é de extrema importância, pois é a partir dessa negligência que o vírus pode criar resistência e, com isso, as opções de medicamentos diminuem. A adesão ao tratamento é fundamental para que a doença não se desenvolva e se torne, então, a Aids. E mesmo a pessoa com Aids, se estiver em tratamento, pode e deve levar uma vida normal, sem abandonar a sua vida afetiva e social.
Em casos de descontrole do vírus e agravamento dos sintomas, é preciso buscar atendimento médico imediato para controlar. A doença pode levar a óbito, mas graças ao tratamento que mencionamos, muitos pacientes ficam com a carga viral tão baixa (que é a contagem do vírus no corpo) que já são capazes de não transmitirem mais, como foi o caso da Thais Renovatto. Mas, é preciso cuidado sempre e muita atenção!
A primeira fase, chamada de infecção aguda, é quando ocorre a incubação do HIV – tempo da exposição ao vírus até o surgimento dos primeiros sinais da doença. Esse período pode variar de 3 a 6 semanas e os primeiros sintomas são muito parecidos com os de uma gripe, como febre e mal-estar. Isso pode ser um problema, já que é nessa fase que o verdadeiro cenário do que está acontecendo pode passar despercebido.
Além disso, pode ocorrer o aparecimento de gânglios, crescimento do baço e do fígado, alterações elétricas do coração e/ou inflamação das meninges nos casos graves. O organismo leva de 8 a 12 semanas após a infecção para produzir anticorpos anti-HIV.
Na fase crônica, os sintomas estão relacionados a distúrbios no coração e/ou no esôfago e no intestino. Mas, segundo dados da Fiocruz, cerca de 70% dos portadores permanece de duas a três décadas na chamada forma assintomática ou indeterminada da doença.
Com o frequente ataque em caso de um HIV que está sintomático, as células de defesa começam a funcionar com menos eficiência até serem destruídas. Isso deixa o organismo cada vez mais fraco e vulnerável a infecções comuns e os sintomas mais comuns nessa fase são: febre, diarreia, suores noturnos e emagrecimento.
Essa baixa imunidade permite o aparecimento das chamadas “doenças oportunistas”, como explica novo artigo do Ministério da Saúde. Elas recebem esse nome por se aproveitarem da fraqueza do organismo e, com isso, atinge-se o estágio mais avançado da doença: a Aids.
“Quem chega a essa fase, por não saber da sua infecção ou não seguir o tratamento indicado pela equipe de saúde, pode sofrer de hepatites virais, tuberculose, pneumonia, toxoplasmose e alguns tipos de câncer”, explica o artigo. Por isso, é tão importante o tratamento adequado e, caso haja suspeita de infecção pelo HIV, procure uma unidade de saúde e realize o teste e o PEP. Não esqueça de usar a camisinha ou realizar o PrEP.
A PEP é a sigla dada a .Profilaxia Pós-Exposição de Risco. Trata-se de uma medida de urgência utilizada em situação de risco à infecção pelo HIV, mas também existe para o vírus da hepatite B e para outras infecções sexualmente transmissíveis (IST). São medicamentos ou imunobiológicos que reduzem o risco de adquirir essas infecções e devem ser iniciados o mais rápido possível - preferencialmente nas primeiras duas horas após a exposição de risco e no máximo em até 72 horas.
O uso desses medicamentos se estende por 28 dias e a pessoa tem que ser acompanhada pela equipe de saúde, inclusive após esse período realizando os exames necessários. Situações como violência sexual, relação sexual desprotegida e aceidente ocupacional com instrumentos perfurocortantes ou contato direto com material biológico pedem por esse tipo de intervenção.
Também disponível gratuitamente nos postos de saúde por todo o Brasil, a PrEP é o nome dado à Profilaxia Pré-Exposição, uma das formas de se proteger do HIV. Ou seja, ela é feita antes, diferente da PEP. São comprimidos tomados antes da relação sexual, que permitem ao organismo estar preparado para enfrentar um possível contato com o HIV.
Esses comprimidos combinam dois medicamentos que bloqueiam alguns “caminhos” que o HIV usa para infectar o organismo e podem oferecer duas modalidades:
PrEP diária: consiste na tomada diária dos comprimidos, de forma contínua, indicada para qualquer pessoa em situação de vulnerabilidade ao HIV
PrEP sob demanda: consiste na tomada da PrEP somente quando a pessoa tiver uma possível exposição de risco ao HIV. Deve ser utilizada com a tomada de 2 comprimidos de 2 a 24 horas antes da relação sexual, + 1 comprimido 24 horas após a dose inicial de dois comprimidos + 1 comprimido 24 horas após a segunda dose.
O PrEP só tem efeito se for tomado conforme a orientação de um profissional de saúde. Caso contrário, pode não haver concentração suficiente das substâncias ativas em sua corrente sanguínea para bloquear o vírus e você não estará protegido. A pessoa que decide por esse caminho realiza acompanhamento regular de saúde, com testagem para o HIV e outras ISTs.
Pronto! Agora você já sabe qual é a diferença entre HIV e Aids, quais são as formas de contágio, os sintomas, tratamentos e prevenções. O principal caminho é sempre a proteção - e isso envolve uma conversa franca e sem tabus com o seu parceiro em caso de relacionamento fixo. Não tenha vergonha de perguntar e pedir exames antes de tomar a decisão de abdicar da camisinha. E, se você possui mais de um parceiro, use sempre o preservativo. Existe, sim, vida após o diagnóstico. Mas se puder evitar o laudo positivo, será sempre o melhor caminho!
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