Para Inspirar

Artistas para conhecer mais sobre o vasto universo afro-brasileiro

Educar o nosso olhar para enxergar além do circuito clássico das artes é ampliar os horizontes para manifestações artísticas com grande carga emocional e histórica

18 de Outubro de 2024


No segundo episódio da décima sétima temporada do Podcast Plenae, conhecemos a linda história de Dalton Paula, que coloca muito de suas vivências em suas expressões artísticas. Ele, que já foi membro do Corpo de Bombeiros, teve a arte como pano de fundo por toda a sua vida até de fato conseguir passar a viver e se bancar só com ela. 

Uma das principais características de suas obras são as referências aos povos negros e seus antepassados, busca da qual ele faz parte e se dedicou por um tempo, sem grande sucesso como é comum entre a população preta que viu grande parte do seu passado ser vertiginosamente apagado. 

Em uma tentativa de nunca mais deixar isso acontecer, trazemos hoje alguns outros artistas negros que valem muito a pena conhecer, em diferentes tipos de manifestações. Veja mais a seguir!

O início de tudo


Artistas ou manifestações artísticas que fizessem referências aos negros e à sua cultura o fosse feito por eles sempre existiram, mas por muito tempo foram esquecidos ou negligenciados. Foi somente no século XX, como conta esse artigo do Museu Afro Brasil, que se criou o termo específico desse segmento e então o movimento passou a ser mais reconhecido.

Essa dificuldade em definir certa arte como afro-brasileira se deve a vários fatores. O primeiro deles é, claro, o racismo, que custou a creditar e reconhecer o talento desses artistas. Mas houve também um problema específico: há muita obra sob é que há muita obra sob pseudônimo, vindas de uma época que os negros não poderiam assinar a autoria. 

Houve também muita influência do cristianismo em obras de negros já catequizados pelas expedições portuguesas, tornando mais difícil distinguir um de outro, por exemplo, ou nuances muito discretas de inspiração dos seus ancestrais.

As referências ficam mais evidentes em artes como a música e, mais recentemente, a literatura que buscou reconhecer a negritude de grandes nomes que foram “esbranquiçados” com o tempo. Nesse artigo do Portal Geledés, o trabalho de resgate que vem sendo feito pelo artista plástico e museólogo Emanoel Araújo foi mencionado.

Desde o centenário da abolição da escravatura, em 1988, com a exposição “A Mão Afro Brasileira”, e depois a continuidade com a mostra “Negros Pintores”, que se inaugurou no Museu Afro Brasil, em São Paulo (SP), em agosto de 2008, são parte desses esforços para resgatar sobretudo o nome de artistas plásticos, que deixaram muitas contribuições pouco conhecidas pelo público.

Os principais nomes


E quais são essas contribuições, afinal? Pegando o gancho do artigo no Geledés e falando sobre artista plástico, os principais nomes separados pelo instituto são:

  • Antônio Rafael Pinto Bandeira (1863-1896)

  • Arthur Timótheo (1882-1922) - 

  • Benedito José Tobias (1894-1963)

  • Benedito José de Andrade (1906-1979)

  • Emmanuel Zamor (1840-1917)

  • Estevão Silva (1845-1891)

  • Firmino Monteiro (1855 – 1888)

  • Horácio Hora (1853-1890)

  • João Timótheo (1879-1932)

  • Wilson Tibério (1923-2005) 

Destacamos ainda Antônio Francisco Lisboa o Aleijadinho (1738 - 1814) e alguns mais contemporâneos, como:

  • Abdias do Nascimento (1914 - 2011)

  • Ayrson Heráclito (1958) 

  • Emanuel Araújo (1940 - 2022)

  • Lidia Lisboa (1970)

  • Rosana Paulina (1967)

  • Renata Felinto (1978)

  • Maxwell Alexandre (1990)

Mas e nas outras artes? Destacamos a seguir a contribuição de artistas negros na música e na literatura, sejam eles contemporâneos ou que já não estão mais entre nós! 

Música


  • Alfredo da Rocha Vianna Filho - Pixinguinha (1887- 1973)

  • Angenor de Oliveira - Cartola (1908 - 1980)

  • Alcione (1947)

  • Antônio Carlos Santos de Freitas - Carlinhos Brown (1962)

  • Djavan Caetano Viana (1945)

  • Elisa Lucinda (1958)

  • Elza Soares (1930 - 2022)

  • Gilberto Gil (1942)

  • Jorge Mário da Silva - Seu Jorge (1970)

  • Jorge Ben Jor (1939)

  • Jorge Aragão (1949)

  • Liniker de Barros Ferreira Campos (1995)

  • Leandro Roque de Oliveira - Emicida (1985)

  • Leci Brandão (1944)

  • Margareth Menezes da Purificação Costa (1962)

  • Martinho da Vila (1938)

  • Milton Nascimento (1942)

  • Pedro Paulo Soares Pereira - Mano Brown (1970)

  • Sebastião Rodrigues Maia - Tim Maia (1942 - 1998)

  • Yvonne Lara da Costa - Dona Ivone Lara (1921 - 2018)

Literatura


  • Afonso Henriques de Lima Barreto (1881 - 1922) 

  • Ana Maria Gonçalves (1970)

  • Bianca Santana (1984)

  • Carolina Maria de Jesus (1914 - 1977)

  • Conceição Evaristo (1946)

  • Djamila Ribeiro (1980)

  • Elizandra Souza (1983)

  • Eliana Alves Cruz (1966)

  • Lélia Gonzalez (1935 - 1994)

  • Luís Gonzaga Pinto da Gama (1830 - 1882)

  • Jeferson Tenório (1977)

  • João da Cruz e Sousa (1861 – 1898) 

  • Joel Rufino dos Santos (1941 – 2015)

  • Itamar Vieira Junior (1979)

  • Machado de Assis (1839-1908)

  • Maria Firmina dos Reis (1822 - 1917) 

  • Milton Santos (1926 - 2001) 

Há ainda artistas negros presentes nas artes urbanas, como o grafite, na dança, no teatro ou no audiovisual. Há ilustradores gráficos negros trazendo a renovação tecnológica e há também artesãos mantendo a história feita pelas mãos. Há pintores, escultores, locutores: a população afro-brasileira é imensa e muito rica em sabedoria e talento, deixando heranças positivas históricas por onde passam!

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Para Inspirar

O cérebro plástico: o que é a neuroplasticidade?

A capacidade de absorver mais informações e se modificar conforme suas experiências é uma das muitas habilidades incríveis que o cérebro humano possui.

2 de Dezembro de 2022


No penúltimo episódio da décima temporada do Podcast Plenae, conhecemos a história do Mochileiro pela Educação, Tiago Silva, que mudou a sua própria realidade com a ajuda dos livros e, hoje, busca fazer o mesmo por outras crianças, oferecendo o mesmo caminho. 

A idade que o público alvo de Tiago possui é justamente a melhor para se desempenhar esse trabalho. Como te contamos aqui neste artigo, a leitura é uma ferramenta potente, sobretudo quando iniciada na infância. O mergulho em diferentes mundos, culturas e tempos - ainda que imaginários ou imaginados - propostos pela literatura facilitam uma maior percepção do outro e dos sentimentos. Ajuda a entender melhor o que é a empatia, bem como ter uma maior proximidade com seu lado emocional.

Mas, além disso, há um outro ganho não explicitado e que iremos tratar aqui hoje: a neuroplasticidade, que é “a capacidade que o cérebro tem de aprender e se reprogramar”. Se tratando de um cérebro ainda jovem, a neuroplasticidade é ainda maior e mais pulsante. E é por isso que dedicamos um tema da vez inteirinho sobre o assunto. Mas calma, nós vamos te explicar melhor a seguir!

A neuroplasticidade

Imagine o complexo e completo órgão que é o nosso cérebro. Ao fecharmos os olhos, imediatamente pensamos em uma palavra: os neurônios. Eles nada mais são do que células presentes no sistema nervoso central, responsáveis por estabelecer conexões entre eles. Mas para que essa conexão aconteça, são necessários os estímulos externos ou do próprio organismo - e leia-se: sem essas conexões, basicamente não existimos, pois elas são responsáveis por tudo o que somos e que fazemos.

Quando esses neurônios são devidamente estimulados, eles juntos geram impulsos elétricos e liberam substâncias químicas nos espaços vazios entre um neurônio ou outro - um vão chamado sinapse. Essas sinapses são justamente a ligação, a conexão que tanto buscamos e queremos que esses neurônios desempenhem. A cada estímulo realizado, toda a sua rede de neurônios se reorganiza para te proporcionar diferentes caminhos de resposta. É aí que entra a plasticidade neuronal, essa habilidade incrível, quase mágica, que nosso cérebro consegue realizar, formando milhares de novas conexões a cada momento. Enquanto você lê esse artigo, novas sinapses estão acontecendo. É também graças a esse poder regenerativo que conseguimos nos recuperar de lesões graves, sobretudo se elas foram sofridas ainda na infância. Quedas que possam ter afetado a capacidade motora ou a fala e a audição, por exemplo, podem ser recuperadas - a depender do nível do estrago, é claro - porque há toda uma vida pela frente e milhões de novas reconexões para esses neurônios realizarem. “Hoje sabemos que o sistema nervoso humano e de outros mamíferos é extremamente flexível e plástico. Há cerca de 20 ou 30 anos, a ideia era que fosse bastante estático, não só quando em condições normais de funcionamento, mas também quando alterado por alguma lesão”, explica o médico neurocientista pela UNIFESP, Cláudio Guimarães dos Santos, ao portal Drauzio Varella.
Graças ao avanço das pesquisas nesse campo, não só aprendemos mais sobre como o sistema nervoso opera normalmente, mas também como ele é capaz de se modificar e de se transformar. “Evidentemente, sabíamos que as pessoas mudavam ao longo do tempo, mas não tínhamos ideia de como a estrutura nervosa, neuronal, respondia a essas modificações”, conta Cláudio. Hoje, pesquisas na área de reabilitação evoluíram muito, justamente por saber que um dano no sistema nervoso tem como não ser eterno, pode ser modificado. Isso se deu também graças às novas técnicas de neuroimagem funcional, que permitiram o estudo da substância encefálica durante a realização das tarefas cognitivas, como explicou o especialista.

A neuroplasticidade em crianças

Agora que você já entendeu como o cérebro é plástico e capaz de se readaptar, se reinventar e te oferecer múltiplos caminhos em menos de um segundo, vamos partir para a etapa seguinte, que é entender como isso se dá em crianças. A cognição, que é o termo que designa a inteligência humana, é o que nos diferencia de tantas outras espécies, quase que o que nos “colocou” no topo da cadeia alimentar. É graças a ela que conseguimos criar, aprender, memorizar, fazer contas, nos apaixonar e até infelizmente cometer maldades. É graças à neuroplasticidade que esse processo dinâmico de construção, aquisição e interação de novas competências se dá durante todo o desenvolvimento infantil, como explica a neuropediatra Paula Girotto em seu blog.
Como te explicamos, essa plasticidade ocorre por toda a vida e deve ser sempre estimulada, inclusive em idosos. Mas é na infância que ela está a todo vapor. Por isso que crianças aprendem línguas estrangeiras mais rápido, por exemplo. E isso se dá porque é justamente na infância o período onde mais precisamos adquirir conhecimento sobre o funcionamento da vida como um todo.  Além disso, como prossegue a Paula, plasticidade cerebral pode ser dividida em dois tipos: a funcional, que é essa capacidade do cérebro mover as funções de uma área danificada para outras que não estejam comprometidas; e a estrutural, que é quando o cérebro consegue mudar sua estrutura física como consequência do seu aprendizado. O segundo tipo é o que iremos tratar aqui, na infância. Para que esse processo ocorra de forma homogênea e eficaz, o estímulo fará toda a diferença. Por isso que bons exemplos se fazem tão necessários nessa fase, onde aquele pequeno indivíduo está observando tudo e absorvendo tudo também. As imitações, tão comuns e “engraçadinhas” das crianças, é reflexo desse aprendizado adquirido pela observação, é o cérebro plástico em ação. Conforme essa criança vai crescendo, as sinapses formadas vão se fortalecendo, deixando menos espaço para novos aprendizados e novas possibilidades de conexão. Isso não é um diagnóstico terminal, é claro, e não quer dizer que não aprendemos nada quando ficamos adultos.  Mas é preciso mais empenho e mais estímulo, e vale lembrar que, com o passar da vida, somos mais expostos ao estresse, substâncias psicoativas, privação de sono e outros fatores que podem dificultar a aprendizagem. Te trouxemos neste artigo caminhos possíveis para melhorá-la, mas a dica de ouro para isso é treinar cada vez mais o seu cérebro.  Os livros, motivo pelo qual iniciamos esse artigo, é um aliado potente nessa trajetória. Em qualquer momento da vida, eles chegam para agregar, mas quando dados na infância, como faz o Thiago Silva, os ganhos cerebrais são imensos e ainda há um plus: a possibilidade ainda maior de fomentar o hábito da leitura desde cedo, formando um leitor para a vida.

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