Colocar os fones, fechar os olhos e começar a flutuar
9 de Novembro de 2023
Colocar os fones, fechar os olhos e começar a flutuar dentre as combinações de notas, sons, surdos, acordes, vozes que se estendem ou se encurtam, a depender do objetivo. A música nos toca em um lugar quase impossível de se traduzir, pois talvez seja esse o seu objetivo: tornar palavra aquilo que é difícil de dizer.
Estar diante de uma pintura que, em um primeiro momento, pode não representar nada, mas quando se olha novamente, há detalhes que haviam passado despercebidos. E são esses detalhes que nos tocam no que há de mais profundo: um quadro nunca é só um quadro, pois tem nele a impressão do artista e do contexto.
Página após página, ficar lentamente refém de uma história, a ponto de ler enquanto se anda, ansiar pelo encontro entre os olhos e as frases. Um livro é um amuleto e guarda em si algo muito precioso: a possibilidade de viajar sem sair do lugar, das realidades possíveis e das impossíveis também.
Sentar-se diante do espetáculo, seja ao vivo ou diante de uma tela, e ficar ausente por longos minutos, imersos em um show de câmeras e atuações, imaginando seus desfechos prováveis e aguardando com muita expectativa pela continuação daquele filme, daquela série. Ou estar ali, diante do ator que, em cima do palco, fica despido de si e vestido de um outro, incorporando personagens que são, sim, fictícios, mas carregam tudo que já experienciaram junto.
Tudo isso é a arte, essa invenção que o ser humano criou porque a vida sozinha não basta. A cultura, tema dessa crônica, traz mais do que a identificação e a união de um povo. A arte traz um respiro, é companhia em tempos difíceis, em longas madrugadas ou em dias corriqueiros. E, antes que você perceba, já está entretido novamente, como num passe de mágica.
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