Coloque em prática
Conversamos com um neurologista especialista em tomada de decisões para entender como esse processo se dá dentro de nosso cérebro e como aprimorá-lo
9 de Fevereiro de 2021
Segundo estimativas publicadas em uma pesquisa no jornal americano Wall Street Journal, um ser humano toma cerca de 35 mil decisões por dia. Parece um número absurdo, afinal, nossa concepção do que é uma decisão acaba sendo, muitas vezes, relacionada às grandes decisões.
Mas pense que, nesse exato momento, você decidiu abrir esse link, e decidiu rolar para baixo, e enquanto lia, decidiu tomar um gole de água. Tudo isso inclui processos decisórios os quais você nem sempre se dá conta de que está diante de opções, simplesmente faz.
Segundo o neurocientista e professor livre docente da UNIFESP, Álvaro Machado Dias, há três tipos de tomada de decisão:
Ainda dentro das grandes decisões, ela pode ser dividida em dois caminhos: racional e intuitivo. Quando optamos por uma escolha racional, é porque projetamos futuros hipotéticos e nos imaginamos neles, vivenciamos como seriam nossas emoções nessa situação específica. A partir daí, pesamos e medimos entre a opção a ou b.
Porém, perceba que até mesmo no caminho racional, é desprendida uma energia emocional grande. “Nós atribuímos valor para cada uma das experiências e projeções que fazemos. Até pra viajar, pra decidir o destino, você se imagina em cada um deles e escolhe a que apresenta ser mais valiosa segundo suas emoções” como explica Álvaro.
A escolha intuitiva, por sua vez, se dá quando o indivíduo se vê diante de uma grande questão e não opta por comparar suas opções, ou simplesmente cansa de fazê-lo. “Ela é pós-analítica, é saber que você não consegue ter certeza do que vai ser melhor, e não decidir por algo é também se posicionar. Então as pessoas, nesse momento, já pensaram demais e não chegaram a nenhuma decisão e elas tem uma nova forma de escolher, que é justamente a intuição”, diz.
Portanto, trata-se de um processo de olhar para dentro de si e avaliar os resíduos que ficaram nas emoções dessa experiência de se projetar nos diferentes cenários hipotéticos. “Pensar é inibir as emoções, e a gente sente uma inclinação, um feeling sobre as situações hipotéticas” comenta Álvaro.
A intuição também está muito envolvida nas decisões automáticas, aquelas que mencionamos no começo. São milhares de decisões por dia, portanto, intuição não é tanto sobre gostar, é sobre se sentir inclinado a algo, aquilo que nos foge, que não sabemos explicar o porquê de termos escolhido.
Como mencionamos, diariamente somos expostos a diferentes caminhos possíveis de serem seguidos, e cabe a nós escolhermos cada um. Mas há coisas que podem atrapalhar esse processo. “A principal coisa que atrapalha a tomada de decisão seguramente são as emoções intromissivas. Decisões precisam ter a mente pacificada para você poder se conectar com essas experiências de futuros hipotéticos. Se você for dominado por emoções fora de contexto, você terá dificuldade de se conectar com esses cenários, pois eles vão ser inundados por esse presente” explica o neurologista.
Por isso, há de se evitar as decisões tomadas no calor do momento. Mas e quando não temos escolhas? Voltamos à intuição, quando você sente essa necessidade de ir pela sua inclinação, e não pela sua racionalidade. Mas o que fazer então para tomar melhores decisões?
Para Álvaro, é preciso ter em mente 4 etapas principais:
Há ainda de se considerar a relação entre decisão X felicidade. “Quando as nossas decisões geram um retorno que imediatamente dão prazer e satisfação, elas nos dão a ilusão que estão nos trazendo felicidade. Essa ilusão pode ser verdadeira, mas muitas vezes ela é falsa” explica Álvaro.
As decisões que verdadeiramente aumentam nossa felicidade são as decisões que se conectam umas com as outras, funcionando quase como um salto. Quando você toma uma decisão na qual você acredita que é certo, você não se deixa iludir pelo retorno imediato da mesma, você está esperando qualquer coisa - inclusive que dê errado.
Mas, por acreditar integralmente naquilo sob a ótica moral, é o que traz a verdadeira felicidade a longo prazo, pois vão te encaminhando para o que você acredita que seja certo. “A felicidade é um caminho que pode ser obliterado por uma ilusão baseada em tomadas de decisão, essa ilusão que o retorno imediato é o que importa numa decisão. Porém, nós mudamos o tempo todo. É preciso se levar menos a sério” conclui o especialista. E você, já encarou seus possíveis caminhos com mais leveza hoje?
Coloque em prática
Conheça a metodologia que buscou inspiração nos movimentos dos animais para que os seres humanos possam se exercitar de forma mais lúdica e completa
9 de Agosto de 2023
Somos da natureza. Viemos dela e a ela pertencemos. Por vezes, esquecemos desse fato e acreditamos que somos uma entidade diferente, algo separado, que o que é natural está ali e nós estamos aqui, em outro lugar. Mas isso não é verdade e correntes como a antroposofia, que te contamos aqui, e até o estoicismo, que também já te trouxemos, existem para nos lembrar desse fato constantemente.
A novidade agora é que há um estilo de exercício físico que se baseou justamente nos animais e seus movimentos para treinar todas as habilidades que o corpo tem em um só treino. É o treino U Natural, método criado por um brasileiro, Raphael Romano, filho do renomado Álvaro Romano, ambos educadores físicos.
Álvaro iniciou essa jornada há muitos anos com a Ginástica Natural, que trouxe o conceito de trabalhar com o peso do próprio corpo, sem a necessidade de aparelhos de musculação. Essa técnica ganhou muitos adeptos, sobretudo com lutadores de UFC, inclusive no exterior, desenvolvendo os movimentos a partir da necessidade dentro das lutas.
Essa Ginástica Natural foi a precursora do que hoje é a U Natural, mais focada em treinamentos para atletas e trazendo muitos movimentos relacionados aos dos animais que vivem na natureza.
Desenvolvida depois de muitas pesquisas, a metodologia busca treinar de forma completa o peso do corpo inteiro. Ela ainda trabalha todas as valências físicas de uma vez só: força, potência, mobilidade, flexibilidade e coordenação, além de técnicas de respiração também.
“Normalmente treinamos em tatames, reproduzindo o movimento dos animais como sapo, macaco, minhoca, etc. Por treinar todas as habilidades juntas e de forma tão diferente, a aula acaba sendo bem dinâmica, porque um exercício vai se juntando a outro sem pausa, é diferente de fazer 10 repetições de agachamento, por exemplo. Além disso, pessoas de todas as idades podem praticar”, explica a treinadora e terapeuta na academia Paraíso Ativo, Amanda Panisson Benazzi.
Os exercícios e sequências são desenvolvidos de forma específica para cada componente do método, de forma que todos possam ser mesclados e executados com o seu próprio peso corporal. Isso torna a sua prática completa e funcional. “A gente cria alguns combos pro aluno fazer e depois descansar e é possível dosar e adaptar para cada pessoa e necessidade”, explica Amanda.
Talvez seja por isso que atletas vêm se interessando cada vez mais pela técnica, especialmente alguns surfistas renomados como Filipe Toledo, que tem utilizado a metodologia na preparação para seus campeonatos. “Abriu esses caminhos para a galera do surf, do skate, que precisa muito dessa mobilidade, e agora já está pegando bastante a parte de campeonato e profissionalização”, diz Benazzi.
Sabemos que algumas pessoas têm mais dificuldade do que outras para se exercitar. Mas, um dos segredos do sucesso para iniciar a sua jornada nos exercícios físicos e realmente não largá-los é buscar aquele que funciona para você. A boa notícia é que há uma infinidade de opções por aí que subvertem a lógica do velho e estereotipado treino na academia: corrida, dança, boxe, entre muitos outros.
Foi nessa busca que Amanda acabou encontrando o U Natural. “Desde a minha formação na faculdade, as pessoas me procuravam para fazer atividade física. Só que era um público que normalmente já não gostava muito de se exercitar e que precisa de alguém o tempo todo em cima. Então eu fui buscando formas de estimulá-las, me perguntando ‘como eu vou fazer pra essa pessoa que não curte exercício físico aprender a gostar? Como vou fazer ela entender que isso vai deixá-la de bom humor e fazer bem para mente e corpo?’”.
Outra angústia de Amanda era desvincular a ideia de que exercitar-se só tem sentido se você possui um objetivo estético. “Lógico que isso faz parte também, mas isso é muito secundário, o principal é esse bem-estar que o exercício traz. Então eu comecei a buscar essa forma que faria com que eles encarassem as práticas de forma prazerosa e não como uma obrigação”, relembra.
Por isso mesmo, iniciativas como os esportes na areia que vem ganhando espaço na cidade são incentivados, porque trazem a atividade física de maneira lúdica e divertida, além de incentivarem a coletividade, o senso de equipe e as relações sociais.
“Todo esporte é muito bem-vindo na vida das pessoas, pois trazem motivação, autoconfiança, bom-humor. Esses novos também são uma forma de reunir os amigos para movimentar o corpo, não só para comer e beber. Só vale ressaltar que é importante respeitar seus limites, porque tem gente que nunca praticou nada e aí resolve no final de semana ficar várias horas praticando, o que pode gerar lesões ou outros problemas”, conclui ela.
Agora é sua vez de encontrar uma atividade física para chamar de sua!
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