Coloque em prática

Qual o nosso papel diante dos desastres “naturais”?

Com a intensificação dos efeitos climáticos causados pelo aquecimento global e a falta de medidas estruturadas, o que fazer para ajudar o outro e a si mesmo em um cenário trágico?

2 de Março de 2024


Recentemente te contamos um pouco mais sobre o que é o estresse climático e o que ele pode causar no seu organismo. Mas, como mencionamos neste artigo, essa é só uma das tristes heranças que o aquecimento global já começa a nos deixar. E não é só sobre excesso de calor: esse fenômeno provoca um desbalanceamento global em todas as estruturas e ordens climáticas. 

É cada dia mais comum vermos as estações do ano invertidas, espécies animais entrando em extinção por não sobreviverem às mudanças em seus habitats naturais e, claro, as chuvas desastrosas que levam tudo ao seu redor, ondas imensas que varrem toda uma cidade e deixam nada se não a destruição. Não é apocalíptico da nossa parte dizer que, como está, não dá para ficar. 

Hoje, vamos entender um pouco mais sobre qual é a nossa responsabilidade diante desse cenário trágico, o que fazer para tentar reverter essa situação e como ajudar as vítimas - que pode te incluir, em algum momento - de um desses desastres. Leia mais a seguir!

Dando nome aos bois


Todo ano, figurões de todas as nações se reúnem para a COP, a conferência do clima, para pensar em soluções que possam conter os estragos climáticos e cobrarem uns aos outros resultado das medidas combinadas no evento anterior. Apesar dos esforços, eles talvez tenham começado tarde demais ou ainda não estejam intensos o suficiente para realmente fazerem a diferença.

A prova disso é que chegamos em um ponto onde muitos dos impactos do aquecimento global são considerados "irreversíveis", segundo uma avaliação produzida pela Organização das Nações Unidas (ONU). E o estrago está por toda a parte ao nosso redor.

Tivemos o ano mais quente da história, assistimos florestas inteiras desaparecerem por conta de queimadas espontâneas. Vimos maremotos se intensificarem, rios secarem e enchentes por toda a parte - e isso é a nível mundial, não só aqui em território nacional.

Ainda assim, há uma resistência por parte de quem entende do assunto em chamar os desastres de “naturais”. “É uma recomendação para não ‘naturalizar’ um problema que não é apenas de responsabilidade da ‘natureza’”, explica Fernando Queiroz, cofundador da HUMUS. 

“Desastre é o resultado de um evento natural extremo (climático ou geológico) quando esse ocorre em uma área de intervenção humana que não tem capacidade de lidar com os impactos. Só que um evento extremo poderia ser algo até bonito de se observar, como um furacão no meio do oceano ou uma tempestade em uma floresta”, diz. 

O problema, como ele explica, é quando esse fenômeno extremo ocorre em um local onde houve uma ‘transformação’, como uma comunidade em encostas, moradias à beira de rios ou cidades construídas em cima de placas tectônicas. “Por isso, além de mais cuidados para reduzirmos (ou eliminarmos) as causas da famosa mudança climática, temos que entender que o desenvolvimento urbano/econômico sem responsabilidade também é ‘culpado pelo desastre’”, diz ele. 

Dar nome aos bois é pensar sobre a nossa responsabilidade diante do planeta, afinal, todos nós deixamos uma pegada de carbono, que é a métrica utilizada para se ter uma ideia das emissões de gases de efeito estufa originadas da atividade humana. É impossível não deixar nenhuma: carregar o celular já é gastar energia e, consequentemente, uma pegada de carbono. Por isso, te contamos por aqui algumas dicas para você ser mais sustentável e amiga do meio ambiente. 

Mas, mais do que as ações individuais - que contam muito! - é preciso cobrar das autoridades ações coordenadas e coletivas para a redução dos danos já causados e evitar danos futuros. Somente o Estado, em parceria com instituições sociais ou privadas, é que teria braço suficiente para medidas mais efetivas e em larga escala. Portanto, somos todos culpados: pessoas, instituições e governo.

“Muitas vezes o desenvolvimento econômico de uma região proporciona um aumento no consumo de recursos e leva a um crescimento urbano desorganizado. Portanto, indivíduos, organizações, empresas privadas e o poder público podem reduzir as causas e buscar soluções”, complementa.

O que fazer? 


“Desastre é uma dos temas sociais mais relevantes do mundo na atualidade. Tem causado muitos e diferentes impactos, principalmente a perda de vidas. Além de provocar danos à natureza, também afeta a economia e o desenvolvimento social, até mesmo daqueles que não foram diretamente afetados”, diz Leonard de Castro Farah, especialista em gestão, redução de riscos e desastres e outro cofundador da HUMUS.

O participante de uma de nossas temporadas do Podcast Plenae conta que, em 2019, ainda como capitão do Corpo de Bombeiros de Minas Gerais, ao retornar de uma missão em Moçambique após o impacto de dois ciclones teve a certeza da importância de equipes especializadas em desastres que pudessem apoiar de forma mais ágil. “Após uma conversa com Fernando, que já me acompanhava nas jornadas de inspirar mais pessoas a salvar vidas, compreendemos que é possível e necessário agir”, diz. 

Foi assim que começou a nascer a HUMUS, uma organização sem fins lucrativos, independente, brasileira e que atua com foco em desastres. Apesar de se tratar de uma instituição séria e organizada, eles acreditam que todo mundo pode fazer a diferença. 

“Na HUMUS dizemos que ‘todo mundo pode ajudar a salvar vidas’ de diferentes maneiras, seja um profissional especializado em resgate, saúde, logística, gestão ou um voluntário que pode mobilizar e compartilhar empatia. O primeiro passo é entender que o desastre é um problema complexo, extremo e urgente. Então, qualquer tipo de apoio no local deve estar minimamente preparado para atuar nesse ambiente, que se difere de outras causas sociais que não precisam lidar com o caos emocional e a falta de recursos”, complementa Leo. 

Para os dois sócios, além da população, muitas instituições do poder público, hospitais, comércio, rede hoteleira, vias de acesso e outros serviços são prejudicados. Portanto, apesar da boa intenção, é preciso agir com responsabilidade e autossuficiência para não se tornar mais um problema ou desperdiçar recursos.

“Após o desastre, é importante se conectar a agentes no local, principalmente instituições sociais, que sabem as reais necessidades naquele momento e que devem continuar ali mesmo quando as atenções diminuírem. Há dificuldades que permanecem por um longo tempo, como a insegurança de seguir a vida em uma área de risco, e outras que surgem após um tempo, como os efeitos na saúde, principalmente mental, e dificuldades para recuperação econômica”, reflete. 

Por isso, apesar das boas intenções, muito provavelmente um voluntário, um doador ou uma empresa não poderá resolver todos os problemas de um local devastado. Por isso, é preciso escolher uma das necessidades que a situação demanda e optar por aquelas que tenham mais identificação com quem está ajudando e melhor condição de viabilizar naquele momento, através de recurso financeiro, produtos ou serviços. 

Outras dicas importantes:

  • Prevenção salva vidas

  • Votar em políticos comprometidos com a causa. “Mesmo que dependa de ações e até mesmo uma legislação que demande um prazo longo para soluções mais efetivas, o desastre é uma causa urgente”

  • Conscientização e capacitação da população e agentes locais, além de apoio a equipes especializadas em desastres. 

  • Empresas e instituições sociais também podem desenvolver protocolos internos de ação para responder rápido, de forma viável e responsável, ajudando a salvar vidas. 

  • Ligar para os órgãos competentes como Defesa Civil (199), SAMU (192) e Corpo de Bombeiros (193). Eles prestarão os primeiros socorros e saberão para quem encaminhar depois. 

Por fim, mas não menos importante: apoiar causas, inclusive financeiramente, que estejam diretamente ligadas a esse auxílio. A HUMUS está iniciando uma campanha de financiamento coletivo junto com a Bemtevi para realizar a “Jornada de Amadurecimento” e desenvolver seu plano de negócio social. A meta é coletar 25 mil reais em até 38 dias e você pode ajudar acessando esse link aqui. Acredite: toda contribuição importa e você faz a diferença! 

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Coloque em prática

Como alimentar sua fé e espiritualidade - e porque isso importa

Dissociar a ideia de espiritualidade com a ordem religiosa pode ser a chave que lhe faltava para atingir essa conexão interior tão importante

17 de Julho de 2020


Espírito, para a filosofia e estilo de vida que acreditamos e que rege uma das principais crenças do Plenae, é um dos pilares imprescindíveis para uma vida plena e, consequentemente, mais longeva. Por isso mantê-lo em equilíbrio, em toda a totalidade de sua espiritualidade, sempre em constante trabalho é tão importante.

Como o definimos na nossa editoria dedicada somente a este campo, ele é algo que “a ciência não explica, mas as pessoas experienciam e sentem a espiritualidade”. E o que essa espiritualidade, afinal? Entendê-la é o primeiro passo rumo a conquistá-la e tê-la alimentada.

Para começarmos essa jornada, vamos tomar como referencial diferentes escritos para diferentes plataformas do Dr. Steve McSwain. O líder do pensamento religioso é também palestrante, escritor, humorista, advogado de organizações sem fins lucrativos, congregações e professor de comunicação da Universidade de Kentucky. 

Dentre suas diferentes contribuições portais afora, destacamos o artigo “Como alimentar sua espiritualidade” , no portal Huffpost americano. Para ele, você não precisa se vestir como um monge ou entrar em um antigo mosteiro cristão para dar atenção à sua vida espiritual.

Isso acontecerá naturalmente, como consequência de sua atenção diária, porque somos seres espirituais por essência. O que isso significa? Que a espiritualidade não é algo que você se torna, mas que é algo que você é. Tornar-se espiritualizado é, basicamente, “um retorno contínuo para si mesmo”, como ele descreve.

Aprendê-la não se trata de esquecer todas as coisas ruins que já lhe aconteceram ou que você, porventura, já tenha feito. Mas é nutrir-se dos ensinamentos bons que esses episódios lhe trouxeram, por exemplo. É estar aberto a receber também o que é bom, e não só o que é mal.

Por que isso importa?

Um ser espiritualizado é, consequentemente, um ser mais conectado consigo mesmo. Isso é benéfico para, por exemplo, quem busca um processo de autoconhecimento a longo prazo.

Esse autoconhecimento é positivo para processos de autoperdão ou de cura para doenças de cunho emocional. E não só isso: ele é também ajuda a sua saúde física. Diferentes estudos comprovam que, um ser espiritualizado enfrenta comorbidades e tratamentos invasivos de forma mais pacífica, e apresenta curas melhores.

Esse movimento já ganha amplo apoio de médicos e dos estudos da medicina como um todo. Ela já se provou benéfica para pacientes com câncer , por exemplo, e até agora, em tempos de pandemia, a espiritualidade foi forte aliada dos quarentenados que a colocaram em prática e sentiram diferença.

Como fazer isso

Há diferentes caminhos para conectar-se com a sua espiritualidade, mas todos eles levam ao mesmo: olhar para dentro de si. Isso pode ser feito, é claro, através de uma religião. Há quem se sinta mais próximo de Deus dentro de um templo específico para isso.

E, quando falamos em religião, ela não possui um nome específico. Qualquer uma insiste na mesma finalidade, que é a elevação de nossos espíritos ao do Deus que ela acreditar. Como menciona Paulo Vicelli, em seu episódio para o Podcast Plenae “não existe Deus certo. Existe Deus. Ponto.”

Mas, seguindo o pensamento ainda de Dr. Steve, estudioso de diferentes religiões, mas adepto a nenhuma específica hoje em dia, a meditação pode ser um caminho interessante. “A meditação é o método da verdadeira oração. Meditar é aprender a não falar, mas entrar em silêncio e quietude” explica ele.

E os efeitos da meditação, como já sabemos, são inúmeros. Ela pode inclusive contribuir para tornar o seu cérebro mais jovem, como aponta essa pesquisa . Em um dos nossos Plenae Apresenta , falamos sobre a série Explicando , da plataforma Netflix. Um de seus episódios é dedicado exclusivamente a explicar a prática meditativa, seus benefícios, estilos e a opinião científica a favor dela - tudo isso em 20 minutos.

Também já recebemos como convidado do evento Plenae em Sintra, o monge beneditino, Laurence Freeman. Membro da congregação olivetana de Monte Oliveto Maggiore na Itália, Freeman viajou até Portugal, a convite de Abílio Diniz - fundador e idealizador do nosso portal - para explicar aos mais de 300 convidados o porquê dele acreditar que a meditação é uma “é uma forma de libertação”. A palestra completa você confere no vídeo disponível aqui.

Outra forma de tornar-se um ser mais espiritual é procurando mais a respeito do tema. Isso pode englobar leituras ou filmes sobre a natureza, o estoicismo, as diferentes religiões existentes, as práticas meditativas, entre outras. O próprio Dr. Steve sugere alguns títulos literários que podem se encaixar para você também, mas nem todos possuem versão em português.

• Pema Chodron, “Comece onde você está”

• Phil Jackson, “Um monge no mundo: cultivando uma vida espiritual”

• Thich Nhat Hanh,” A paz é cada passo: o caminho da atenção plena na vida cotidiana”

• Eckhart Tolle, “O poder do agora: um guia para a iluminação espiritual”

• Mark Nepo, “Sete mil maneiras de ouvir: ficando perto do que é sagrado”

• “O fator Enoch: a arte sagrada de conhecer a Deus”

Nós, do Plenae, já indicamos livros filmes que podem ajudar a manter o equilíbrio de cada pilar da sua vida - incluindo o espiritual. O mais importante é, de fato, essa busca em ser melhor e estar mais conectado consigo mesmo, seja qual for o caminho utilizado para isso. Não se esqueça de que a espiritualidade habita dentro de você, e só cabe a si mesmo regá-la e vê-la crescer.

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